Em
nossa caminhada de Igreja, alguns requisitos são necessários para nos aproximar
mais e mais de Cristo e conseguir alcançar aquele que deve ser o objetivo de
todo cristão: a santidade. Nesse propósito, em alguns momentos, achamos que
estamos muito próximos; em outros, sentimo-nos tão distantes! O importante, no
entanto, é a perseverança. Continuar nossos passos, firmemente, e não desistir
nunca.
Mesmo
nos esforçando para fazer o melhor nessa marcha da vida, às vezes, assistindo
ao exemplo de certas pessoas, somos surpreendidos por verdadeiras lições de
solidariedade. Recebi uma lição dessas por ocasião da Missa de Santo Antônio,
às doze horas do dia treze de junho, na Igreja Matriz. A crença no santo –
defensor dos pobres e fama de santo casamenteiro – e a tradição do pãozinho
bento fazem com que a igreja fique repleta de fiéis, de todos os cantos da
cidade.
Na
igreja, a movimentação começa cedo. Onze horas os fiéis começam a chegar. Do
lado esquerdo do altar, colocamos as caixas com os pãezinhos, doados por várias
pessoas, para a partilha no final da celebração. À frente do altar, alimentos,
também doados, que serão divididos em cestas básicas para os menos favorecidos.
Várias pessoas ainda anotavam seus pedidos ao santo. Outras entravam e seguiam
até o altarzinho onde estava a imagem para fazer o pedido pessoalmente. Ao
meio-dia, tudo pronto para a Santa Missa.
A
celebração já havia começado, quando vi entrar uma mulher: simples,
humildemente vestida – roupas velhas e um pouco amassadas –, cabelos
rusticamente presos, sapatos gastos. Entretanto ostentava, ao mesmo tempo, um
caminhar tranquilo em direção ao altar, um meio sorriso no rosto e certo
orgulho por sustentar nas mãos, dentro de uma sacolinha transparente, um litro
de óleo, que foi depositado juntamente com os alimentos que ali já se
encontravam. Depois se afastou e sentou-se na lateral do templo, para
participar daquele momento sagrado.
Aquele
gesto me tocou profundamente o coração e encheu-me de um sentimento misto de
ternura e vergonha: ternura por presenciar aquele gesto tão genuinamente
cristão; vergonha por ter me esquecido – como a grande maioria dos que ali
estavam – de levar algo para ser oferecido ao irmão carente.
A
lição que me foi dada por aquela mulher fez-me pensar na mesquinhez dos homens.
Em quanto somos egoístas, pensando tanto em nossos próprios problemas e
esquecendo-nos de nossos irmãos em Cristo. Também me trouxe à mente duas
lembranças: a primeira, um antigo ditado que diz “Ninguém é tão pobre que nada possa dar e ninguém é tão rico que não
precise receber.”; a segunda, aquela passagem do capítulo 21 do Evangelho
de São Lucas, que narra a história da viúva pobre que entrou no templo e
depositou apenas duas moedinhas de valor mínimo. Jesus, porém, disse aos
apóstolos: "Em verdade vos digo:
esta pobre viúva pôs mais do que os outros. Pois todos aqueles lançaram nas
ofertas de Deus o que lhes sobra; esta, porém, deu, da sua indigência, tudo o
que lhe restava para o sustento."
Tomara
possamos estar sempre em sintonia com Deus e uns com os outros, vivendo a
solidariedade no dia a dia. Sabemos que há muitos necessitando de ajuda. E
também nós precisamos do auxílio de outras pessoas para bem vivermos. Assim,
com a graça de Deus, poderemos nos sensibilizar com as dificuldades dos irmãos
e ajudá-los com o que estiver ao nosso alcance, mesmo que seja apenas o
equivalente a um litro de óleo.
Luisa Garbazza
Publicação do jornal "Paróquia N. Sra. do Bom Despacho"
Julho de 2017