Essa
mania do brasileiro dizer uma coisa e escrever outra ganha mais intensidade a
cada dia. Consequentemente, também ganha intensidade a dificuldade de dominar
essa língua tão complexa. Já dizia Carlos Drummond de Andrade: O português são
dois; o outro, mistério.
“A linguagem na ponta da língua, tão fácil de
falar e de entender”, essa que aprendemos no dia a dia, é muito
diversificada. Vários fatores influenciam direta ou indiretamente na composição
do vocabulário de uma pessoa. São fatores sociais, culturais e regionais,
definindo o falar de cada um. Aprendemos uma “língua” diferente na família,
outra na rua e outra na escola. E diversificamos essa aprendizagem com a
chegada da adolescência. São gírias, neologismos, palavras estrangeiras,
pedaços de palavras, tudo vale para facilitar a comunicação. – Outro dia ouvi a
frase: “Se pá, rola.” – Que língua é essa?
“A
linguagem na superfície estrelada de letras”, aquela que aprendemos nos
livros, na escola, essa não é tão fácil assim. Poucos a dominam em sua
totalidade. O próprio Carlos Drummond de Andrade revelou em uma entrevista que
não passava um dia sem consultar o dicionário. Imaginemos nós, “meros mortais”?
Precisamos estar em constante treinamento. Ler muito. Escrever sempre. E
estudar. Aos poucos vamos aprendendo a respeitar as normas de escrita, tão
necessárias em qualquer profissão.
Assim,
diante dessas duas línguas iguais, mas tão diferentes, o importante é saber
adequar o uso de cada uma às circunstâncias impostas pela vida. Podemos, sim,
empregá-las, porém respeitando as regras de convivência. Podemos diversificar a
linguagem oral de acordo com o local em que nos encontramos e as pessoas que
participam da conversa, todavia, precisamos nos esmerar na linguagem escrita
para sermos bem entendidos por nossos leitores.
Para
isso, precisamos estar atentos com algumas palavras ou expressões que parecem
iguais. Na fala, às vezes, passam sem ser notadas; mas, na escrita, são muito
diferentes.
Eis
alguns exemplos que podem ajudar bastante na produção de qualquer tipo de
texto:
Mais
– mas
Mas é conjunção. Introduz uma ideia
contrária, adversa:
Ele
tem muitos livros, mas não gosta de ler.
Mais é advérbio. Indica intensidade.
Sempre
que viaja, ele compra mais livros.
De
mais – demais
De
mais – se opõe a de
menos. Havia livros de mais naquela
estante.
Demais – é advérbio de intensidade
equivalendo a muitos ou pronome indefinido equivalendo a os outros, os
restantes. Ele lê demais. Escolheu um
livro para ler e guardou os demais.
Onde – aonde – Pronomes
relativos. São empregados apenas para indicar lugar.
Onde – estático, sem movimento. Esta é a estante onde coloco meus livros.
Aonde – indica movimento,
destino. Ele disse aonde vai comprar
aquele livro?
Registro das horas
Para fazer o registro de
hora certa abreviada, siga os exemplos:
11h – 11h30min – 11h30
Não coloque ponto (11h.,
11h.30min.), nem dois pontos (11:30).
Muito
bem, aos poucos vamos dominando as artimanhas dessa língua complicada, porém
belíssima e cheia de possibilidades. E lembre-se de que a melhor dica é sempre
a leitura. Quem lê muito tem mais facilidade ao lidar com as palavras e escreve
bem melhor.
Portanto,
“leia mais”.
Luisa Garbazza