quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Uma certa árvore de natal


Mamãe
Esta árvore é em sua homenagem. 
Foi feita nos moldes de certa árvore que a senhora fez na minha infância e nunca mais saiu da minha mente: uma árvore grande, que encheu a casa de beleza e nosso coração de sonhos. Os enfeites todos feitos por suas próprias mãos, entre eles os balões e as flores belíssimas, feitos de papel.
Talvez por isso mesmo tenha sido tão especial.
Tentei reproduzi-la.
Sei que não ficou igual, nem me lembro dos detalhes...
A sua, mamãe, com certeza, ficou muito, muito mais linda. E divina! Sim, pois foram feitas por alguém que tinha mãos de fada, possuía um coração de anjo e alma de santa.
Inigualável.
Mesmo assim eu a ofereço à senhora.
Aprendi a fazer os balões que a senhora fazia e que, na época, por causa da pouca idade, não aprendi a fazer. 
Foram horas de trabalho para montá-la. Mas aproveitei cada momento, pois parecia que a senhora estava ali comigo, em cada dobradura, em cada esforço para cortar a árvore e moldar os galhos, em cada objeto ali pendurado.
Quisera eu voltar no tempo, ver-me debaixo daquela árvore e tê-la ao meu lado, com seu sorriso lindo e seu olhar sereno que tanto me acalmava.
Obrigada, mamãe!
Obrigada por ter me deixado essa lembrança.
Olho para a minha árvore e vejo a senhora. Sinto o coração cheio de amor.
Sei que, de alguma forma, a senhora está aqui comigo.
A sua bênção, minha mãe.
Feliz Natal!
Luisa Garbazza
13-12-2018







domingo, 9 de dezembro de 2018

Homenagem ao Padre Jayme


60 anos de sacerdócio
8 de dezembro de 2018

Relembremos neste dia,
com amor e emoção,
o menino que partia,
deste pequeno rincão,
com o Padre Júlio Maria,
que o levou pela mão.

Depois de horas seguindo,
no trem que o transportava,
de Bom Despacho advindo
a Manhumirim chegava
e foi-se então sucumbindo
à vida que ali buscava.

Foi então orientado,
muito estudo e formação,
com o peito apertado,
saudade no coração.
Tudo ali foi suportado,
pois era sua missão.

Chegando o dia marcado,
tudo se realizou:
num momento abençoado,
Jayme padre se tornou.
Havia só começado
a missão que abraçou.

Andou por tantos lugares
para evangelizar,
pregou em tantos altares
para o bom Deus exaltar,
mesmo com muitos pesares,
a fé soube preservar.

A Bom Despacho tornou,
trabalhando com alegria,
jovens evangelizou
e de muitos foi o guia,
a todos presenteou
com a presença de Maria.

Nesta data alvissareira,
sessenta anos vividos,
nesta terra hospitaleira,
é por todos bem querido.
Esta cidade inteira
hoje o quer aplaudido.

Padre Jayme, que alegria
esta data celebrar.
Nesta noite de magia,
com o senhor festejar,
e com amizade sadia
o queremos abraçar.

 

2 de maio de 2022

Padre Jayme se despediu

deste mundo com leveza.

Toda gente o aplaudiu

sentindo imensa tristeza,

mas, em vida, garantiu

da vida em Cristo a certeza.


                                                              Luisa Garbazza
 



domingo, 2 de dezembro de 2018

A força do amor


Queridos leitores, estamos avançados no tempo deste 2018. Dezembro já se adianta no calendário. Daqui a pouco já é Natal. Toda gente se movimenta no corre-corre de fim de ano: lojas cheias, ruas movimentadas, passeios e praças repletas de pessoas em busca de um presente. Vivenciando esse clima de festa e magia, venho falar de amor, esse ser tão misterioso, cantado em prosa e em verso, mas às vezes tão pouco vivido.
Quero falar do amor essência, que brota da alma e transcende a matéria. Esse sentimento belo e puro, desprovido de pretensão, ensinado pelo mestre Galileu. Jesus amou-nos de forma única e inigualável. Amou-nos até as últimas consequências: a morte de cruz. Como é bom fechar os olhos e imaginar Jesus com todas as pessoas daquela época, às quais ele fazia questão de ensinar, de demonstrar carinho e atenção. Quanta cura – do corpo e da alma – Jesus ofereceu àquela gente! Quanta verdade e ternura em suas palavras! Ah! Como seria bom amarmos assim!
Quero falar do amor vivido por São Francisco de Assis, que, quando descobriu o amor de Jesus, teve sua vida transformada. Percebeu que nada valia mais que o amor, nem riquezas, nem posses, nem poderes, nem fama, nada. Ele conseguiu penetrar na essência de si mesmo e ali encontrar o amor pelas pessoas. Ao lado dos pobres e oprimidos, dos doentes jogados à beira do caminho ou isolados, fora do convívio, São Francisco encontrou a paz. Ele gritou essa paz em palavras, cânticos e orações. E viveu essa paz.
Penso no amor sentido pelo Padre Júlio Maria. Por amor a Jesus e à sua mãe, Maria Santíssima, ele enfrentou dificuldades, transpôs mares, cruzou barreiras. Onde Jesus chamava, lá estava ele. A literatura nos apresenta um padre humano, bondoso, cuidadoso. Preocupou-se com a formação – principalmente espiritual – dos jovens, dos homens, das mulheres e das crianças. Deixou textos belíssimos, ensinando a viver o amor e o sacrifício. Quem ama aceita as consequências, os dissabores, o cansaço, os desafios, as dores.
Falo do amor que marca a cadência e o rumo dos passos do Papa Francisco, que sai do conforto e vai visitar famílias, comer com os pobres, abrigar os que não têm um lar.
Falo do amor vivido e ensinado por minha mãe, dona Maria da Conceição Garbazza, um exemplo entre muitas de sua época, que, aceitando os desígnios do Criador, se anulou e se desdobrou para criar e educar na fé, da melhor maneira que pôde, os dez filhos que gerou. E ainda ajudou tanta gente. Sem se desesperar diante das vicissitudes da vida, teve uma vida santa e espalhou o bem, a fraternidade, o amor sem medidas.
Trago também o amor da criança, que enche os pais de beijos e, plenos de confiança, diz com todas as letras, com todo o significado que essas palavras podem ter: “Eu te amo”.
E por último, quero falar do amor de Maria, nossa santíssima mãe. O amor que a fez enfrentar as barreiras do seu tempo e dizer sim a Deus para se tornar mãe de seu filho. O amor que embalou a sua vida inteira e, ao ver o filho padecendo em uma cruz, aceitou ser mãe da humanidade. E pôde fazer isso, pois o amor em seu coração era suficientemente grande para abraçar e amar todos os viventes.
Meus queridos amigos, neste Natal – e sempre – possamos amar mais, espalhar mais amor, amar como Jesus amou. Assim, quando chegar o fim do dia, como diz o Padre Zezinho, possamos todos, sem exceção, dormir muito mais feliz. Feliz Natal!
Luisa Garbazza
Publicação do jornal “Paróquia”
Dezembro de 2018

sábado, 17 de novembro de 2018

Verdades

                                
                   Olhos abertos
                   busquei minhas verdades.
                   Descobri pedaços de vida
                   escondidos em caminhos incertos.

                  Olhos abertos
                  procurei completude.
                  Vi simples fagulhas de vida
                  crepitando entre erros e acertos.

                 Olhos abertos
                 persegui ilusões.
                 Vislumbrei minha própria vida
                 perdida em enfadonhos desertos.

                Olhos abertos
                quis enfrentar meus medos.
                Entreguei-me às incertezas
                dos longínquos passados encobertos.

               Olhos fechados
               mergulhei em mim mesma.
               Então reconheci os sonhos,
               todos, em minha essência preservados.
Luisa Garbazza

Poema publicado na antologia "Além da terra, além do céu".
Lançamento em 6 de outubro de 2018


                                                 

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

A barca da vida


“Todo o homem e mulher é uma missão, e esta é a razão pela qual se encontra a viver na terra”.
            Esse é um trecho da mensagem do Papa Francisco para o mês das missões 2018. São palavras significativas que nos levam a pensar sobre nossa missão como cristãos e como filhos e filhas de Deus. Como navegantes nesta grande barca da vida, todos somos responsáveis pelo bem estar uns dos outros. Para ficarmos em sintonia com o barqueiro, precisamos estar em sintonia com cada um dos tripulantes. É nossa missão zelarmos pelos que navegam conosco, mesmo que não estejam ao nosso lado.
            Com esse objetivo, em outubro, o mês das missões, tivemos um tríduo missionário: oportunidade de sair ao encontro daqueles que estão um pouco mais distantes. Um grupo de leigas e leigos da Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho, com a presença edificante da Irmã Joelita e dos seminaristas sacramentinos – Rafael, Rubens, José Marques, Michel e Antônio –, saímos para realizar visitas missionárias nas comunidades Nossa Senhora Aparecida, Santo Expedito e Santo Antônio. Durante os três dias de visitas, tivemos o apoio espiritual e a presença do Padre André e do Padre Márcio, que aproveitaram para visitar os doentes das referidas comunidades.
            O resultado dessa missão foi muito gratificante! Para mim – e para quase todos do grupo – foi a primeira experiência de missão. Nunca havia participado de nada parecido. No final, fizeram sentido as palavras do Papa Francisco, quando pede que sejamos “uma igreja em saída”. Às vezes ficamos tão ensimesmados em nós mesmos, ou protegidos pelas paredes das igrejas, que, quando saímos em missão, percebemos outra realidade, outra igreja, aquela que não vemos. E isso aumenta nossa responsabilidade nessa barca da vida. Há muitos escondidos nos porões da barca, sem perceber a luz do sol e a beleza das águas pelas quais navegamos.
            Saímos em grupos, armados de textos, orações, Bíblia, com o intuito de evangelizar, falar de Jesus. Entramos nas casas, conversamos, rezamos, abençoamos e fomos abençoados. Fomos muito bem recebidos por nossos irmãos, que ficaram surpresos ao ver católicos em missão. Fomos acolhidos igualmente pelos que professam outras crenças.
Mas, em alguns lugares em que entramos, o que mais fizemos foi ouvir. Encontramos pessoas carentes, necessitadas de alguém com quem pudessem dividir seus anseios, seus temores, suas dificuldades. Encontramos mães com o coração em pedaços, aflitas por não poderem ajudar seus filhos; mulheres desejosas de uma realidade mais amena; pessoas sozinhas, à espera de alguém para lhes fazer companhia; irmãos nossos lutando contra doenças. Encontramos olhares suplicantes, famílias com dificuldade de conviver umas com as outras. Assim percebemos a urgência do “amai-vos uns aos outros”.
Encerramos as visitas missionárias convictos de que foi apenas o começo: a missão não pode parar. Não podemos ficar nessa condição de cristãos acomodados. Há tantos precisando de nós! A barca é grande, e as tempestades são frequentes. O barqueiro conta conosco para atravessar o mar da vida. Todos temos algo a oferecer, não guardemos os dons que recebemos para nós apenas, em uma atitude egoísta e inconsequente.
Retomando as palavras do Papa Francisco, cada um de nós é chamado a refletir sobre esta realidade: «Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo».”
Luisa Garbazza

16-11-2018
Publicação do Jornal “PARÓQUIA”

sábado, 10 de novembro de 2018

Parabéns, “Ativa em Revista”!



É dia de aniversário
do “Ativa em revista”,
aquele que nesse horário
a todo ouvinte conquista.

Sete anos de existência,
na voz do amigo Homero.
Programa por excelência,
preparado com esmero.

No domingo de manhã,
cá estou a escutar.
Aprecio sem afã
e ainda arrisco a cantar.

Cada quadro uma surpresa
dos tempos idos nos traz,
pois do que é bom, com certeza,
não se esquece jamais.

Aparece a simpatia
em cada abraço enviado.
Coração em sintonia:
“Bença, mãe!” É o filho amado.

Assim, o “Ativa em revista”
vai firme seguindo em frente.
Tenha mais sucesso à vista
e o carinho dessa gente.
Luisa Garbazza
10-11-2018

Homenagem ao Programa "Ativa em Revista" em seu 7º ano de sucesso.

Foto "emprestada" da página da Rádio Ativa.


quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Linhas da vida

                  
                         


Quando a poesia inunda a tarde e implora por liberdade
a mente obedece,
a mão se compadece
e os pensamentos viram realidade.




Em uma tarde quente de primavera 
quando tornou-se real essa quimera.

sábado, 6 de outubro de 2018

Salve os pequeninos!


"Deixai vir a mim os pequeninos e não os impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se lhes assemelham. (São Marcos 10, 14)"

Jesus nos ensinou a ter alma de criança por causa da pureza que elas trazem no coração. Lendo essa passagem, lembro-me de meu sobrinho-neto Davi. Em seus cinco anos, Davi é pura inocência! Tem um jeito todo especial de viver e conviver. Um sorriso puro, jeito carinhoso, um olhar do qual emana uma paz que toca a alma da gente. E ainda tem um quê de ingenuidade que me encanta. Davi é um anjo. Na última vez em que o encontrei, despedi-me dando-lhe duas notas de vinte reais. Chegou o irmão Miguel e disse: “Ô, Davi, divide aí!” Em sua inocência, com o semblante doce e sereno, ele simplesmente pegou uma das notas e a entregou ao irmão. Meu sobrinho Thales - pai de Davi - quis intervir. Fiz sinal para que deixasse. Foi um gesto muito lindo que precisa ser valorizado e imitado. Ali entendi realmente o significado de ser semelhante aos pequeninos.
Ainda pensando nessa passagem, projeto-a para a festa que celebraremos em outubro: o Dia das Crianças. Como é bom festejar esse dia! Como é gratificante receber o olhar de gratidão dessas pessoinhas tão amadas por Jesus e que têm tanto a nos ensinar! A criança traz, escancarada no olhar, toda a essência de sua alma. A sinceridade com que falam as verdades e traduzem os sentimentos é graça divina. As lições que nos ensinam precisam ser levadas a sério.
Para esse dia dedicado às crianças, e para todos os outros dias, peço a Deus:
que todas as crianças possam ser criadas com amor;
que haja paz em todas as famílias, para que as crianças cresçam sem serem obrigadas a participar de cenas de violência e desamor;
que as dores das crianças sejam levadas a sério e que elas possam receber sempre os cuidados necessários;
que as crianças tenham direito ao carinho dos pais, e que os pais estejam sempre presentes e disponíveis para ajudá-las;
que todas as crianças tenham alguém para lhes contar histórias, muitas, e alguém para ouvir suas próprias histórias;
que as crianças tenham livros, muitos livros, para crescerem com mais sensibilidade e menos ansiedade;
que os pais sejam provedores das necessidades materiais, mas, acima de tudo, provedores de amor, de carinho, de compreensão, de ternura e afeto;
que os pais tenham consciência da gravidade da superexposição da criança às telas: computador, televisão, celular, tablet;
que os pais ensinem às crianças o caminho do bem, da religião, do amor;
que os pais apresentem às crianças o Papai e a Mamãe do céu;
que os pais tomem seus filhos pelas mãos e os levem à igreja, casa de Deus, para aprenderem a rezar e abastecerem o coraçãozinho dos bens espirituais;
que nenhuma criança tenha que enfrentar a fome, o frio, o desprezo, o abandono, o abuso sexual, os maus tratos, a tristeza, o medo;
que nenhuma criança tenha que crescer rápido demais por causa das asperezas da vida.
            Neste dia doze, e sempre, abençoai, Senhor, todas as crianças para que vivam com alegria e dignidade. E abençoai-nos, Senhor, para que aprendamos delas a sabedoria de vida que nos ensina a sermos dóceis, mansos e humildes de coração. Só assim poderemos nos aproximar de vós. Só assim seremos dignos de suas bem-aventuranças. Amém.

Luisa Garbazza
Jornal Paróquia (Paróquia N. Sra. do Bom Despacho)

Outubro de 2018 

sábado, 22 de setembro de 2018

Discurso de Posse na ABDL


Ilustríssimo Weverton Duarte Araújo, na pessoa do qual cumprimento os demais componentes da mesa e os acadêmicos presentes.
Prezada assembleia.
Meus queridos familiares e amigos.
Boa noite! ...
Para falar de mim, preciso me lembrar da menina sonhadora que fui. Na pobreza em que vivia, em casa não tínhamos livros, apenas as cartilhas da escola. Não me esqueço do primeiro livro ilustrado que tive nas mãos. Era um livro enorme, sobre a história do Brasil. A professora emprestou-me para levar para casa. Encantada, passei o tempo todo lendo, mas, como era muito grande, não consegui terminá-lo. Já na escola, pedi à professora para ficar na sala durante o recreio para ler mais algumas páginas. Entreguei-o com grande pesar.
Então fui apresentada à Biblioteca Municipal. Embrenhei-me nesse mundo fantástico da Literatura de onde jamais saí. Ganhei muitos pares de asas nas linhas e versos que lia.
Em todos esses anos, li uma infinidade de livros, e textos, e poemas... e escrevi muito. Pena que, como me sentia tão longe desse universo e achava que escritor era alguém muito distante e diferente, não guardei quase nada do que escrevi. E porque tudo acontece no tempo de Deus, só depois de tanto tempo me veio a dádiva de sistematizar meus escritos e receber o predicativo de escritora. O tempo, por ser de Deus, é sempre certo. Esse é o meu tempo. Só lamento não ter tido a oportunidade de dividi-lo com minha maior incentivadora: minha mãe, dona Maria da Conceição Garbazza, a quem, depois de Deus, devo tudo que construí na vida. Quando estava editando meu primeiro livro, ela partiu serenamente para o céu. O lançamento foi regado a muitas lágrimas.
E aqui estou eu, com quatro livros de minha autoria e outros quatro de coautoria. Apesar da idade, ainda sou aquela menina sonhadora e ainda me restam algumas asas.
Quando lancei meu segundo livro, fui convidada a ingressar nesta academia. Resolvi não aceitar, por causa de minha irmã, a escritora e acadêmica Neiva Maria Garbaza, que atravessava mais uma fase difícil, das tantas que enfrentou. Agora, novamente convidada, aceitei, também por causa da Neiva, para não deixar que seu nome seja esquecido, pois, falo com convicção, ela foi uma das melhores escritoras que Bom Despacho já teve. Basta admirar sua obra e seus textos publicados.
Neiva é minha irmã caçula. Quando ela nasceu, eu acabara de completar sete anos. Eu a ensinei a ler e escrever e ela tinha muito orgulho disso, tanto que fazia questão de repetir isso de vez em quando e deixou registrado em algumas crônicas que escreveu. Vivemos muita coisa juntas. Com sua inteligência notável, Neiva tornou-se escritora muito antes de mim, mas, com confiança, sempre me apresentava seus textos para revisar antes de publicá-los.
Por questões financeiras, Neiva dedicou grande parte de sua vida fazendo trabalhos acadêmicos, monografias e até tese de mestrado para outrem. Confirmando sua sapiência, teve trabalhos premiados e textos publicados, inclusive em Cuba, infelizmente em nome de terceiros. E assim não teve tempo de se dedicar mais à carreira de escritora. Deixou-nos apenas uma obra, “Sonho de Liberdade”, mas uma obra densa, bem escrita, digna de estudo, onde a escritora desnuda a alma e nos faz pensar em fantasias, alegrias e dores, e nas antíteses que imperam na vida de todo ser humano.
A essa pessoa inteligentíssima, que sonhou tão alto, tão colorido, e as asperezas da vida podou suas asas impedindo-a de voar; a essa ESCRITORA com todas as letras maiúsculas, Neiva Maria Garbaza, dedico a cadeira 29 da Academia Bom-Despachense de Letras.
Sinto-me agradecida pela oportunidade de aqui estar e quero demonstrar minha gratidão a todos os presentes, às autoridades, aos acadêmicos, aos colegas que também estão vivendo este momento e, de modo especial, aos meus filhos, Matheus e Rafael sempre presentes, ao meu esposo Flávio e aos meus amigos e familiares que merecem todo meu amor e carinho.
Como disse uma vez Neiva Garbazza: “Sorria... E... SONHE... SONHE COM A LIBERDADE. A vida começa aqui.”
Luisa Garbazza
9 de setembro de 2018
Discurso de posse na Academia Bom-Despachense de Letras, em 21 de setembro de 2018





sábado, 8 de setembro de 2018

Doar a própria vida


Em nossa passagem por este mundo, há muito para se viver. Cada ser humano vive a seu jeito, afinal o Criador nos dotou de livre arbítrio, quer dizer, somos livres para fazer nossas escolhas. Uns vivem com euforia o tempo todo; outros, com calma e delicadeza.  Uns querem experimentar de tudo; outros, comedidos, vivem resumidamente. Uns gastam a vida em festas e mil maneiras de aumentar a autoestima; outros doam a própria vida em favor dos irmãos em Cristo. Estes abandonam-se nas mãos de Deus e vão se santificando.
Foi assim que aconteceu com o Papa João Paulo II, o papa de tantas gerações, que não se deixou esmorecer com os reveses da vida e continuou sua missão até o último de seus dias. Nem a tentativa de assassinato que sofreu, nem a doença, nem o cansaço da idade o fizeram parar. Mesmo com o corpo deformado, o tremor nas mãos e a voz comprometida, continuou a evangelizar e a enviar sua mensagem de esperança para os cristãos de todo o mundo. Seu jeito humano e sua disponibilidade para ir ao encontro dos filhos e filhas de Deus, até nos lugares mais longínquos, foi um marco na história da Igreja Católica.
Foi assim com minha santa mãe, Dona Maria Garbazza, uma mulher cheia de Deus, que também deixou sua marca na vida de tanta gente. Dona Maria nasceu predestinada a viver uma vida de provações e a se doar inteiramente. Primeiro para a família do próprio pai, pois vivera com madrasta e ajudou a cuidar dos irmãos. Depois para o marido e os dez filhos. Desde pequena, doou-se também para Deus. Participava das coisas da Igreja e da espiritualidade de todos os que solicitavam sua presença para a reza do terço, ou pedindo suas orações em favor de alguém. Também como enfermeira, conselheira, parteira, em um indo e vindo sem fim. Com os filhos criados, passou a ajudar na comunidade, na paróquia e nas Oficinas de Oração e Vida. Enquanto deu conta de se locomover, saiu ao encontro do irmão necessitado, levando sua ajuda, sua oração, sua companhia. Tal qual o Papa João Paulo II, também teve o corpo deformado pela doença, mas não se entregou. Apesar das dores terríveis que sentia, carregou a cruz até o fim e evangelizou muita gente.
E foi assim com tantos outros...
Atualmente, vejo o Padre Jayme subindo as escadas do presbitério para celebrar: devagar, passo a passo, amparado por braços solícitos dos dois lados. Apesar das limitações, continua firme seu ministério. Olho para ele e deixo-me levar pelas lembranças... Como me esquecer daquela menina tímida e assustada que se aproximou do padre para se confessar pela primeira vez?  Lá estava o Padre Jayme para me ouvir, aconselhar e perdoar meus pecados. Foi ele também que me apresentou Jesus pela primeira vez no dia da minha primeira comunhão. Na minha juventude, tive o privilégio de conviver com ele no “Movimento Roda Viva”. Muito aprendi com suas palestras, seus conselhos, seus ensinamentos, suas chamadas de atenção. E quando me aproximei do altar, juntamente com o Flávio, para o Sacramento do Matrimônio, foi de suas mãos que recebi as bênçãos de Deus. Igualmente quando completamos 25 anos de casados.
Hoje já está quase sem forças, mas sustenta a fé e o ministério que assumiu há tanto tempo. Quando o vejo subindo ao altar, é com ternura e gratidão que o faço: gratidão por ter representado Cristo em tantos momentos de minha história. Também sentimento de respeito e admiração pela perseverança em celebrar o mistério de Cristo na Santa Missa. A voz, já cansada, ganha força para proclamar a palavra de Deus.
Por tudo que já viveu e continua vivendo, aplausos para esse homem que doa própria vida para Deus, desde a mais tenra idade: Padre Jayme Lopes Cançado.

Luisa Garbazza
Jornal "Paróquia" - setembro de 2018

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Sopro de vida


O sopro de Deus se fez vida
em setembro, um lindo dia.
Maternidade revivida
na vida de uma certa Maria.


De nascimento: Luisa.
Do casal, a sétima filha,
que se tornou simplesmente “Lisa”,
no seio daquela família.


Tempo que passa e não espera:
menina... mulher... esposa... mãe extremosa.
A maturidade – inevitável – agora impera:
vê-se, às vezes, ternamente lacrimosa.


É setembro uma vez mais.
O sopro de Deus na vida continua.
Da mãe, Maria, não se esquece jamais,
e o amor pelos filhos sempre perdura.


Para este dia que ora se repete,
sabe que a melhor palavra é gratidão
Ao bom Deus pelo dom da vida
e pelo amor que traz no coração.


E para os anos vindouros:
que haja alegria e muita paz.
Os pensamentos, cada vez mais puros
e de amar seja sempre capaz.
Luisa Garbazza
4 de setembro de 2018