segunda-feira, 4 de julho de 2022

Antiga Matriz de N. Sra. do Bom Despacho

 

Meus queridos leitores, como é bom celebrar! Encher a alma de alegria e agradecer. Celebra-se as conquistas, os aniversários, as formaturas, celebra-se a vida. Celebrar é reconhecer algo de bom, é perceber que valeu a pena todo o esforço, todo o empenho, cada momento vivido. É dar graças a Deus por nos permitir colher os frutos das sementes que plantamos. Nós, da Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho estamos em tempo de ação de graças, celebrando os 190 anos de sua criação.

Voltando no tempo e na história, sabemos que a Provisão Régia de criação de nossa paróquia, em nome do Imperador Dom Pedro II, foi sancionada e executada em 14 de julho de 1832, quando Bom Despacho ainda nem havia se emancipado como cidade. Seu primeiro pároco foi o Padre Francisco de Paula Gonçalves. Depois disso, passaram por aqui vários párocos, alguns dos quais deixaram marcas no povo bom-despachense, como o Padre Nicolau Ângelo Del Duca, que, por seus feitos, mereceu uma estátua na praça, e o Padre Augusto Ferreira de Andrade, que foi pároco de 1924 a 1939 e ergueu, com a ajuda do povo de Deus, nossa majestosa Igreja Matriz.

Celebrando a história, temos, também em 1939, a chegada do missionário Padre Júlio Maria De Lombaerde, que veio assumir a paróquia. Era o início da “Era Sacramentina”, que se estende até os nossos dias. Com seu carisma, e com seus “discípulos”, Padre Júlio Maria implantou aqui um jeito novo de ser Igreja, baseado no amor profundo pela Eucaristia e por Maria, a Mãe da Eucaristia. Em tudo, ele ensinava a proposta do amor e sacrifício como meta de santidade e dizia: “Quero ser santo, custe o que custar”.

Jeito de ser Igreja

A Era Sacramentina teve como primeiro pároco o Padre João Balke, SDN. Semeando os ideais julimariano, foram muitos os sacerdotes sacramentinos que pisaram estas terras e aqui deixaram suas marcas. Lembro-me de minha mãe falar tanto do Padre Antenor Nunes Pimentel, SDN – bravo e criterioso –, e do Padre João Heffels, SDN – caridoso e catequético. Já da metade do século XIX para cá, os da minha geração nos lembramos de todos eles, párocos e vigários, até chegar ao Padre Márcio Antônio Pacheco, SDN.

Para merecer o título de paróquia, é preciso caminhar junto, viver a alegria de ser filho de Deus. Nossa paróquia, no decorrer dos tempos, registrou muitos momentos de espiritualidade e devoção popular, sementes lançadas na seara do Senhor. Segundo o relato dos nossos antepassados, a devoção popular sempre mereceu destaque na Semana Santa. Essa sim, até hoje, faz com que os fiéis se multipliquem para reviver a paixão, morte e ressurreição de Cristo. Mas também a devoção das primeiras sextas-feiras do mês, celebrando o Sagrado Coração de Jesus. Hoje essa devoção perdeu a força, mas ainda é sustentada pelo Apostolado da Oração. Dentre outras manifestações de fé, havia ainda a “Páscoa dos homens”, um momento de extrema espiritualidade, apenas para homens, que se confessavam e comungavam. Muitas famílias eram resgatadas por meio dessa prática.

E assim celebramos os 190 anos da paróquia e continuamos nossa caminhada de fé rumo ao céu, vivendo em comunidades, esforçando-nos pela evangelização dos nossos irmãos e irmãs e praticando o ideal missionário do hoje Servo de Deus Padre Júlio Maria. Não é fácil viver em comunidade, aceitando o sacrifício e tudo fazendo por amor, mas grande é a esperança. Esperança de uma paróquia mais humana e fraterna, de mais solidariedade, compromisso e respeito. É essa esperança que dá sentido ao nosso caminhar. E ela que nos impulsiona a continuar, pois nosso objetivo é, ou deveria ser, o mesmo do Padre Júlio Maria: chegar um dia ao céu.

Avante, Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho! 

Luisa Garbazza

Jornal da Paróquia - junho de 2022

luisagarbazza@hotmail.com