sexta-feira, 5 de abril de 2019

Exaltação dos humildes



Estamos vivendo o tempo quaresmal. Durante estes quarenta dias, somos convidados a uma postura de oração, jejum e caridade. É preciso padecer um pouco: fazer abstinência de alguma coisa, deixar de comer algum alimento, reservar um tempo maior para a oração e ainda lançar um olhar sobre o irmão e ajudá-lo em suas necessidades.
Para os momentos orantes, recorremos à Palavra de Deus, presente no livro santo. As leituras bíblicas da liturgia nos levam a refletir sobre o pecado, a conversão, a súplica a Deus todo poderoso. Também nos convida a acompanhar os últimos passos de Jesus e a ouvir suas palavras, que nos dão lições de humildade, de desapego, de perseverança e nos convida a tomar nossa cruz e segui-lo.
Ao falar em lição de humildade, lembro-me das palavras do Padre Jayme, na homilia da quarta-feira, dia 20 de março. Comentando o Evangelho da mãe que queria escolher lugares para os filhos ao lado de Jesus, na vida eterna, Padre Jayme nos instruía sobre o valor da humildade.  Segundo ele, por mais que pensemos estar nas graças de Deus, não cabe a nós exigir alguma coisa. Mesmo que ocupemos um cargo mais alto, seja na sociedade, na política ou na própria Igreja, importa mais o modo como conduzimos esse cargo. Precisamos agir com humildade, servir o outro sem procurar nos enaltecer. Afinal, foi o próprio Jesus que nos disse: “Eu vim para servir, e não para ser servido”. – O próprio Padre Jayme nos dá o exemplo de humildade quando, pelas limitações do corpo, aceita as mãos que o levam ao altar.
Ouvindo as palavras do Padre Jayme, percebemos o quanto devemos estar vigilantes. Cuidar para que o ego não ocupe o lugar de honra em nossa vida. O que precisamos, de verdade, é nos convencer de que tudo o que fazemos é para Deus. Nada deve ser feito para nos engrandecer. E tudo deve ser a favor do irmão. A glória é, portanto, toda de Deus. O que fica de nós, diante do Criador, é o que somos lá no coração, onde só Ele vê. Como diz Madre Teresa de Calcutá, “Veja você que, no final das contas é tudo entre Você e Deus e não entre você e os homens”.
Jesus pregava a humildade. Em sua trajetória entre os homens, tinha sempre uma palavra de censura para os grandes e poderosos que não respeitavam os pobres e oprimidos. E sempre ajudava os humildes, mesmo aqueles que ocupavam um cargo mais elevado. Ele, sim, sabia ler o íntimo da pessoa e ver suas verdadeiras intenções, seus verdadeiros sentimentos. Por isso valorizava tanto os humildes de espírito e os chamava de bem-aventurados, porque deles é o reino dos céus.
Assim, neste tempo quaresmal, peçamos a Deus a graça de fazer tudo por amor. Saibamos nos colocar, de corpo e coração, à disposição dos mais necessitados. Há tanto a ser feito! “A messe é grande e poucos os operários.” Aprendamos de Jesus a lição de humildade. Aprendamos de Maria a lição de estar sempre pronta a atender a vontade do Pai: “Faça-se em mim segundo a vossa palavra”.
Dai-nos, Senhor, a graça de entender a nova aliança proposta por Jesus: “um novo reino de justiça e esperança, fraternidade, onde todos têm lugar”. Ajudai-nos, a não cairmos na tentação do egoísmo, do orgulho, da audácia de pensar que somos melhores que qualquer um de nossos irmãos e irmãs. Concedei-nos sabedoria para vivermos a verdadeira humildade, essa que nos leva a crer que somos todos iguais e precisamos de nos amar e de cuidar uns dos outros como aprendemos de vós. Amém.
Luisa Garbazza 

Publicação do jornal "Paróquia"
Abril de 2019