sexta-feira, 18 de maio de 2018

Instantes de vida


É muito prazeroso ler poesia. Dar vida a cada verso, parar em uma palavra ou outra, sentir a emoção de se conectar com outro universo.
É melhor ainda escrever poesia. Deixar o coração à larga e a mão – Amo escrever à mão, apesar das modernidades. – ir registrando cada sentimento, a palavra única, especial, que toca a alma e provoca outros sentimentos.
Mas a graça maior está em viver a poesia. Foi exatamente o que vivi na manhã desta sexta-feira: a poesia da vida.
Convidada pela professora – e amiga – Tânia, fui à Escola Municipal Dona Duca para falar às crianças, apresentar meu livro e contar-lhes minha história: “A menina que queria ser vento”. Tudo ali era poesia: o acolhimento da diretora e demais funcionários, a educação das crianças, a organização e ornamentação do ambiente, os trabalhos dos alunos.
O que aconteceu então, aquele contato prazeroso com os pequenos, foi lindo, pura poesia. Ver todos aqueles pares de olhos olhando-me, prestando atenção nas minhas palavras, brilhando ao escutar minha história, foi mágico.
 A presença dos alunos que queriam levar meu livro e a alegria ao registrar a dedicatória foram versos que saíram carregados de afetos, de rimas e de sons.
Receber, depois de tudo, a ternura, o carinho, o sorriso e o abraço dos pequenos foram os versos finais, os mais lindos, que compuseram os momentos poéticos que preencheram as linhas de minha manhã.
Gratidão imensa. Gratidão sentida, vivida, extravasada.
Luisa Garbazza
18 de maio de 2018















segunda-feira, 14 de maio de 2018

Materialização da poesia



Sempre amei os livros, desde bem pequena. Em casa não os havia. Morava nos arredores da cidade, então, a maratona – quase diária – até à Biblioteca Municipal, para buscá-los era percorrida com gosto. Às vezes lia o livro pelo caminho, tamanha a ansiedade. Cresci lendo, escrevendo, contando histórias. Como eu gostava – e ainda gosto – desse universo! Imaginava mil coisas além daquelas que preenchiam as páginas do livro.
Já com os filhos criados, comecei a escrever mais sistematicamente e a publicar meus escritos. De repente, fui chamada de “Escritora”. E acreditei. Em pouco tempo, estava com meu primeiro livro nas mãos. Uma tarde, enquanto aguardava um aluno, peguei o lápis – Amo escrever a lápis! – e comecei a rabiscar umas palavras. Era o esboço de um livro, minha primeira historinha para crianças. Saiu, assim, sem planejar. Nunca havia pensado em publicar um livro infantil. Mas ele veio: presente de Deus. Poesia e leveza compuseram aquelas páginas. Fiquei muito contente com o resultado.
A publicação e a divulgação desse livro foram momentos de muito encantamento. Em cada criança eu via o brilho no olhar e as palavras de incentivo. E ainda: “Quando você vai fazer outro livro?” Só o tempo dirá. O que importa são as ocasiões marcantes de encontro entre as crianças e o livro. E os depoimentos das mães, sobre o momento da primeira leitura, os comentários sobre a história, a menina que ficou no quintal imitando a personagem, o menino que carregava o livro para todos os lugares aonde ia, e tantos outros.
A maior surpresa, no entanto, aconteceu no sábado, 12 de maio. Expus meus livros lá na Praça da Matriz, como faço de vez em quando, para divulgá-los. A Praça estava alegre, movimentada: um evento da faculdade, escoteiros espalhados, crianças brincando, pessoas procurando um presente para o Dia das Mães. A Banda de Música veio chegando para nos presentear com suas canções. Algumas pessoas já haviam se interessado pelos meus livros, principalmente as crianças: Gabriel, Arthur, Elena, Rafael, Levi. Estava feliz.
Mais alguns minutos e vejo passando uma ex-aluna – Suzana – com seus netinhos. Convidei-a para conhecer meus livros. Ela veio chegando e me cumprimentou, com a alegria que lhe é peculiar. A netinha – Júlia – foi logo ver os livros. Chegou, com brilho nos olhos, e observou cada um. Indagou sobre o valor. Pegou então meu livro infantil: “A menina que queria ser vento, eu quero este”. E sem esperar a opinião da avó, abriu cuidadosamente sua bolsinha. Vi que havia duas notas. Ela tirou uma das notas e entregou-me. Segurou o livro com uma mão e começou a questionar sobre os outros, com olhar de quem queria mais. Expliquei que aqueles eram livros para pessoas com um pouco mais de idade. Com ar de contrariedade, ela não ficou satisfeita: continuou a manusear os livros. Então eu disse: “Este aqui serve para sua mãe. Você já comprou o presente para o Dia das Mães?” – A avó confirmou minha fala. – O olho brilhou novamente. Sem hesitar, abriu a bolsinha, retirou a outra nota e entregou-me. Pegou com gosto o outro livro e sorriu realizada.
O coração era todo ternura quando a abracei e disse a ela o quanto aquele momento me deixara feliz. Vê-la se interessando tanto por livros, a ponto de pegar seu próprio dinheirinho e gastá-lo todo para comprá-los, foi o ponto máximo de minha caminhada de escritora. Foi doce, mágico, foi pura poesia em instantes de vida.

Luisa Garbazza
12 de maio de 2018
Véspera do Dia das Mães

Agradeço imensamente à Suzana e à pequena Júlia por me proporcionarem essa alegria tão grande, tão bela, inesquecível. 

sábado, 12 de maio de 2018

Dia de Lembranças



Mãe, palavra única e bela;
som que embala a vida, afaga a alma, sonhos revela,
torna-se a representação física do amor.
Mãe, doce e suave essência da vida,
aquela que é sempre exaltada e querida
pelos que gerou e criou com primor.

Mãe, minha mãe!
Mais uma vez estamos às voltas com o “Dia das Mães”.
O meu virou “Dia de Lembranças”.
Lembranças da senhora, minha mãe, que me acompanhou por tantos e tantos anos.
Deu-me a vida, ensinou-me a andar, a falar.
Apresentou-me ao Papai e à Mamãe do céu e ensinou-me a rezar.
Foi minha mãe, minha professora, minha catequista, minha amiga, minha companheira...
Por tantas vezes, nas horas de dores físicas, foi minha médica e minha enfermeira.
Ensinou-me a amar Maria, a confiar em Jesus e a me abandonar em Deus.
Foi exemplo de força, de luta, de resignação, de perseverança, de fé e, acima de tudo, de esperança.
Hoje já não está mais aqui.
Olho para trás e vejo-a em tudo que vivi.
Sinto sua doce presença em cada curva do meu caminho.
Ah! As lembranças!... Elas que alimentam meus dias.
Lembrança da pura e bela existência de minha mãe...
Tantos filhos, tantos problemas, mas tanto amor.
Lá está você, minha mãe, cuidando de cada um de nós...
Carregando lenha e vasilha de água na cabeça; lavando roupas, muitas roupas; cozinhado para tanta gente; costurando, noites a dentro: remendando, cerzindo, emendando, refazendo;
Lá está você pelejando com a vida, fazendo o melhor que podia para cada filho. Tarefa nem sempre fácil. Aliás, tarefa assaz difícil. E você a fazia com força e delicadeza, com autoridade e doçura... e outros paradoxos, pois viver com tanta suavidade, só mesmo com muita poesia. Preenchia as faltas – tantas – que a vida nos impunha. Fazia-nos ver a vida com olhos de esperança. Mantinha a dignidade e a confiança no Pai.
Lá está você, minha mãe, cuidando de mim: penteando meus cabelos, vestindo-me, acompanhando meus passos pela vida, em cada momento, cada dia, cada etapa vivida.
Como não viver de lembranças?
Você é presença mais que viva; faz parte de mim, dos meus dias, dos meus pensamentos, das minhas orações.
Sinto-a tão perto!... Vislumbro-a em todos os lugares, percebo sua presença, seu sorriso tão lindo, sua intercessão.
Obrigada por ter sido a “minha” mãe. Por fazer-me ver a vida desta maneira tão especial. Por ensinar-me a buscar as coisas simples, a sorrir mesmo nas horas difíceis. Obrigada por deixar-me como herança a fé em Deus, seu maior legado.
Parabéns, minha mãe. Abraço apertado para a senhora.
Minha alegria é saber que a senhora vai receber o abraço mais especial de todos: daquela que a acompanhou pela vida afora, todos os dias de sua existência e hoje é sua companheira no céu: sua mãe e madrinha, Nossa Senhora.
Com amor de filha: doce, enorme, especial, infinito...                                                                                                             Luisa Garbazza
12 de maio de 2018
Véspera do Dia das Mães.