domingo, 29 de outubro de 2017

Dia de despedidas

  Emoção, um misto de alegria, tristeza, gratidão e muitas lágrimas marcaram a despedida do Padre Cristiano e do Padre Roberto, da Paróquia Nossa Senhora do Rosário.
         Não podia deixar de registrar minhas impressões sobre este dia.

Ao Padre Cristiano:

Alma missionária

De alma pesarosa e sorriso sem graça,
sentimos a partida de alguém especial.
Uma pontinha de tristeza, que não passa,
faz-nos sentir, ainda mais, como é essencial.

É alguém que chegou de repente,
gerando curiosidade e expectativas,
mas mostrou-se tão sábio e valente,
com seus ideais e novas perspectivas.

Com o coração terno e acolhedor,
como Jesus, cumpriu sua missão;
trabalhou com missionário ardor
e a quem precisou deu atenção.

Em pouco tempo nos mostrou
a coragem que o impulsionava:
pois todos os cantos desbravou,
desta paróquia que já o amava.

Com entusiasmo sem medida
e com seu zelo sacerdotal,
viu a fé sendo difundida
em um ritmo sem igual.

Aos olhos do povo que procura abrigo,
tornou-se alguém muito especial.
É como um filho, irmão, amigo,
mas também nosso pai espiritual.

Contudo sabemos da instabilidade
dos que se entregam ao Senhor.
Outro povo agora tem necessidade
da sua alegria, seu zelo, seu amor.

E eis que é chegada a hora
da triste e pesarosa despedida.
Os olhos sentem, a alma chora,
ao ver longe a pessoa querida.

Padre Cristiano, estará sempre presente
em nossa vida, a cada amanhecer.
Leve consigo o carinho permanente
desta paróquia que o senhor viu nascer.
Luisa Garbazza
Uma paroquiana agradecida por ter convivido com o senhor, Padre Cristiano, e comprovado seu jeito tão cristão de acolher, ajudar, orientar seu povo. Obrigada! Muito obrigada!
Deus o acompanhe em sua nova missão.



Ao Padre Roberto
Carinho imenso também pelo Padre Roberto, que, no pouco tempo que aqui trabalhou, conquistou a todos, com sua humildade, seu jeito simples, mas também sua alegria, seu carisma, sua sabedoria.
O senhor cativou-me, Padre Roberto, por sua simpatia, seu sorriso largo, seu jeito santo de viver e de falar de Deus.
Olho para o senhor no altar e vejo alguém que realmente representa Jesus: jeito santo de falar, as mãos postas em preces, a humildade em seu olhar e as palavras sinceras, verdadeiras.
No meio do povo, seu jeito acolhedor, tranquilo e sereno transmite tranquilidade e a alegria de poder conviver com o senhor.
O tempo foi curto, mas suficiente para deixar marcas boas e muita saudade.
Vai com Deus em seu novo caminho.
Luisa Garbazza
29 de outubro de 2017.






sábado, 28 de outubro de 2017

Amor infinito

Amor de mãe não tem medida:
vai além de tudo nesta vida.
Quando se ama um filho, o coração se engrandece.
O peito se enche de júbilo, a alma enternece.
As manhãs tornam-se serenas e a existência enaltece.
Quando outro filho está a caminho, o amor ganha vida nova:
não diminui, nem se divide, apenas toma novas proporções.
A vida se modifica, enche-se de razões.
A espera é mágica, cheia de emoções.
Lembro-me daquela noite em que você anunciou que queria nascer.
Havíamos acabado de nos acomodar: 22, 23 horas? Como saber?
Levantei-me, alegrei-me, e seu pedido fui atender.
Com calma, sem atropelos,
vivemos juntos esse momento tão sublime!
Como se estivesse no comando, escolheu a sua hora:
passou a noite e tudo começou com a aurora,
que sorrindo, toda prosa, veio lhe receber.
E assim começou nossa história.
Você cresceu, rapidamente,
“em estatura, graça e sabedoria”.
Com um olhar terno me olhava,
e sempre vinha com uma história para contar.
A mim dedicava tantas e belas poesias
em que dizia infinitas vezes me amar.
O tempo passou tão depressa!
Tanta coisa juntos vivemos!
A vida nos pregou tanta peça,
mas com amor tudo vencemos.
Hoje olho você ao meu lado,
tão crescido, bonito, bem criado,
e relembro tudo que o tempo levou.
Sinto agora o coração apertado,
de emoção os olhos molhados,
pois cada lembrança a mente resgatou.
E hoje, dia de aniversário,
venho outra vez esses anos reviver.
O coração, carregado de sentimento, se engrandece,
a Deus e a São Judas elevo uma prece,
para vê-lo seguir sem meus ensinamentos esquecer.
E a você, meu filho, eu asseguro,
que um amor bem grande e puro,
sempre terei para lhe oferecer.
E a cada segundo da vida,
enquanto eu respirar,
a certeza é desmedida:
Infinitas, infinitas vezes irei “te amar”.
Luisa Garbazza
Ao meu filho Rafael, que hoje aniversaria.
28 de outubro de 2017

domingo, 22 de outubro de 2017

No palco do infinito

Tarde quente.
Calor e secura o tempo maltrata, afeta as pessoas.
Subitamente...
uma aragem,
uma brisa fresca,
uma nuvem que sobe.
O vento ajuda:
muitas nuvens deslizam num céu de chumbo.
Da minha janela:
rajadas embalam os galhos da mangueira;
os frutos maduros despencam em queda livre;
os ouvidos assimilam a melodia das folhas,
leves, numerosas,
bailando de cá, de lá,
enroscando-se nos galhos.
Enfeitando o céu, surgem as maritacas,
em bando, barulhentas, atrapalhadas.
Em revoada, enchem o palco do infinito,
voam, fazem acrobacias, vão e vem,
voam baixo, alto, seguem para o lado,
desavisadas, sem defesa,
como que levadas pelo vento.
Então param,
refugiadas entre os galhos.
Nuvens espessas, escuras,
fecham o tempo, anunciam a tempestade.
Inesperadamente...
As maritacas recomeçam o voo,
voltam,
recolhem-se na mangueira.
Depois alçam voos mais altos, mais distantes,
e se calam.
As nuvens se aquietam.
O vento silencia.
O azul começa a se mostrar outra vez.
Foi-se a esperança.

A chuva ainda não chegou.

Luisa Garbazza
22/10/2017

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Hoje é dia!

De repente, acordo com o coração cheio de saudade.
Há algo diferente no ar.
Hoje é dia de alegria, de recordações e de lágrimas felizes que umedecem a face e a alma.
As lembranças me tomam a mente, o coração, o corpo todo...
Era tarde de sábado quando ficou decidido: é hoje.
Em algumas horas, dividi-me em dois seres: tornei-me mãe.
Então comecei a percorrer um caminho tão singular! Comecei, não: começamos! Planejamos juntos, vivemos juntos, caminhamos juntos.
A alegria da vida mostrava o sorriso mais lindo que já se viu.
Havia flores, havia pássaros, havia nuvens coloridas, havia esperança.
Havia palavras, passos, abraços, carinhos, choros e risos.
Havia mãos dadas, confiança, aprendizado.
Havia proximidade, olhares, cumplicidade.
Também havia o tempo...
Esse passou, rápido demais!!!
Foi mudando as coisas e preparando-nos surpresas...
Hoje, ainda há tudo isso.
Todavia há também a distância, a saudade, a dor no coração, a vontade de estar perto.
Há os devaneios da mente que trazem para perto, sentem a presença, abraçam...
Há o desejo de que tudo esteja bem.
Há o carinho, o amor – sempre maior a cada dia –, a prece.
A presença distante impõe uma pontinha de nostalgia, no entanto a certeza dos laços que me enlaçam a outra porção de mim mesma, traz-me serenidade, alegria e gratidão.
Gratidão a Deus por me conceder todos esses momentos. Por me amar e me permitir a graça da maternidade.
A alma se aquieta na certeza de que tudo está bem e que tudo valeu a pena.
Assim o dia vai ser feliz, apesar da ausência, da distância, da saudade imensa que sinto no coração.
Ah! Sim!
O dia há de ser feliz!
Luisa Garbazza

13 de outubro de 2017

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Missionariedade


“Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura.” (Mc 16,15)

     Com essas palavras, Jesus enviou os apóstolos para que anunciassem a boa nova do amor a cada pessoa que encontrassem pelo caminho. E ainda acrescentou: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,20). Pela fé em Jesus e pela crença de que não estavam sozinhos, aumentava, dia a dia, o número dos que criam nele e anunciavam suas palavras, as mesmas que foram ditas a cada cristão, ao longo dos séculos, e que são ditas hoje a todos nós.
     Outubro chega até nós com a força da missionariedade. Somos todos convidados a rezar pelas missões e a assumirmos, também nós, nossa postura de discípulos do amor, da fé, da pertença a Deus. Em setembro de 2017, em uma caravana organizada pelo Padre Antônio, saímos, rumo a Manhumirim, para conhecermos, mais de perto, a história de um missionário muito especial: Padre Júlio Maria De Lombaerde. Chegamos ao berço da Congregação dos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora no sábado, dia 9 de setembro, em plena festa do Centenário do Jubileu do Senhor Bom Jesus de Manhumirim.
     Alojados no Seminário Apostólico, tivemos oportunidade de conhecer um pouco da cidade, visitar a fazenda da congregação, fazer uma parada em Vargem Grande e rezar um pouco na Igreja de Santo Antônio, erguida no local onde Padre Júlio Maria rezou sua última missa, e ainda fazer a caminhada até o lugar onde Padre Júlio Maria perdeu a vida, em um acidente, naquela fatídica noite de Natal. Hoje o local está todo preparado para receber os devotos. A cruz, no alto do morro, nos lembra de que, em nossa caminhada de fé, tudo o que fazemos e somos é por causa de Cristo que o fazemos.
     Manhumirim se transforma durante a festa do Senhor Bom Jesus. A cidade inteira respira religiosidade. No Santuário do Senhor Bom Jesus, missa de duas em duas horas. À noite, missa solene, na praça em frente ao seminário, devidamente preparada para receber os fiéis, que enchem a praça para louvar, rezar e engrandecer o nome de Jesus e do Servo de Deus Padre Júlio Maria. Participamos todos da missa na noite do dia 9 de setembro. Foram momentos de muita fé e de muitas graças, vividos com emoção e alegria.
     Na manhã do dia 10, fomos conhecer um pouco mais da história desse grande missionário. No suntuoso santuário, construído pelo próprio Padre Júlio, o local onde estão seus restos mortais. No interior do seminário, o museu, ainda em fase de organização, que guarda as marcas de uma história marcada pela fé, pela alegria em servir, pela entrega total às coisas de Deus, pela vida de sacrifício e amor ao próximo.
     Padre Júlio Maria, sacerdote belga, vindo de tão longe, nos deixou um grande exemplo de como ser um autêntico discípulo do Mestre Jesus. Cada pedacinho de sua história que conhecemos leva-nos a crer o quão merecedor ele é de ser beatificado e proclamado santo. Ainda temos muito a aprender desse homem que acreditou ser possível uma vida mais humana, em que todos tivessem a oportunidade de estudar e conviver de forma mais harmônica. Ele doou todo o seu tempo em prol dos mais necessitados, formando pessoas, acudindo os que o procuravam.
     Hoje somos convidados a sermos, também nós, missionários do reino de Deus. Sabemos que não precisamos ir muito longe para anunciar o nome de Jesus. Podemos cumprir a missão que Jesus destinou a cada um de nós, onde quer que estejamos. Como nos diz o Papa Francisco, “Cada cristão é missionário na medida em que testemunha o amor de Deus. Sede missionários da ternura de Deus!” 

Luisa Garbazza
Publicação do Jornal Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho
Outubro de 2017

sábado, 7 de outubro de 2017

Vida em missão


Outubro é tempo especial no calendário da Igreja Católica: é o mês dedicado às missões. Somos chamados a rezar por aqueles que, atendendo a um pedido de Jesus, deixaram tudo mais e se puseram a caminho para se dedicar aos fracos e desamparados. “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura.” (Mc 16,15)
É dever nosso rezar pelas causas da Igreja. Lembro-me de que, no meu tempo de criança, minha mãe sempre reunia a família para rezar.  Mas, em alguns meses, ela o fazia com mais intensidade, com a reza do terço todos os dias: maio, louvando Maria e pedindo sua intercessão para as mazelas da vida; agosto, pelas vocações; e outubro, pedindo pelas missões. Saciando nossa curiosidade, mamãe nos contava exemplos de missionários que serviam a Deus e aos irmãos em terras distantes. Entre eles uma prima, Irmã Marlene, que estava em missão na África.
Tantos são os exemplos de homens e mulheres que se doam por uma causa maior! Aqui, tivemos a alegria de receber entre nós um autentico missionário, comprometido com as coisas de Deus: Padre Cristiano. Chegou causando admiração por causa de sua pouca idade. Aos poucos, porém, ele mostrou que estava preparado para levar adiante essa paróquia. Por quase sete anos, tivemos o privilégio de conviver com esse sacerdote que tanto acrescentou na vida de todos nós. Padre Cristiano está sempre presente: fala, pede, trabalha, acolhe, brinca. Em seu peculiar entusiasmo e com sua voz que nos acorda o ânimo, evangeliza, acaricia-nos a alma, mostra caminhos, faz-nos pensar. Em sua humildade, ele se agiganta. Com seu jeito simples, deixa-nos vislumbrar o quão rico se torna quando precisa ajudar alguém. Não escolhe pessoas, atende a todos com dedicação e alegria. Solidário, está sempre disponível para amainar a dor, serenar a alma e partilhar a alegria das pessoas. Sua presença tornou-se necessária para tanta gente!  É grande a lista dos que compõem esse coro: “Obrigados, Padre Cristiano!” É imprescindível mostrar-se agradecido nesse momento em que ele está indo para outras terras. Gratidão também ao Padre Roberto que, em 2017, esteve em missão em nossa paróquia.
Também somos chamados a participar da vida do irmão. Hoje sabemos que missionário não é só aquele que se desloca para evangelizar em outras terras. Cada um de nós é chamado a ser missionário no seu lugar: no trabalho, na paróquia, na comunidade, na rua e na própria casa. Jesus nos convida a plantar sementes de amor, de verdade, de justiça e fraternidade em todos os jardins a que tivermos acesso. Também em nosso jardim interior. Se formos os primeiros a cultivar a plantinha do amor e deixá-la florescer, outros nos seguirão.
Peçamos ao Espírito Santo o dom da sabedoria, para escolhermos as sementes certas e encontrarmos a melhor maneira de semeá-la no coração das pessoas. Peçamos também o dom da paciência, para não desanimarmos se a planta estiver demorando a florir. Assim podemos dizer que somos, também nós, missionários a serviço do Reino de Deus. Assim saberemos que fizemos nossa parte na seara do Senhor, mesmo que não tenha dado tempo de colhermos os frutos.
Luisa Garbazza

Publicação do Informativo Igreja Viva
Homenagem ao Padre Cristiano por seu carisma e seu entusiasmo com o sacerdócio.