domingo, 29 de janeiro de 2017

Crônica de viagem

Paraty – passos na história


Janeiro de 2017: férias em Ubatuba, litoral de São Paulo – lugar de águas mornas que convidam a longos banhos de mar. Tão perto estávamos, não perdemos a oportunidade de visitar Paraty, uma cidadezinha histórica, no litoral do Rio de Janeiro, que mantém preservada sua riqueza arquitetônica. Na manhã do dia 19 de janeiro, uma quinta-feira nublada de verão, partimos rumo a um mergulho na história.
A primeira imagem, a alguns metros da cidade, perto de onde antes havia um farol, chamou a atenção pela grandiosidade e imponência com que se apresenta: um gigantesco bloco de pedra – um verdadeiro monumento. O olhar mais atento, que o acompanha até ao alto, depara com uma imagem ainda mais grandiosa: afixado bem em cima da pedra, um grande cruzeiro, em primeiro plano, tendo o céu como pano de fundo, impõe sua beleza e seu significado, apresentando as marcas da religiosidade.
Na cidade, o moderno e o antigo convivem lado a lado. Dividindo as duas realidades, uma grossa corrente, com aros grandes e fortes, faz-nos lembrar da força da mão de obra escrava e o rigor com que eram tratados os escravos, acorrentados, obrigados a serviços às vezes além de suas forças.
As ruazinhas estreitas – muitas – todas de pedras que parecem transpirar história, juntamente com o suor daqueles que, fatigados, num incansável ir e vir, se esmeravam no ofício de transportá-las e encaixá-las, facilitando o trânsito de veículos e das pessoas que por ali passavam.
Ladeando as ruas de pedras, o casario histórico, com suas portas e janelas estreitas, com suas sacadas protegidas por grades de ferros, e os lampiões que remontam os tempos de pouca luminosidade nas cidades. Olhando o casario, a impressão que temos é de estarmos fora da realidade, em um lugar de sonhos – o que não deixa de ser verdade.
Em algumas ruas, e também à beira mar, veem-se alguns pequenos canhões. Certamente, marca dos tempos longínquos na história em que Paraty era porta de saída do ouro extraído em terras mineiras.
Um espetáculo à parte – em grande número e com amplas praças e enormes gramados à frente, provavelmente onde se reuniam as pessoas em dias de missa ou festas religiosas – são as igrejas católicas do lugar: templos altos, imponentes em suas fachadas, guardam em seus interiores o resultado das mãos de verdadeiros artistas que arquitetaram e construíram imagens diversas e belíssimos altares que enchem nossos olhos e reforçam nossa fé. Bem no alto, no interior das torres, os sinos, que ainda tocam a marcação melódica que anuncia as horas ou chama para a missa. Um dos mais belos exemplos desses templos, erguida em honra à padroeira e que ostenta um belíssimo altar, é a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios. 

Continuamos o trajeto naquelas ruas estreitas, de pedras irregulares, cheias de poças de água da chuva, que nos obrigavam a dar passos mais atentos. As portas das casas, quase todas abertas, abrigam o comércio de artesanatos e outros artigos típicos da região. Em uma esquina, uma casa abrigava um evento curioso realizado pelo SESC: uma exposição de quadros com estampas bordadas à mão. Gosto, habilidade e esmero nas mãos que executam tão belas obras de arte.
Quando saímos da exposição, por volta das onze horas da manhã, e rumamos de volta para Ubatuba, a cena lá fora havia mudado: centenas de turistas haviam preenchido os espaços da pequena e bela Paraty. O burburinho das pessoas invadia as ruas e dava vida à história, que teima em permanecer intacta e atual.
Luisa Garbazza
29 de janeiro de 2017




domingo, 15 de janeiro de 2017

Saudação ao Padre Márcio

                                         

Vossa Excelência Reverendíssima Dom José Aristeu, nosso querido bispo diocesano, Reverendíssimos sacerdotes aqui presentes, seminaristas, religiosos, autoridades, queridos irmãos e irmãs em Cristo. Cumprimentando-os, peço licença para dirigir algumas palavras ao nosso novo Pároco, Padre Márcio Antônio Pacheco.
Prezado Padre Márcio
É com sincera alegria que a Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho – e a Diocese de Luz – o recebe como pároco nesta paróquia.
Sabemos que toda mudança gera sentimentos conflitantes. Com a mudança de pároco também. Há sentimentos diversos que a antecedem, tanto para o senhor, que ora chega, quanto para nós, que o recebemos. Há insegurança, apreensão, ansiedade, certo receio, mas há também carinho, expectativas novas, alegria e muitas esperanças. Há ainda a certeza de que, em tudo, a mão de Deus prevalece.
E é a Deus – e a Nossa Senhora: do Bom Despacho, do Santíssimo Sacramento, da Luz – que rezamos para que lhe conceda viver, cada vez mais, os ensinamentos de Jesus e, como o Bom Pastor, dar a vida por suas ovelhas.  Assim promoverá entre nós os belíssimos ideais do Servo de Deus Padre Júlio Maria De Lombaerd: o amor fraterno, a partilha, a devoção mariana, o estar sempre a serviço e a fé viva na presença real de Jesus na Eucaristia.
Pedimos também a Deus que qualquer sentimento conflitante que possa ter surgido com essa mudança possa ser ajustado pelo amor-caridade que nos aproxima de Deus. Estaremos então disponíveis e em unidade – comunidades, conselhos, pastorais, movimentos – um respeitando o espaço do outro, mas unidos no mesmo objetivo: engrandecer o nome de Deus através do crescimento social, espiritual e moral da paróquia.
Assim, queremos recebê-lo, Padre Márcio, de coração aberto, para acolher seu jeito de ser, e os braços estendidos para servi-lo em seus propósitos.
Que aqui o senhor possa viver, conviver, abrir caminhos de paz e de esperança, guiar-nos nos caminhos do amor, da oração e que, através das suas mãos ungidas, possa derramar as suas bênçãos em nosso meio, sobre cada um de nós.
Seja muito bem-vindo, Padre Márcio.
Luisa Garbazza
Secretária do CPE








domingo, 8 de janeiro de 2017

A melodia da vida


Dão!... Dão!...  Dão!...
Toca o sino da Matriz? Não. Toca o músico percussionista anunciando o Concerto Natalino, com a Banda de Música do 7º Batalhão de Polícia Militar, na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Bom Despacho.
O harmonioso som do “sino”, seguido pelo toque dos tambores, abriu o coração dos presentes para apreciar aquele momento cheio de vida e viver a energia e a suavidade que a música nos proporciona.
Músicas belas e bem escolhidas, executadas com maestria, encantaram-nos a todos. “Jesus, a alegria dos homens” – de Johann Sebastian Bach – estava entre as mais apreciadas. Ao toque de “Bate o sino, pequenino, sino de Belém” não houve quem não se entusiasmasse. A alegria tomou conta de todos: alguns balançavam o corpo, outros batiam palmas; houve os que agitavam as mãos no alto e os que não se contentaram só com a melodia e começaram a cantar. Quando o percussionista tocou novamente o “sino” anunciando “Noite feliz”, em um arranjo belíssimo, a emoção foi mais forte e o silêncio reinou. Mas foi o canto da “Ave Maria”, na voz de Sueli Gonzaga, que falou mais forte ao coração das pessoas. O som da orquestra e o canto – ao mesmo tempo forte, suave e envolvente – encheram os espaços do templo e transbordaram pelas portas invadindo a praça no entorno da igreja.
Ao meu lado, séria, com jeito de gente grande, uma menina, bem pequena – dois, três anos talvez –, com vestidinho rosa, sandália de lacinho preto, uma fita rosa no cabelo. De pé, em cima do banco, ouvia atentamente a apresentação, com os olhos fixos nos músicos. De vez em quando, ensaiava uma quebradinha de quadris. E, no final de cada apresentação, não lhe faltava entusiasmo para juntar as mãozinhas e aplaudir. É a música alcançando a todos, sem distinção; é a inocência deixando se envolver por acordes tão sublimes e intensos.
Vou ouvindo o concerto e pensando quão necessária é a música em nossa vida. Música que preenche os espaços vazios da existência, aqueles que não conseguimos preencher com palavras ou atos. Não há como ficar imune ou insensível aos acordes que nos chegam aos ouvidos. É belo, envolvente, suave... É divino!
Ao mesmo tempo, é música que transforma, alegra, realiza, faz a diferença na vida das pessoas. Aqui me lembro de outras apresentações feitas por essa mesma banda em outros momentos e em outros lugares: nas praças, nas festividades civis e militares, nos eventos religiosos... O que mais me encantou, no entanto, foram as apresentações que – infelizmente – acompanhei apenas pelas redes sociais: aquelas feitas nos hospitais. Com que emoção acompanhei a entrada dos músicos nas enfermarias da Santa Casa! Assisti ao vídeo, com lágrimas nos olhos, imaginando a reação das pessoas que ali estavam, acamadas, sem muitos motivos para se alegrar. Um gesto de intensa caridade que, com certeza, foi muito significativo, tanto para os enfermos quanto os acompanhantes. Que esses músicos sejam abençoados e perseverem nessa missão de levar conforto a quem precisa dessa forma tão edificante!

Demos graças a Deus por esse dom tão precioso com que ele presenteou o ser humano: o dom da música. Tomara ela possa ser usada apenas para a alegria, para o entrosamento entre os povos e, assim, engrandecer o nome do Criador e dispensador de todos os dons. A música é alimento para a alma, é a melodia da vida. Como bem o disse o Padre Antônio Otaviano, no final do concerto: “É imensurável! É sublime! Sobe aos Arcanjos de Deus.”

Luisa Garbazza

Publicação do Jornal 
Paróquia N. Sra. do Bom Despacho
Janeiro de 2017

sábado, 7 de janeiro de 2017

Ode ao novo ano


Tempo que se finda: qual baú de lembranças
do que nós vivemos e do que construímos.
Tudo que perdemos, tudo que não sentimos,
retorna agora como novas esperanças.


Um novo ciclo vem na aurora despontar
Trazer a este mundo renovado alento.
Há de nos proporcionar tal encantamento,
o novo ano que vemos principiar.


Que venha em forma de uma terna poesia,
traga momentos de paz, amor, temperanças.
Permita-nos simplicidades e bonanças,
conceda-nos vida plena com harmonia.


A mão do bom Deus permaneça à nossa frente,
e dos seus trilhos não nos deixe desviar.
Que nos seja permitido sorrir, sonhar,
viver a dignidade do tempo presente.


Bem-vindo aqui seja, ó prezado Ano novo!
Que dedicação se torne seu grande intento.
Ofereça-nos sucesso e contentamento,
 chegue e restaure a alegria deste povo.


Ó Ano novo, venha, entre nessa dança!
Só as coisas boas queira nos ensinar,
pois o nosso caminho queremos trilhar,
e, sem desistir, seguir com perseverança.


Há profecia para se concretizar:
Que seja este um ano por demais fecundo.
Então profiro meu desejo mais profundo:

Deixemos este bom Ano novo passar.

Luisa Garbazza

Publicação do Informativo Igreja Viva
Paróquia N. Sra. do Rosário
Janeiro de 2017.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Cálice sagrado


Um cálice prateado,
tão finamente bordado,
sutilmente colocado
na alvura deste altar.

Um cálice contemplado,
com os apóstolos ornado,
por mãos castas levantado,
seguido por meu olhar.

Este cálice sagrado,
com o vinho derramado,
que em sangue foi transformado:
mistério a meditar.

Cálice abençoado,
por mãos sagradas tocado,
e o sangue que foi tomado
vem redimir e salvar.

Com o cálice elevado,
por todos admirado,
o filho de Deus amado,
           para sempre exaltar.         

Luisa Garbazza 
3 de janeiro de 2017

Essa é em homenagem ao Pe. Mundinho, que teve a gentileza de levar esse cálice - que muito me encantou - para a missa de envio.
Obrigada, Pe. Mundinho!