quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Ano novo! Vida nova?

O calendário estampa o trinta de dezembro.
Entristecido, vai se despedindo das paredes.
É chegada a hora da renovação:
roupa nova, expectativas novas, novos sonhos...
Ano novo!
Do ano que chega ao fim, ficam as lembranças:
alegrias pelas conquistas e realizações;
tristezas pelos fracassos;
 cobrança pelos propósitos não cumpridos;
melancolia por algum sentimento mal resolvido;
saudade de alguém que partiu e está distante;
saudade doída de quem partiu para a eternidade.
Entretanto, a alma se renova.
A vida se renova.
Os pensamentos são todos projetados para o futuro:
 – Em 2016 eu vou...
São tantas as aspirações que preenchem essas reticências!
...
Na magia das festas, a sensibilidade do coração.
Nos encontros e reencontros, a completude do momento.
Nos abraços, o desejo que contagia:
– Feliz ano novo!!!
E no Ano-novo, quando as luzes enfeitam o céu, as pessoas se unem na mesma emoção.
Nesse instante, em que o ano velho vira as costas,  contemplando o que foi vivido e o novo ano saúda o tempo futuro, muitos desejos se unificam:
Que seja um ano de muita paz!
Que haja mais fraternidade entre os povos!
Que possamos viver em harmonia!
Que não haja tristeza e sinal de abandono no olhar de nenhuma criança!
Que saibamos aproveitar a sabedoria de quem muito viveu!
E que cada dia seja uma oportunidade para colocarmos em prática o projeto do Salvador: “Que todos tenham vida em abundância.”
Luisa Garbazza
30 de dezembro de 2015



domingo, 20 de dezembro de 2015

Natal - Festa do coração


Início de mais um ano litúrgico.
Estamos vivendo, mais uma vez, o tempo do Advento: tempo de espera e preparação para a chegada de Jesus Salvador.
Todos os olhares se voltam para os símbolos que marcam essa data, às vezes tão contraditória!
De um lado, deparamo-nos com uma sociedade consumista e materialista. Ali os olhares se voltam para o brilho ofuscante das luzes; para as lojas repletas de pessoas disputando o melhor presente; para as festas, cada vez mais sofisticadas; para o barulho que preenche o ambiente.
Do outro lado, buscando o real sentido do Natal, nossos olhares – e todo o nosso ser – se voltam para a Coroa do Advento que compõe o cenário de nossas igrejas; para as leituras que nos levam a meditar e a preparar o coração para a chegada de Jesus; para a simplicidade dos presépios que vão sendo montados nos templos; para a alegria verdadeira que preenche o corpo, penetra na alma e serena o Espírito.
Duas realidades extremas, que deveriam ser olhadas com os mesmos olhos: a mesma simplicidade de coração que norteia nossas atitudes e sentimentos para esperar o Menino Jesus deveria marcar também nossa vida em sociedade.
De que adianta passar momentos de espiritualidade na igreja e não tomarmos consciência do irmão que está ao nosso lado, carente de afeto e de pão?
De que adianta abrir os olhos para Jesus Eucarístico em nossos altares e fechá-los para Jesus presente no irmão necessitado, nas pessoas tristes, solitárias, sem esperança?
Da mesma forma, de que adianta um Natal de pompas, de muito brilho, presentes e mesas fartas, se a alma está vazia, e o coração, incapaz de perceber as misérias de tantos irmãos que sequer tem um pedaço de pão para comer.
De que adianta fazer dessa data um dia de muita festa e esquecer-se do nascimento do Filho de Deus?
Quisera eu, Senhor!
Quisera que o Natal acontecesse, verdadeiramente, no coração de cada ser humano, em todos os cantos do planeta.
Quisera eu que houvesse mais flores na alma de cada pessoa, para embelezar a vida e provocar risos de paz e de alegria.
Quisera que o Natal, mais que um dia de festa, fosse o prenúncio de uma era de paz e harmonia entre todos os seres vivos e a casa-mãe que nos acolhe.
Que a chegada do Menino Deus nos motivasse a viver – um pouco mais a cada dia – a mensagem que Ele veio trazer ao mundo: mensagem de fé, esperança e caridade.

Assim, com a alma leve e o coração transbordando amor, poderemos dizer com sinceridade e convicção: “Feliz Natal, meu irmão!” “Feliz Natal, minha irmã!”
Luisa Garbazza
Publicação do Informativo Igreja Viva 
 Paróquia Nossa Senhora do Rosário - dez. 2015




terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Estranhezas do século XXI

Estamos em pleno século XXI: era da modernidade, da pressa absoluta, do mundo virtual. As pessoas não ficam mais sozinhas. Olho para elas nas ruas, nos bares, nas festas. Nunca estão sozinhas. Mas não estão sozinhas porque estão umas com as outras. Estão, sim, em companhia de sua excelência: seus celulares. Ou similares. Cada um ostentando seu aparelho, contando vantagens, querendo ser superior ao outro.
Bom! Isso já não causa tanta estranheza assim. Já está até dentro da normalidade. Seja novo ou velho, criança ou adulto, rico ou pobre, o produto de primeira necessidade é o celular. O que sempre causa estranheza às pessoas é a minha aversão por celulares – esse vírus que contamina, cada vez mais, a sociedade moderna. Não suporto a tal companhia. Chego a sentir certa fobia da coisa.
Andando pelas ruas, constrange-me ouvir assuntos que vêm saltando pelos ares, normalmente numa voz mais alta que o necessário, talvez para mostrar que também está em sintonia com essa era pós-moderna: “Não! Eu falei com a professora dela que eu não queria ela sentada perto daquele menino!” “Sabe quanto ele recebeu quando saiu de lá? Você nem vai acreditar?” “Ele saiu com aquela maldita ontem. Nem sei o que vai acontecer agora.”
Outro dia, passei perto de uma mulher que estava limpando a calçada. Cumprimentei-a, por educação, e passei adiante. Ouvi então ela dizendo: “Você sabe o que está acontecendo lá embaixo?” Virei no mesmo instante para dar atenção a ela. Vi que continuava varrendo a calçada, de costas para mim. Percebi que o celular estava no bolso, e um fiozinho tênue, passado pelo pescoço, sustentava um fone de ouvido e um pequeno alto-falante. O interlocutor era outro. Segui adiante indignada.
E aqueles que levam para a igreja ou salão de palestras e atendem os celulares ali mesmo, sem quaisquer constrangimentos? ”Alô! Oi! Estou no Salão São Vicente. Não. Tô numa palestra.” E nas pizzarias? Várias pessoas ao redor da mesa. Aparentemente, estão juntas. Em instantes, cada um começa a manusear seu celular. Estão em mundos diferentes. Melhor seria nem sair de casa.
Todas essas situações causam-me um desconforto imenso. Sou dessas pessoas mais reservadas. Não me imagino conversando e sendo ouvida por desconhecidos, estranhos, transeuntes. Não consigo absorver essas situações. Apesar disso, habituei-me, com certo grau de reserva, a ouvir frases soltas, pedaços de histórias, reclamações, xingamentos e outras falas, mas, algumas vezes, a situação foge ao meu controle.
Hoje, acompanhando meu filho a um consultório dentário para extração dos sisos, passei por uma situação bem irritante: Assim que entramos no consultório, logo após a secretária, entrou atrás de nós uma mulher. Regulava idade com a minha. Mal se sentou, pegou o celular e começou a falar. Entendemos que fosse com a irmã. No entanto não falava normalmente. Era uma fala alta, com uma voz forte que enchia a pequena sala. Em poucos minutos, o médico chegou e meu filho foi atendido. Fiquei só naquela sala com a tal mulher. O tempo passava e ela não parava um só minuto. Falava da mãe, dos sobrinhos, dos cunhados, dos problemas de família, das traquinagens dos meninos, das fofocas, da ceia de Natal – onde vai ser, quem vai organizar, quem não gosta de participar – o que pode ser falado com todos, o que deve ser “abafado”... E a lista é enorme.
Com um pouco de dor de cabeça, não consegui permanecer ali. Retirei-me com ares de enfado, andei pelo corredor e sentei-me na escada, do lado oposto ao consultório. Mesmo assim, ainda era possível ouvir o som de sua voz. Mas pelo menos não dava para entender seus assuntos. Particulares?

Por isso, prefiro não me deixar escravizar. Enquanto a situação me permitir, serei livre.
Luisa Garbazza
15 de dezembro de 2015

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Tu nos ensinaste, Senhor Jesus!

Senhor Jesus, tua vinda ao mundo foi parte de um grande projeto do amor de Deus Pai aos homens: vieste para ensinar.
Ao longo de tua vida, ao lado de Maria e José, ensinaste a obediência, a harmonia da vida em família, a simplicidade e, acima de tudo, o amor.
Nos três anos de tua vida pública, Jesus, Tu nos ensinaste tanto!
Ensinaste-nos a não atropelar as coisas, querendo que tudo aconteça no nosso momento; devemos, sim, esperar o tempo de Deus, quanto for preciso. Também nos ensinaste a elevar o pensamento e rezar sempre, principalmente nos momentos em que temos dificuldade em entender os desígnios de Deus. 
Instruíste-nos a ajudar os mais fracos, os doentes e oprimidos, como Tu mesmo ajudaste os leprosos, os aleijados, as viúvas.
Em teu encontro com a mulher pecadora, ensinaste-nos a dar o perdão em abundância, quantas vezes forem necessárias. Ao escolher os doze apóstolos, ensinaste-nos a viver em comunidade, respeitar as diferenças e cultivar o mesmo ideal de fé: o amor a Deus.
Nas horas de aflição, Senhor Jesus, teu ensinamento nos conduz a confiar plenamente na providência divina e aceitar a vontade de Deus. Apesar de nem sempre compreendê-la.
E, acima de tudo, ensinaste-nos a arte de amar. Amar sem medidas, sem motivos aparentes, sem interesses; amar a todos, sem distinção, com pureza de alma e gratuidade, simplesmente por amar.
Mas...
Tu não nos ensinaste, Jesus, a olhar à nossa volta e ver tanta maldade no coração das pessoas! A ver tanta desigualdade social: alguns morrem de fome; muitos enfrentam uma luta diária e árdua para sobreviver com um mínimo de dignidade; outros, alheios às necessidades da maioria, esbanjam o muito que possuem.
Tu, Senhor, não nos instruíste a entender alguns sentimentos e atitudes do ser humano, que tanto atrapalham a fraternal convivência, como o ódio e a ganância, o desprezo e a indiferença, o orgulho e a vaidade desmedida.
Também não aprendemos contigo a conviver com a guerra, quer seja civil, política ou religiosa. Como entender essa disputa desenfreada por bens que deveriam ser de todos? Povo contra povo, nação contra nação, pessoas que se autodestroem para extinguir o outro. Como dormir em paz depois de assistir ao noticiário e ver os ataques em várias partes do mundo? Bombas destroem o planeta e atingem pessoas inocentes, que, sem culpa nem conhecimento, têm suas vidas ceifadas precocemente. Sangue e destruição, choro e desespero, tristeza e desesperança.
Como, Senhor Jesus, encerrar, com a Igreja do Brasil, o Ano da Paz e olhar o mundo em guerra? Quão tristonho paradoxo! Necessitamos tanto de tua paz!
Como nos preparar para a tua chegada, no Natal, sabendo que tantas famílias estão em luto ou perderam tudo que tinham? É desalentador!
Ensina-nos, Jesus! Ensina-nos a conviver como irmãos.
E dá-nos a graça de nunca duvidar de Ti. A graça de acreditar que tua misericórdia há de alcançar cada irmão desamparado. A certeza de que o amor que ensinaste é mais forte que tudo e sempre será o maior mandamento para quem almeja a paz, a justiça e a santidade.

Amém.
Luisa Garbazza

Publicação do Jornal "PARÓQUIA" - da Paróquia N. S. do Bom Despacho. Dezembro de 2015