quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Proclamação de Natal

 

Desceu do céu uma luz:

veio ao mundo anunciar

a chegada de Jesus,

que aqui veio nos salvar.

 

Venham juntos celebrar,

cantem hinos de louvor!

É tempo de se alegrar:

nasceu-nos o Salvador.

 

Nascimento tão feliz

trouxe ao mundo paz e amor.

Minh’alma a Deus bendiz

por Jesus nosso Senhor.

 

Glória a Deus lá nas alturas!

– Vamos todos proclamar. –

Que todas as criaturas

possam Jesus adorar.

 

Essa alegria sem igual,

que nos enche o coração,

 é a festa do Natal

que nos une como irmãos.


Luisa Garbazza

15-12-2121




segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Jesus, Maria e José

 


Como é intensa, nesta época do ano, o sentimento de ação de graças dos que temem o Senhor. Estamos vivenciando o tempo do Advento e esperando o Natal de nosso Senhor Jesus Cristo. Chegar ao fim de mais um ano, com o coração cheio de fé, louvando e agradecendo, é dádiva divina. O coração do cristão, mesmo em tempestades, está sempre em sintonia com o Criador, diante de quem se coloca em preces e em cantos de louvor e agradecimento.

Em 2021, ainda em tempos de pandemia, passamos por muitas provações. Mas, em se tratando de fé, contamos com um grande aliado nesta busca pela paz interior: São José. Vivenciar o “Ano de São José”, reunirmo-nos em oração todo dia 19, refletir sobre a vida desse santo tão especial, tudo isso proporcionou-nos um grande crescimento como cristãos católicos. Aprendemos com são José, a pensar antes de agir: ao saber da gravidez de Maria, ele silenciou-se e ficou só com seus pensamentos, suas dúvidas, sua dor. Aprendemos a confiar em Deus: ao ouvir – em sonho – as palavras do anjo, São José soube recebê-las com serenidade de espírito e acreditou. Receber Maria como esposa foi a maior demonstração de fé que ele pôde dar a Deus. Conhecendo a história, sabemos quanto foi difícil para ele a trajetória de pai adotivo de Jesus. Foram muitas idas e vindas, sofrimentos, renúncias, tudo suportado com paciência, tudo vivido com amor, com humildade e obediência ao Pai do Céu. Por seu exemplo de resiliência e confiança em Deus, mereceu um grande prêmio no fim de seus dias: dar o último suspiro segurando as mãos de Jesus e de Maria.

Como São José foi tão feliz na hora da morte, aprendamos a rezar como nossos avós rezavam: “Jesus, Maria e José, eu vos dou meu coração e minha alma. Jesus, Maria e José, assisti-me na última agonia. Jesus, Maria e José, descanse minha alma entre vós em paz. Amém.” Aprendi essa oração com minha mãe. Hoje, principalmente após viver este Ano de São José e conhecer melhor a profundidade da vivência de fé daquele homem, rezo-a sempre, pois o que mais almejo é ter minha alma descansando ao lado de Jesus, de Maria e do santo José, o carpinteiro, o trabalhador, o pai de família, o fiel esposo da doce e santa Maria.

O Ano de São José termina dia 8 de dezembro, mas, preparando-nos para o Natal, não podemos nos esquecer dos exemplos desse santo que tanto tem para nos ensinar. Assim como ele aceitou ser o pai de Jesus, cabe a nós aceitá-lo também como pai adotivo. Tenhamos a liberdade de pedir a São José que acompanhe nossos passos, que nos aconselhe nos momentos de dúvidas, de incertezas, nos momentos de falta de clareza na fé, que nos ensine as lições de humildade, de pertença a Deus e que interceda por nós.

Nessa alegria de receber São José como pai adotivo, peçamos a Deus a graça de imitá-lo e de buscar os dons que ele possuía. Aproximando-nos do Natal, lembremos suas virtudes. Homem justo, humilde, puro de coração, obediente, praticante da justiça, caridoso, fiel e, por tudo isso, homem de intimidade com Deus. Procuremos, também nós, praticar essas virtudes. Sejamos homens e mulheres de fé verdadeira e ativa, fé que nos leva a olhar para o irmão com olhar de amor e ver as necessidades de cada um, fé que nos leva a procurar os mais humildes e oferecer-lhes o que pudermos, mesmo que seja um momento de nossa vida para conversar com eles, mostrar-lhes que são os preferidos do Pai.

Então, querido irmão, querida irmã em Cristo, neste Natal, peçamos a Deus a graça de sermos capazes de seguir os passos de São José para que possamos nos aproximar de Jesus, na manjedoura, com o coração mais puro e a alma em paz. Para isso, rezemos a oração a São José, ensinada a nós pelo Papa Francisco:

Salve, guardião do Redentor e esposo da Virgem Maria! A vós, Deus confiou o seu Filho; em vós, Maria depositou a sua confiança; convosco, Cristo tornou-Se homem.

Ó Bem-aventurado José, mostrai-vos pai também para nós e guiai-nos no caminho da vida. Alcançai-nos graça, misericórdia e coragem, e defendei-nos de todo o mal. Amém.

luisagarbazza@hotmail.com

E assim, com essas palavras de esperança,

quero desejar a você, querido leitor, querida leitora,

um feliz e santo Natal.

domingo, 31 de outubro de 2021

Abastecer-se de Deus

 

Estamos vivendo um tempo de renovação, de redescoberta da vida, inclusive da vida religiosa. Por causa da pandemia, ficamos sem saber o que fazer ou o que poderíamos fazer sem colocar em risco nossa vida e a de outrem. A igreja tornou-se um lugar muito visado. Apesar do distanciamento, muitos fiéis, mesmo sem ser do grupo de risco, optaram por abandonar a “Casa de Deus”. Alguns passaram a acompanhar os ritos religiosos de casa, através das redes sociais. Outros, nem isso. Agora precisamos nos readaptar à vida religiosa participativa. Encontrarmo-nos com a comunidade de fé. Buscarmos o alimento espiritual necessário para bem vivermos nossa vida de cristãos. Afinal, é a partir daí que começamos a trilhar nosso caminho rumo à santidade.

Não basta, no entanto, frequentarmos a igreja. É preciso traçar caminhos, segundo os ensinamentos do grande Mestre, e por eles caminhar firme, sem desviar, sem buscar outros propósitos que não o da confiança ilimitada em Deus. Já sabemos que não é uma estrada fácil de ser transitada. Nela encontraremos pedras, que tentarão atrapalhar nossos passos; labirintos, que dificultarão nossa direção; sombras e escuridão, que nos atrapalharão a visibilidade. Também nos serão ofertados inúmeros prazeres, situações atrativas, que colocarão nossa fé em risco. Por isso é tão importante a vida de oração. É através da oração constante – e da participação na Missa e nos Sacramentos – que estaremos abastecidos de Deus e teremos forças para suportar os reveses da vida sem nos distanciarmos de Jesus: Caminho, Verdade e Vida.

 Exemplos de santidade

Para nos servir de guia, nesta trajetória da vida, temos o exemplo dos inúmeros santos e santas de Deus, homens e mulheres que se dedicaram a Deus e ao próximo, sofreram dores físicas e morais, foram levados ao martírio por causa de sua fé, mas não se deixaram esmorecer. No mês de novembro, mês em que se celebra o “Dia de todos os santos”, celebra-se particularmente muitos dos que alcançaram graças diante de Deus. Como exemplo, no dia 12, temos São Josafá Kuncewicz, que defendia com muita coragem a autoridade do papa como o verdadeiro representante de Cristo e o sucessor de Pedro na terra. Por isso foi espancado, torturado e morto. No dia 22, Santa Cecília, virgem e mártir, que cantava a Deus: Senhor, guardai sem manchas o meu corpo e minha alma, para que não seja confundida.  Dia 30, santo André, primeiro discípulo de Jesus, martirizado por continuar a obra do Mestre. E tantos outros.

A santidade acompanha o povo de Deus em toda sua existência. Todos nós somos chamados a ter uma vida santa. Na era moderna, muitos são os que se anularam por uma causa maior, como Madre Tereza de Calcutá e Irmã Dulce, duas santas mulheres que se dedicaram ao cuidado dos pobres, dos doentes, dos desvalidos. Nós, como paróquia sacramentina, acompanhamos a trajetória, rumo à santidade, do fundador Padre Júlio Maria De Lombaerde. Quem conhece a história desse homem de Deus, fica encantado pela fé grandiosa e pela disponibilidade em fazer o bem, servir os mais necessitados. Padre Júlio Maria abandonou tudo o que tinha e o que seria capaz de conquistar para se tornar padre missionário. Atravessou mares, desbravou florestas e matas, foi aonde o Senhor o chamou. Esqueceu-se de si e cuidou dos pobres, das crianças, dos jovens, dos velhos, das mulheres tão oprimidas. E, imitando o Mestre, fundou uma congregação em que ensinava o amor incondicional a Jesus Eucarístico e a Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento.

Pensando em santidade, sejamos firmes em nossa caminhada. É preciso seguir o exemplo do Padre Júlio Maria, aceitando a estrada do amor e sacrifício. E perseverar. Assim, um passo de cada vez, dia após dia, vamos nos aproximar do ideal proposto por Jesus e acreditar que possamos, um dia, glorificar a Deus ao entregarmos nossa vida.

luisagarbazza@hotmail.com

Luisa Garbazza

Novembro de 2021

Para minha mãe - in memoriam -, a mais santa que já conheci.


terça-feira, 5 de outubro de 2021

Nos caminhos da infância

 



Dos caminhos percorridos nesta vida, as trilhas mais bem vividas são as do tempo de criança. Cada passo dado, cada aprendizado, cada pegada deixada são traços de alegria, real ou magia, guardados na mente. Tempo de brincadeira, de tudo a vez primeira, de emoção verdadeira, que vai bordando a vida qual linha nas mãos da rendeira. As meadas se entrelaçam e, de ponto em ponto, formam corpo, mente, personalidade. É a infância, época de pureza, de ingenuidade, confiança plena, sentimentos que traduzem a essência da vida e moldam o caráter.

Em caminhos quase paralelos, a vida: um eterno aprendizado. A vivência da infância acompanha-nos por toda nossa existência. Quanto mais vivemos, mais buscamos o tempo áureo dos bordados, da época em que tudo se transformava em brincadeira, mesmo em tempos de vida difícil, quando poucos eram os recursos.

Há! A minha infância!... Eu a carrego comigo, guardadinha em meu coração. Cada meada de linha, cada ponto, cada novo bordado trazem as cores da minha meninice, permeada de escassez material, mas recheada de simplicidade e alegria. Vez ou outra, abro as gavetas do tempo e envolvo-me naqueles pensamentos. O último foi justamente a história de uma meada de linha...

 História de vida

Vejo-me na escola, na terceira série do Ensino Primário – hoje Ensino Fundamental. A professora, muito dedicada, criava formas diferentes e divertidas para atrair a atenção da meninada. A que mais me encantava era o momento de “Contação de História”, sempre de um jeito novo e em lugares diferentes. Certa vez, ela pediu que, no dia seguinte, cada aluno levasse um tapete para a aula. Saí da escola suspensa. Na precariedade da minha infância, mal sabia o que era um tapete. Em casa não havia um sequer. Consequência: cheguei à escola de mãos vazias. No momento mágico da história, a professora nos levou a um espaço reservado no pátio da escola e pediu que todos colocassem o tapete no chão e se sentassem. Ela fez o mesmo. Todos acomodados e eu em pé. Ela olhou a turma e pediu a uma aluna, que levara um tapete bem grande, que me deixasse sentar junto com ela. Permissão dada, aproximei-me timidamente. Não era um tapete comum, era um tapete grande, bonito, todo brilhante, tecido com fios dourados. Parecia o tapete mágico das histórias. Então me assentei, bem na beiradinha. Em minha mente ingênua de menina da roça, a imagem logo se formou: “São fios de ouro”! A voz da professora prendeu a atenção de todos. Menos a minha. Enquanto ela contava a história – na qual não conseguia me concentrar, vislumbrada com o tapete – comecei a puxar um dos “fios de ouro”, bem devagarinho, para que ninguém percebesse. Cada fala, um puxãozinho. Na mente fértil, cheia de imaginação, fui inventando maneiras de ostentar aquele cobiçado fio dourado. A história já estava quase chegando ao fim – e eu também quase realizando meu sonho de arrancar aquele fio – quando a menina percebeu e reportou tudo à professora. Repreendida, levantei-me depressa, vermelha de vergonha, e fiquei em pé até o fim da aula. O fio de ouro, ora inacessível, permaneceu apenas na minha imaginação.

Depois de tantos anos revivendo essa e outras lembranças, torna-se fácil constatar a presença das marcas deixadas por tudo que vivemos na infância, tanto as marcas que nos fazem sorrir quanto as que nos deixam entristecidos. Por isso, mesmo sabendo serem inevitáveis algumas marcas profundas, não tão felizes, precisamos nos atentar ao cuidado com as crianças. É preciso escolher as cores com cuidado, cortar as meadas na medida certa, fazer as aparas. Oferecer momentos de harmonia, encontro e magia, responsáveis por preencher de alegria os bordados da existência. Amar é cuidar.

Luisa Garbazza

Minha singela homenagem a você, criança!

Criança de corpo ou de alma, que brinca, vive, celebra.

Feliz Dia das Crianças! Deus abençoe.

E a todos os professores:

Feliz Dia dos professores!


sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Outubro - mês da maternidade

 


Outubro é mês de pura graça,

da alegria que chega, abraça,

de momentos carregados de saudade:

outubro é o mês da maternidade.

 

Nasceu o filho, o primeiro a chegar,

chegou de mansinho, veio me ensinar,

com seu rostinho tão lindo, seu candor,

a maior lição, a mais bela: o amor.

 

Amor dividido, alegria ao coração,

o segundo filho encheu-me de emoção.

É a capacidade de amar tomando forma,

sentimento puro que tudo transforma.

 

Senti da vida a cor, a leveza,

no rosto dos filhos, doçura, leveza.

Coração em paz, o amor proclama

nos versos de afeto que a alma declama.

 

Outubro é mês de agradecimento,

lembrar de cada filho o nascimento.

Dar graças à vida, celebrar o amor;

dar graças a Deus, nosso Pai Criador.


Luisa Garbazza

Em ação de graças a Deus pelos filhos lindos com os quais me presenteou – ambos nascidos em outubro.

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Somos um em Cristo


Queridos leitores, que Deus é bom o tempo todo todos nós já sabemos. É uma frase fácil de decorar, de repetir, de postar nas redes sociais. O que não é tão fácil é acreditar e confiar em seus dizeres quando estamos em situação de tristeza, de conflitos e desamor. Para nos animar na caminhada, no entanto, Deus nos mostra a bondade no coração das pessoas, aponta-nos os caminhos, oferece-nos possibilidades. Foi assim que se mostrou a nós na Semana da Família, vivenciada no mês de agosto.

Era segunda-feira, dia 9 de agosto. Estávamos reunidos, na Igreja Matriz, para o primeiro encontro da Semana da Família: “Famílias, na escola de São José, lugar do amor e do despertar vocacional” – tema sugerido pela diocese de Luz. Enquanto fazíamos os combinados, percebi a presença de dois garotos um pouco mais afastados. Estavam sozinhos. Aproximei-me e convidei-os para rezar conosco. Prontamente, responderam sim. Chamei-os para a frente; pedi ajuda com as velas. Era a reza do terço pelas famílias. Foi um momento gratificante. O brilho no olhar de cada um revelava a alegria de estar sendo útil e da satisfação em participar daquele momento de oração.

Após o terço, em um breve momento de conversa, pois a Missa estava prestes a começar, soube seus nomes – Ranihery e Pyettro – e que participavam dos encontros de formação para coroinhas na Paróquia São Vicente de Paulo. Convidei-os para voltarem nos outros dias. “Amanhã, acho que não vou poder, mas quarta-feira eu venho.” – disse Ranihery. Na terça-feira, no entanto, lá estavam eles, mais animados ainda, participando ativamente. E nos outros dias também. Pude inclusive conhecer os pais, que participaram de um dos encontros. Então? O que dizer dessa experiência?  Deus estava presente no meio de nós através daqueles pequenos, que se apresentaram de jeito simples e humilde, mas demonstraram a certeza de que deveriam dizer sim ao chamado divino.

 A Palavra na vida

Presenciar esses momentos, vivê-los, emocionar-me com eles, tudo isso fez-me relacioná-los ao “Mês da Bíblia” – celebrado em setembro. Em 2021, somos convidados a refletir através da Carta de São Paulo, dirigida aos Gálatas; e hoje, a nós. Paulo nos convida a assumir o Evangelho em nossa vida. É responsabilidade nossa, como cristãos, absorver a mensagem do Mestre Jesus e levá-la adiante. Jesus nos fala de amor e nos convida a sentir amor, a viver o amor, a ser amor. Ser amor é ver no outro a imagem de Cristo, sentir necessidade de cuidar do outro, seja quem for, venha de onde vier. É sentir amor pelos empobrecidos, pelos que levam uma vida desfavorecida. É sentir necessidade de ajudá-los a lutar por seus direitos, para que possam alcançar a dignidade como ser humano. É apresentar-lhes Jesus, aquele que deve ser o centro das nossas atenções.

É bem verdade que afirmar Jesus como Senhor, nestes tempos difíceis em que vivemos, não é uma tarefa fácil. Mas na época de São Paulo também não era. Eram considerados subversivos por apregoar o nome de alguém que viveu à margem da sociedade e ensinou um jeito novo de viver, que não condizia com os padrões vividos. Principalmente por abalar a autoridade dos poderosos.

Hoje ainda encontramos muitos desafios e obstáculos na missão de viver e anunciar o Evangelho. Mas é necessário enfrentá-los. Como nos ensina São Paulo, “Não existe outro Evangelho além do de Jesus”. Ele é o caminho. E nele precisamos seguir juntos, lado a lado, de mãos dadas. É em Jesus que precisamos nos espelhar para conseguir olhar o outro como irmão, convidá-lo para o nosso meio e entender que já não há diferença entre nós, “Pois todos vós sois um só em Cristo Jesus.” (Gl 3,28d).

Entremos nesta caminhada de fé com a certeza de que nunca estaremos sozinhos. Na caminhada da vida, seguindo o Mestre, há muito o que ser feito uns pelos outros. Abracemos essa corrente da solidariedade. Só como irmãos poderemos constatar, dia a dia, que Deus é realmente bom. O tempo todo.

luisagarbazza@hotmail.com

Luisa Garbazza
Jornal Paróquia N. Sra. do Bom Despacho

Setembro de 2021.

sábado, 4 de setembro de 2021

Setembro

 

Mês de alegria, de flores, de nova estação...

De renascimento.

Renasce a vida, renasce a esperança.

Renasce a fé e a gratidão.

Coração se abre em prece,

alegra-se e agradece...

Gratidão, ó Deus, pelo dom da minha vida.

Pelos dias vividos,

pelos sonhos construídos,

pelos planos feitos e pelos desfeitos.

Graças pelas realizações, pelas alegrias,

mas também pelas doses de tristeza,

companhia em alguns dias.

Graças pela fé que me move,

que me sustenta, me comove,

pois me orienta para vós.

Graças pelas boas pegadas

em meu passado deixadas:

caminho aberto para quem vier.

Graças pelas companhias de cada dia,

cada palavra, cada mão estendida,

quando, sozinha, não soube seguir.

Graças por mais esse presente,

pois minha alma agradece e sente

que ainda há muito a viver.

Feliz vida.

Luisa Garbazza

4 de setembro de 1960

Dia de aniversário



segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Ocaso da vida

 



Ocaso da vida

Sou flor efêmera, que, ao cair do dia,

recolhe as pétalas em triste agonia.

 

A queda da pétala me causa dor:

é vida que se esvai, perde seu vigor.

Do espírito pujante, forte clamor:

quer mais vida, quer paz, quer pleno esplendor.

 

Mas a flor se desfaz, em leve cadência,

qual meu suspiro no ocaso da existência.

 

Conservo comigo real alegria:

espalhei sorrisos, vivi o amor,

sou mais puro exemplo de resiliência.

 

                                               Luisa Garbazza


      Definição de poema JOTABÉ

A Rima Jotabé, ou apenas poemas Jotabé, são poemas compostos,

em sua forma básica, por 11 versos hendecassílabos (11 sílabas poéticas).

Os onze versos são divididos em 4 estrofes com o seguinte esquema de rimas:

A  A

B  B  B  B

C  C

A  B  C

sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Viver em família

 

Queridos leitores, já estamos em agosto, mês carregado de superstições e lendas. Agosto é considerado como o mês azarado, de maus agouros, de maior incidência de cachorro louco. Há os que se recusam a se casar em agosto com medo de ser infeliz no casamento. Pobre agosto! Pobre de quem assim o denomina! Preocupa-se com a hipótese de encontrar infelicidade e perde a chance de viver em harmonia com o tempo, seja ele qual for, pois o tempo também é obra divina.

Para nós, católicos, agosto é um mês rico em celebrações e espiritualidade. Em seu 15º dia, celebramos a Assunção de Nossa Senhora. Maria, a pura, a bem-aventurada, possuidora de um coração sem manchas, é elevada ao céu. São muitos os santos da Igreja celebrados neste mês, inclusive Santo Agostinho, doutor da Igreja, que tanto nos ensinou sobre Deus. Agosto é também o Mês Vocacional por excelência. Em se tratando de vocações, celebramos em agosto as vocações sacerdotais e religiosas, vocação para o matrimônio, as vocações leigas e, enaltecendo a necessidade de evangelização, a vocação para catequista.

Ainda falando de vocação, celebramos, no segundo domingo de agosto, o “Dia dos Pais”. Aproveitando essa data, a CNBB nos propõe a celebração da “Semana da Família e da vida”: tempo de oração, de comemoração, de fortalecimento dos vínculos familiares em casa, na igreja, na comunidade. Em comunhão com a Diocese de Luz, em 2021 vamos vivenciar essa semana a partir do tema: “Famílias, na escola de São José, lugar do amor e do despertar vocacional.” Oportunidade para refletirmos sobre São José, neste ano a ele dedicado, e aprender com ele a figura do bom pai, do autêntico filho de Deus – homem fiel e obediente –e do esposo dedicado que foi.

 Avante, família!

Ao celebrar a “Semana da família” e elevar a Deus nossa oração, temos muito a pedir! Vivemos tempos difíceis para nós cristãos, que queremos – e precisamos – educar nossos filhos para Deus. O mundo anda tão “coisificado”! Tão necessitado de Deus, que, às vezes, anda tão esquecido, ou até combatido. Os valores a nós oferecidos pelo Mestre Jesus – bondade, amor fraterno, perdão, educação, fé ... –, tão necessários para uma boa convivência, precisam ser ensinados e fortalecidos na família. É aí que tudo começa. É daí que sairão os cidadãos do amanhã. Um amanhã que está aí, diante de nós.

Meu caro leitor, olhemos para nós mesmos, para nossa vida em família. Nosso lar deve ser ambiente de amor, morada de Deus; lugar de boa convivência, de diálogo, de ajuda mútua. Nós, pais e mães, somos responsáveis por fazer florescer na família o bem e a paz. Precisa ser nosso o exemplo da boa convivência para nossos filhos. E o exemplo deles, consequentemente, vai refletir no meio em que vivem. Como diz o Papa Francisco: “O mundo não precisa de palavras vazias, mas de testemunhas convictas, artesãos da paz abertos ao diálogo sem exclusões nem manipulações”.

Portanto, querido irmão, querida irmã em Cristo, neste mês de agosto, e sempre, tomemos consciência de nossa missão na família e na vida em comunidade. Elevemos nossa voz e peçamos a Deus que nos ajude nessa tarefa de “amorizar” o mundo:

Dai-nos, Senhor, a graça de receber, de bom grado, as sementes lançadas por vós. A graça de preparar nossas famílias para que sejam terra fértil para abraçar as sementes, crescer na fé e na alegria e frutificar em boas obras. Concedei-nos, Senhor, a graça de aprender de São José as lições de humildade, de retidão, de fé e de confiança em vós. Ajudai-nos a formar famílias a exemplo da família de Nazaré: lugar de amor, de respeito, de escuta da Palavra, de passos largos nos caminhos traçados por vós, mesmo que sejam de dor e sofrimento. E, neste mundo tão autossuficiente, dai-nos, Senhor, a graça da comunhão, da partilha, da solidariedade, do amor. Vinde, Senhor, moldar o nosso coração e sede para nós e nossas famílias o único e verdadeiro farol a nos guiar os passos. Amém.

luisagarbazza@hotmail.com

Luisa Garbazza

Agosto de 2021


domingo, 25 de julho de 2021

Mais que avós (Republicação)

 


            O dia 26 de julho, dia de Santa Ana e São Joaquim, avós de Jesus, conforme consta na literatura, é dedicado aos avós, de maneira generalizada. Mas, nessa sociedade contemporânea que valoriza ao extremo o culto ao corpo, e ninguém quer envelhecer, é comum vermos avós de quarenta anos, ou até menos, que nem gostam dessa denominação. Por isso costumo pensar nesses santos representando os “velhinhos”.

As imagens que temos de Santa Ana e São Joaquim nos mostram um idoso casal, numa época em que os anciãos eram respeitados pela experiência de vida, pela sabedoria acumulada e transmitida de geração em geração. Os dois já estavam com idade avançada e ainda não tinham filhos, o que era motivo de vergonha entre os judeus. Mas a esperança e a fé em Deus foram mais fortes. Eles não desistiram e, apesar da idade, santa Ana ficou grávida de Maria. Benditos sejam!

Hoje a relação da sociedade com os idosos é bem diferente. Muitos não são cuidados como necessitam, nem amados, nem sequer ouvidos. Com uma valorização abaixo do merecimento, porém dignos de admiração, eles ficam ali, quietos, às vezes até “invisíveis”, com uma aura de nostalgia que a uns enleva e a outros incomoda. Por tudo que viveram e construíram, mesmo que em mínima escala, são merecedores de respeito e veneração. E precisam ser valorizados pelos que nos prestaram. Está tudo ali, assinalado no semblante, na fala cansada, na lentidão, no modo de andar e de agir.

O rosto estampa as marcas de toda uma vida. Em cada ruga, a vida se incumbiu de registrar as dificuldades vividas, os desafios vencidos ou contornados, os conflitos superados. No olhar, por vezes tão distante, pesado – fechando-se durante alguma conversa –, percebe-se a sabedoria adquirida dia a dia durante todos os anos da existência. Bem no fundo dos olhos, é visível a riqueza de pensamentos, de aprendizados e de vivência, disponíveis a qualquer um que se dispuser a ouvi-los. Mesmo que a voz não ajude muito, eles gostam de transmitir seus feitos. Ah!... As histórias dos velhos! Não há quem não aprenda com elas.

Os cabelos, grisalhos ou brancos, são sinais de muita peleja. Em cada fio de cabelo branco está gravada uma lembrança. Todas estão ali acumuladas. Aquelas que se traduziram em plena felicidade e ainda provocam risos e saudades imensas; as que machucaram profundamente e que de vez em quando voltam em forma de lágrimas silenciosas; e as que nem merecem ser lembradas, por serem insignificantes ou por terem sido superadas.

E as mãos? Qualquer olhar consegue perceber a debilidade em que se encontram. Hoje tão pouco requisitadas vão perdendo os movimentos. A pele fina, envelhecida, manchada; alguns dedos encurvados... São traços deixados pelo trabalho – às vezes duro, sob o sol escaldante –, pelas ações solidárias, pela luta na terra. Mas essas mãos, apesar de enfraquecidas, ainda querem ser úteis e estão sempre prontas para abençoar e se unir em oração. É a maneira mais concreta de permanecer em sintonia com Deus.

Aqueles pés fatigados, que andam pouco ou nem isso conseguem, carregam o peso da caminhada, da construção da própria vida, da luta pela sobrevivência, da formação da família, do apoio aos filhos e tantas outras trilhas paralelas que a vida foi lhes reservando.

Por tudo isso, eles precisam ser tratados com amor e ternura. Mais que leis estampadas em um estatuto, muitas vezes sem serem cumpridas, precisamos de práticas de amorização e respeito por essas pessoas que já fizeram tanto por nós e que já escreveram sua página na história da humanidade. Gostaria de que não fosse utopia o desejo de ver nossos idosos ocuparem um lugar privilegiado na sociedade, nas famílias e no coração das pessoas. Assim seria mais fácil conservar alguns valores que fazem tanta diferença na construção de um mundo mais justo, humano e cristão.

Luisa Garbazza 

Publicada originalmente em junho de 2012 

no Jornal Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho

Republicada por ocasião do Primeiro dia internacional dos avós e da pessoa  idosa (25-07-2021), instituído pelo Papa Francisco.

 

sexta-feira, 9 de julho de 2021

Sentimentos (Bodas de Crizo)

 

Na cadência da vida,

em que meus olhos se viram nos seus,

floresceram luz sonho e alegria

no brilho advindo dos olhos meus.

 

A vida tornou-se esperança:

na chegada, riso e euforia,

aconchego e segurança;

no encontro, sinestesia.

 

Da vida a roda suave

na qual feliz nos embalamos,

do destino tem a chave:

de dois, em quatro nos tornamos.

 

Nos caminhos que trilhamos,

de risos e lágrimas inevitáveis,

os planos e tudo com que sonhamos:

sentimentos duradouros e inefáveis.

 

Trinta e três anos de convivência

 fragilidade e fortaleza –,

de tudo em nós ficou a essência:

o amor, a maior certeza.

Luisa Garbazza

9 de julho de 2021

 


sábado, 3 de julho de 2021

Cristãos leigos e leigas

 


Prezados amigos, irmãos em Cristo, em sintonia com todos os cristãos, acompanhamos, no início do mês de junho, a 39ª Assembleia Geral Ordinária (AGO) do organismo do Povo de Deus na Igreja no Brasil. Cerca de 209 cristãos leigos e leigas de todo o Brasil, organizados pelo Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), participaram, de modo remoto, desse importante evento, que teve como tema: “Cristãos leigos e leigas em missão: respondendo aos novos desafios”.

O objetivo do encontro é incentivar a todos nós, cristãos leigos e leigas, a abraçar nossa missão na Igreja. Precisamos ter consciência de que também somos responsáveis – através do nosso sim, da doação do nosso trabalho, da nossa disponibilidade – por concretizar o apelo do Papa Francisco e ser presença no meio em que vivemos, ser Igreja “em saída”. Somos todos irmãos e irmãs em Cristo e, por isso, precisamos nos unir na luta de cada dia e viver a unidade na mesma fé e no mesmo Deus. É preciso caminhar, ter esperança em dias mais amenos, sem tanta desigualdade, lutando pela vida: nossa, de cada irmão e do planeta, nossa casa comum.

Pensando como paróquia, há muito a ser feito. Há espaço para todos, cada um com seus dons e carismas. Há espaço nas pastorais, grupos, serviços e movimentos, que existem única e exclusivamente para servir: a Deus e ao irmão. Para isso é preciso estar disponível, de corpo e alma, e cultivar uma vida de oração, alimento indispensável para a saúde espiritual.

 

Leigos a serviço

Na Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho, temos muitos leigos que reservam um pouco do seu tempo como doação para as coisas de Deus. Durante o ano todo, há muito trabalho a ser feito, mas, em algumas datas, o trabalho é mais intenso, como a Semana Santa, por exemplo. Tanto que algumas pessoas pensam que somos remunerados, conforme já fui abordada a respeito. Não sabem que a maior recompensa no trabalho gratuito é a graça de Deus.

Nesta crônica, no entanto, gostaria de abordar o trabalho da “Equipe do Cenáculo”, terminologia ensinada pelo Padre Antônio Otaviano. São as pessoas que cuidam do espaço celebrativo. Quem chega à igreja para as celebrações, não imagina o quão minucioso e cansativo é o trabalho feito nos bastidores. São muitas horas de doação, na alegria e na gratuidade, para ornar o espaço de acordo com o tema litúrgico. Além de embelezar a igreja, esses “arranjos” servem também para estimular nossa reflexão.

Muitas pessoas, em sua maioria mulheres, já passaram por essa equipe. Na lembrança, vêm-me as saudosas Elisa Mesquita e a Bárbara Silva. Entre nós, sem atuação, por causa da Covid, dona Aurora, dona Lúcia, Telma e outras. A dona Maria José, hoje já quase “aposentada”, dedicou a vida inteira a essa ocupação. Faz parte efetiva da história da paróquia.

Atualmente, à frente da “Equipe do Cenáculo”, temos a Adélia e a Maria Marta. Duas incansáveis na arte de ornar o espaço celebrativo. Quase todos os dias, lá estão elas, com suas habilidosas mãos, limpando, passando as toalhas dos altares, organizando flores, montando altares temáticos, oferecendo-nos belos motivos para nossos momentos de reflexão. São muitas horas de dedicação, de trabalho voluntário oferecido a Deus em prol de seus filhos e filhas. E tudo feito com esmero, com alegria e muito amor.

Tomara que o esforço dos leigos e leigas que se sentiram chamados a ocupar seus lugares nessa grande família, filhos de Deus, sirva de exemplo e motivação para outras pessoas experimentarem a satisfação de se pôr a serviço do outro, como o próprio Cristo nos ensinou: “Eu vim para servir e não para ser servido”. Assim podemos, todos nós, ir além e “sair para as veredas e encruzilhadas, como discípulos missionários”.

Luisa Garbazza

Julho de 2021

Publicação do jornal "Paróquia N. Sra. do Bom Despacho".



quinta-feira, 1 de julho de 2021

Harmonia

 Eu era um ser só.

Nas curvas do caminho, meus olhos encontraram outros olhos, e ali me vi inteira.

As mãos se entrelaçaram, e nos tornamos um.

Éramos dois seres, que, aos poucos, se sentiram sós, de alguma maneira.

E, nas voltas da vida, nós nos dividimos: uma, duas vezes.

Quatro seres unidos em um só amor, vivendo em um só compasso.

Era boa a convivência, grande o aprendizado, forte a essência.

Na cadência da vida, perseguidos pelo tempo, distanciamos os passos.

Os passos dos filhos marcando o próprio compasso.

À mercê do tempo, vivemos à espera do encontro.

...

E eis que chega o tempo certo da volta, do reencontro, da harmonia dos passos.

Filhos em casa! A família se abre à arte da convivência.

A casa cheia, o som das vozes que preenchem o espaço...

O calor do Bom dia!!! Há de ser de muita alegria!

A ternura do abraço, o amor demonstrado no beijo...

O tempo na cozinha – socorro à mãe de “asa” quebrada.

A prosa animada em torno à mesa: os planos feitos, os desfeitos, os sonhos...

O ajuntamento aconchegante no sofá para ver algo na televisão.

As intermináveis brincadeiras com a cachorrinha Kila – mascote da família.

Falas altas, o som das risadas, as lembranças dos tempos de então...

Cabeça da mãe, que encontra abrigo no ombro do filho.

A cabeça do filho no colo da mãe, enchendo a alma de emoção...

As noites longas, em que ninguém quer se recolher primeiro para não perder a conversa...

Tempo de prece ao Criador.

...

À mercê do tempo, chega o momento da despedida:

O abraço, que se faz laço e não quer ser desfeito...

As últimas falas – quase inúteis – para reafirmar o valor da presença.

O beijo...

O pedido de bênçãos...

O desejo de dias amenos, felizes...

O coração se preparando para as inevitáveis ausências.

A alma em Deus, que rege da vida a cadência. 

                                               Luisa Garbazza

1º de julho de 2021