A luz da fé nos mostra que não estamos sozinhos
neste mundo. Existe um Deus, que tudo criou e tudo governa. Como seres humanos,
igualmente criados por Deus, somos dotados de corpo e alma. O corpo, perecível,
veio do pó e ao pó voltará. Ao contrário, a alma veio de Deus e a Ele
retornará. Para obtermos a graça de vermos nossa alma retornar ao Pai, contamos
com a presença de Jesus, o filho de Deus, que veio à terra com uma missão
específica: a salvação da humanidade.
Nós, que nascemos e fomos criados em uma família
cristã, crescemos acreditando em Jesus. A minha vida inteira, cada época de uma
forma diferente, recebi estímulos para aumentar a minha fé no Filho de Deus: as
orações que aprendi desde pequena, ensinadas por minha mãezinha, músicas
variadas, encontros de formação, filmes religiosos, imagens. Em cada
experiência dessas, vivenciei, e ainda vivencio, maneiras diferentes de
retratar a vida do chamado “Mestre”.
Como não há descrição histórica, ora vejo Jesus
silencioso, que só diz o que está citado na Bíblia, ora um Jesus falante, que
conversa com todos. Às vezes Jesus é alegre, ri, brinca com os discípulos;
outras vezes, sério, sem nenhuma expressão de alegria. E há tantas imagens e
estampas diferentes! Há Jesus branco, moreno ou negro; de cabelos longos ou
curtos; de olhos pretos, castanhos ou azuis; barba longa ou comprida. Então
fico às vezes pensativa, olhando uma ou outra imagem, assistindo a um ou outro
filme, e vem-me a indagação: Na verdade, quem é Jesus? Como é esse homem-Deus
que tanto nos fascina? Qual será sua verdadeira face?
Presença de
Jesus
Em meus momentos de reflexão e ação de graças,
principalmente durante a missa, após a comunhão, às vezes sinto a presença de
Jesus se aproximando, lentamente, e tocando-me a cabeça com as duas mãos. Não
consigo, no entanto, visualizar com nitidez suas feições. A única certeza é a
veste comprida e alva e o olhar de uma serenidade sem igual. Assim, a partir de
todos esses anos de vivência cristã e através desses momentos de “encontro
pessoal”, vou formando a minha imagem, vou traduzindo para mim mesma como é
Jesus.
Em minhas meditações, Jesus é um homem alto e
moreno. O corpo esguio, um pouco magro, mostra uma silhueta perfeita e
harmoniosa. Seus cabelos castanhos, não muito compridos, pendem ondulados em
seus largos ombros, combinando com as barbas longas e os olhos, também
castanhos. A veste, sempre muito limpa, de uma brancura incomparável. É, com
certeza, alguém de uma beleza diferente, que nos hipnotiza, que nos impulsiona
à contemplação.
Contemplando Jesus, vejo seu semblante sereno.
Lança-me um olhar profundo e penetrante que me vê através dos olhos, penetra-me
a alma. A boca conserva um meio sorriso que aviva sua face, deixando
transparecer sua divindade. Seus passos são calmos, porém firmes. Quando
precisa, sabe onde pisa, conhece o caminho sem vacilar. Os braços longos
balançam levemente acompanhando a cadência dos passos. Quando se aproxima de
mim, inconscientemente, abaixo a cabeça, sentindo uma onda invisível
envolver-me o corpo por inteiro, como um manto. E experimento o peso de suas
mãos, que pousam sobre minha cabeça e faz-me perceber que Ele é tudo, e nada
mais tem importância.
Sei que saber ao certo como é Jesus, não é
primordial para nossa fé, mas é interessante fazermos essa indagação,
procurarmos compreender essa presença entre nós. É importante esse encontro
pessoal com Jesus, saber que Ele está sempre disposto a caminhar em nossa
direção, conhecer nossos anseios, ouvir nossa prece, consolar-nos nos momentos
de sofrimento, enxugar nossas lágrimas. Mas também participa de nossos momentos
de alegria, quer rir conosco, ouvir nossas histórias de superação, ouvir nossa
oração de ação de graças.
Por isso, seja nos momentos de alegria, ou nas
horas de tristeza, tenhamos em mente a imagem de Jesus e peçamos, sem vacilar:
Fica conosco, Senhor!
Luisa
Garbazza
Julho de 2020.