Vivemos
janeiro em clima de férias e euforia com a chegada de um novo ano. Depois, os
meses vão se arrastando, um a um, cada qual com suas particularidades. Mas, é
só entrar o último mês que o tempo vai se adiantando. É inexplicável como
dezembro passa tão rapidamente! Quando percebemos outro ano já está batendo em
nossa porta.
É
tempo, então, de olharmos para trás e avaliarmos o que colhemos de bom. Quais
projetos obtiveram êxito. Que planos foram bem realizados. Assim que tudo foi
colocado na balança, a mente começa a se esvaziar do passado e, no ímpeto do
agora, se refaz em planos para um amanhã bem próximo.
Essa
cena se repete incansavelmente na sucessão dos anos. Alguns chegam até a
registrar listas do que almejam conquistar no ano vindouro. No entanto, às
vezes, tudo não passa de euforia de momento. Muitos desses sonhos nunca são
concretizados; ficam apenas guardados nas gavetas abstratas do inconsciente.
Nessa
passagem de ano, meu sonho mais profundo é que cada pessoa pudesse tomar para
si esta frase bíblica: “Eis que faço novas todas as coisas”. Com essa
aspiração, quem sabe, o mundo tomaria outro rumo e as pessoas viveriam mais
felizes.
Eis
que novo seria nosso relacionamento com a mãe natureza. Entenderíamos que ela é
que nos sustenta, nos dá o alimento do dia a dia, o abrigo para o corpo, o ar
que respiramos, o sol que nos aquece e as maravilhas que descansam nossas
vistas e nutrem nossas emoções.
Novo
seria o jeito de os pais olharem os filhos. A família resgataria tantos valores
que, para dar lugar à modernidade e a globalização, foram esquecidos e
descartados. O lar voltaria a ser lugar de encontro, de histórias, de alegrias
– e, às vezes, tristezas –, de união e ajuda mútua, de amizade e muito amor.
Haveria mais respeito, consideração, carinho. “Onde todos são por um e um por todos.”
Consequentemente, novo também seria o modo como os filhos olhariam os pais.
Mudaríamos
a maneira de tratar nossos semelhantes. Veríamos cada um, realmente como filho
de Deus, irmão nosso, portanto, digno da mais pura estima. Que se concretizasse
a máxima do “Amai ao próximo como a ti mesmo”. Assim veríamos o amor se
espalhar rapidamente entre as pessoas, na comunidade, nas paróquias e em todos
os ambientes. Formaríamos uma verdadeira corrente sensibilizando cada ser
humano e contagiando os corações. Poderíamos, então, sair às ruas
tranquilamente, conversar com todas as pessoas sem reservas nem desconfianças.
O outro representaria sempre meu irmão e jamais alguém que se desviou dos
padrões morais e anda pelo mundo pensando em prejudicar os que cruzarem seu
caminho. O bom-dia seria mais sincero e o sorriso, sempre franco e amigo.
Infinitamente
novo iria se tornar o comportamento dos que detêm o poder. Nessa visão de mundo
eles seriam pessoas conscientes de seus deveres de representantes do povo.
Saberiam administrar o dinheiro público com mais honestidade, sem ambição
desmedida. Ninguém enriqueceria sozinho e todos seriam tratados como cidadãos
em igualdade de condições. Seria o fim da miséria absoluta, do abandono, da
falta de saúde e educação.
Esses
desejos podem ser taxados de utópicos, mas é o que peço a Jesus neste início de
ano, pois sei que é também o projeto do Pai. Se tivéssemos um pouco mais de
simplicidade, boa vontade e fé em Deus, não haveria tantas diferenças, tantos
conflitos, tantas guerras. Nessa direção
seria mais fácil concretizar esse sonho. Assim, a emoção e a sensibilidade tão
difundida na época do Natal não morreriam depois das festas, e sim,
multiplicariam e perdurariam por todo o ano.
Luisa
Garbazza
20 de dezembro de 2012
Publicado no jornal "Paróquia" - da Paróquia Nossa Senhora de Bo Despacho
Janeiro de 2013