sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Igreja em saída

Cristo veio ao mundo com uma missão específica: trazer a sua boa nova e pedir que ela seja anunciada a toda criatura. A boa nova por Ele apregoada tem como principal objetivo conscientizar as pessoas do direito à vida plena que todo ser humano possui: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância".
Mas o homem, ser imperfeito e com ideias egoístas, às vezes se esquece dessas palavras do Mestre Jesus. Então a humanidade vai sendo dividida de diversas maneiras, deixando milhões à margem da sociedade. A Igreja Católica, imbuída do dever de propagar a boa nova de Cristo, está sempre lutando contra atitudes que menosprezam o povo de Deus, qualquer que seja a razão. O Papa Francisco, que responde atualmente pela Igreja, está sempre pedindo que estejamos mais atentos ao irmão necessitado e sofredor, àquele discriminado, que, às vezes, fica sem condições até mesmo de frequentar a igreja. O papa pede uma “Igreja em saída”, que vai ao encontro do irmão e vê nele o rosto de Cristo.
Uma das formas que muitas paróquias adotam para atender a esse apelo do papa é o acolhimento das comunidades mais distantes com a celebração da Santa Missa nas casas. Aqui, na Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho, são várias as comunidades que têm esse privilégio. Por várias vezes, tive a oportunidade de acompanhar essas celebrações. São momentos de fraternidade e evangelização. A última de que participamos, o Flávio e eu, foi no Bairro de Fátima, na casa da dona Marta, na recém-criada Comunidade dos Pastorinhos, em referência a São Francisco e Santa Jacinta.
Chegamos à rua um pouco antes do horário e avistamos o celebrante, padre Mundinho, que também chegava naquele momento. Um ajuntamento de pessoas indicava o local da celebração. Fomos nos aproximando, fazendo parte da turma e cumprimentando as pessoas: umas do nosso convívio, outras que conhecemos de vista, a maioria desconhecida. Mas ali, reunidos em nome de Cristo, isso não faz a menor diferença, somos todos irmãos, filhos de Deus, reunidos pelo mesmo propósito: celebrar o sacrifício de Jesus. Estamos em família, portanto.
O ambiente para a celebração fora organizado na varanda da casa, bem ao lado da calçada. Já havia um bom número de pessoas, que se acomodaram nas cadeiras. Outras mais foram chegando e se ajeitando em pé, aqui e ali, onde dava para se acomodar. Algumas ficaram do lado de fora, paralelas ao muro que, por não ser tão alto, permitia a visão. Outras ainda ficaram em frente ao portão, de onde dava para ver o altar. Uma menina anotava os nomes para as intenções da Santa Missa. A equipe de canto, incluindo um sanfoneiro, estava a postos. O padre no altar indicava: tudo pronto para a celebração.
É aí que podemos perceber um verdadeiro milagre: aquela pequena varanda, que foi acolhendo cada um que chegava, agigantou-se e transformou-se em um belo templo. A pequena mesa, ornada com tanto carinho, é agora um lindo altar, pronto para receber o “Corpo de Cristo”. O espaço reduzido, forçando a proximidade das pessoas, fez-nos perceber o quanto somos iguais perante Deus. Com simplicidade, participamos dos ritos iniciais e da mesa da palavra, ouvimos a fala do Padre Mundinho, fizemos nossas preces e nos recolhemos, ainda mais, para a oração eucarística. Não foi difícil sentir que, naquele espaço ora sagrado, Jesus se fez presente e, com certeza, alegrou-se com a presença de tantas pessoas professando a fé no Deus vivo e verdadeiro. No final, um sorteio para ver qual família acolherá a comunidade em agosto, para a próxima celebração.
Muitas são as impressões que ficam: a generosidade de quem abre as portas de sua casa para acolher a comunidade; a beleza do encontro; a gratuidade dos olhares que acolhem e dos sorrisos que aprovam a presença; a mão estendida para cumprimentar quem chega; o companheirismo de quem sede o lugar para os mais velhos se acomodarem; a proximidade com o sacerdote, tão necessária ao pode carente de Deus; a confirmação da fé, nossa e dos irmãos; a certeza de que estamos no caminho certo.
Deus seja louvado através dessa “Igreja em saída” que se torna cada vez mais real em nossa paróquia.

Luisa Garbazza
Agosto de 2015
Publicação do jornal "Paróquia N. S. do Bom Despacho" 

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

“Tu és sacerdote para sempre”

A Igreja Católica reserva uma data especial para homenagear os sacerdotes: dia quatro de agosto é o Dia do Padre, homem escolhido por Deus para continuar a obra de Jesus: anunciar o evangelho a toda criatura. e o primeiro domingo de agosto, reservado às vocações sacerdotais.
Em seu tempo de missão, aqui na terra, Jesus quis contar com a ajuda de “homens de boa vontade” para ajudá-lo na difícil missão de humanizar o coração endurecido dos homens e fazer com que vivessem com um pouco mais de amor e misericórdia. Quando começou seu ministério, Jesus foi chamando aqueles que encontrava pelo caminho, conforme nos relata São Mateus: “Caminhando ao longo do mar da Galileia, viu dois irmãos: Simão (chamado Pedro) e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. E disse-lhes: Vinde após mim e vos farei pescadores de homens.” (Mt 4,18;19) E muitos foram os que ouviram esse chamado de Jesus e começaram a segui-lo.
Jesus, então, sentiu necessidade de escolher alguns daqueles homens para segui-lo mais de perto. Assim poderia instruí-los sobre sua verdadeira missão. Mas como escolher alguns entre tantos que o seguiam? Jesus rezou e pediu ajuda ao Pai para orientá-lo nessa escolha. Vejamos o que diz São Lucas: “Naqueles dias, Jesus retirou-se a uma montanha para rezar, e passou aí toda a noite orando a Deus. Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze dentre eles que chamou de apóstolos: Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro; André, seu irmão; Tiago, João, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Simão, chamado Zelador; Judas, irmão de Tiago; e Judas Iscariotes, aquele que foi o traidor.” (Lc 6,12-16)
Esses doze acompanharam o Mestre e ouviram suas palavras. Depois de ressuscitado, Jesus os enviou em missão pedindo que continuassem fazendo tudo o que aprenderam com ele: “Disse-lhes outra vez: A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós. Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos.” (Jo 20,21-23)
         Os escolhidos de Jesus foram os primeiros sacerdotes da história. Entretanto, a Pedro Jesus deu uma missão maior: ele foi seu principal representante entre nós, portanto, o primeiro papa: “Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu ele: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros.” (Jo 21,15) E ainda: “E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” (Mt 16,18)
         Hoje, muitos são os que ainda acreditam nas palavras de Jesus – “Vinde após mim e vos farei pescadores de homens” – e aceitam o convite para segui-lo mais de perto: são os nossos sacerdotes, homens que renunciam à própria vida para viver a vida de muitos e plantar sementes de amor, paz e misericórdia no meio de nós. São homens cheios da graça de Deus; homens consagrados para levar o nome de Jesus a todos os viventes, elevar seu nome nas alturas e proclamar: “Verdadeiramente este é o filho de Deus”.
Neste Dia do Padre, queremos homenagear nossos sacerdotes e deixar nosso carinho e nossa gratidão a cada um deles: Muito obrigada, queridos sacerdotes, pela presença efetiva no meio de nós, pois sabemos que nem sempre é fácil. Obrigada por amenizar nossas carências, nossa sede de Deus, pois, como representantes de Cristo, são o que temos de mais palpável, de mais próximo do divino.
Deus seja louvado em cada sacerdote que abraça a cruz de Jesus e a ela é fiel até o fim. Que seja abençoado pelo Pai, rico em misericórdia, todos os dias de sua vida.

Luisa Garbazza
Agosto de 2016

Publicação do Informativo Igreja Viva 
 Paróquia N. S. do Rosário