quinta-feira, 11 de julho de 2019

Seguindo pegadas


Quem é Jesus? Comentávamos na última reunião da Equipe de Liturgia. Várias respostas foram ditas: Filho de Deus, a segunda pessoa da Santíssima Trindade, o Deus mais perto de mim, meu amigo, aquele a quem eu recorro nos momentos de necessidade... Comparando depois com os Atos dos Apóstolos, vimos que Jesus é o “Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai”. Vimos ainda que Jesus se fez homem, sofreu, morreu em uma cruz porque se compadeceu do sofrimento da humanidade. No fim de sua peregrinação aqui na terra, de tudo que viveu e ensinou, Jesus nos deixou um único mandamento: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.
Sozinha em casa, voltei a pensar em tudo que meditamos e tirei minhas próprias conclusões: Jesus é aquele que nos deixou pegadas. Cada passo que Ele deu foi preciso, único, necessário para que aprendêssemos a amar. Nas dificuldades, ensinou-nos a fraternidade, a ajuda mútua; nos momentos de fome, ensinou-nos a partilha; nos momentos de dúvidas, ensinou-nos a justiça; no sofrimento, deu-nos o exemplo de abandono nas mãos do Pai; vendo a dor do irmão, mostrou-nos o valor da solidariedade, do abraço, da palavra de conforto; na morte, fez-nos crer na ressurreição. Jesus então é aquele que nos deixou pegadas de paz, de sabedoria, de aceitação da vontade de Deus. E, acima de tudo, pegadas de amor a Deus e ao próximo. Ele nos ensinou, com seu exemplo, que somos responsáveis uns pelos outros.
Ao pensar nessa lição de fraternidade, penso, de maneira mais concreta, na direção que o mundo está tomando nesta era digital. Fico observando as pessoas desta “geração cabeça baixa” que aí está. Saio na rua, pela manhã, no momento em que os alunos estão subindo para a escola, e o que vejo são jovens de cabeça baixa, concentrados apenas na telinha luminosa à frente dos olhos. Nada mais interessa. Nada mais lhes chama a atenção. Passam pelas pessoas como se invisíveis elas fossem. Não aproveitam a beleza do sol que acaba de despontar aqui na rua, nem nas flores, nem nas maritacas, nem nos irmãos em Cristo que passam ao seu lado, nem nos colegas que caminham na mesma direção. Estão deixando a vida passar sem vivê-la, presos ao mundo virtual.
Esse olhar que radiografa a rua volta-se para dentro de mim mesma e traz de volta as pegadas do Mestre. Temos urgência em segui-las. Urgência em reconhecer no outro a figura de Jesus. Ele quis nascer nosso irmão para que cultivássemos esse amor fraterno entre nós. E o que é a fraternidade senão seguir suas pegadas? Seguindo-as, viveremos de maneira bem mais leve. Fraternidade é cuidar, ajudar, tratar o outro com educação, colocar-se à disposição; é lutar para dirimir a violência, o desamor, a indiferença. Na comunidade de fé, ajudando nas pastorais, temos oportunidade de sair um pouco de nós mesmos, ajudar o outro, praticar o mandamento do amor fraterno. E todos são bem-vindos para trabalhar na vinha do Senhor. Só é preciso dar o primeiro passo.
Nesse intuito do amor fraternidade, vinde, Senhor, em nosso auxílio. Dai-nos olhos para perceber a vossa luz. Ajudai-nos a perceber a vossa presença na pessoa de cada irmão, cada irmã. Dai-nos a graça de levantar a cabeça, sairmos do nosso comodismo em favor do irmão. E, em tudo que vivermos, concedei-nos a graça de seguir as suas pegadas, pegadas de amor e de paz.
Luisa Garbazza
Publicação do jornal "Paróquia N. Sra do Bom Despacho".
Julho de 2019