quarta-feira, 17 de abril de 2024

Aprendizado

 

Somos todos irmãos. Somos a Igreja de Jesus Cristo, o filho de Deus. Como irmãos em Cristo, estamos vivendo, mais uma vez, com a alma em estado de graça, neste tempo de Páscoa. Celebrar a ressurreição de Cristo é, para nós católicos, a certeza da vida eterna, a certeza de que vale a pena ser cristão. Nossa caminhada, ano após ano, revivendo as dificuldades e as alegrias do Cristianismo, é puro aprendizado. Cada celebração nos apresenta algo novo, mesmo que já tenhamos vivido várias vezes. É justamente esse aprendizado que vai nos preparar para nos aproximarmos, cada vez mais, das verdades e do estado de graça que nos levará um dia ao céu.

Um terreno fértil para esse aprendizado é a catequese. Esse tempo de estudo e práticas religiosas é muito importante para a formação das crianças e adolescentes. Não só a formação cristã, mas também de valores que ajudam a moldar o caráter de nossos catequizandos.

No mês de março, mais precisamente no dia 13, presenciei um desses momentos de aprendizado. Eu estava na coordenação da Liturgia, nesse dia, na Igreja Matriz. Preparando para a celebração, vi chegar a catequista Margareth e, aos poucos, seus catequizandos. Era uma turma de terceiro período, que receberão a Primeira Eucaristia ainda neste ano. Iam participar da Celebração Eucarística, e, no final, receber os livros de catequese, que seriam abençoados pelo sacerdote. Encantou-me, naquela turma, o quão atentos estavam à celebração. No momento da homilia, os olhos estavam todos fitos no Pe. Antônio Otaviano, SDN, como se absorvessem cada uma de suas palavras. Com certeza, aquele foi um momento de  muito aprendizado, para eles e também para mim, pois percebi, no olhar de cada um, o encantamento pela Palavra de Deus; no comportamento de cada um, a certeza de que estão sendo muito bem preparados para o momento do encontro com Jesus na Eucaristia.

Então, valendo-nos desse exemplo, que certamente se repetiu com as outras turmas de catequese, aproveitemos este momento em que fortalecemos nossa fé por intermédio da ressurreição de Jesus, para pedir a Ele que nos dê a graça de estarmos sempre em sintonia com seus ensinamentos, seja nas celebrações ou nas horas de estudos; seja nos exemplos que presenciamos ou na vivência de cada aprendizado.

Luisa Garbazza

Abril 2024


sexta-feira, 15 de março de 2024

Somos todos irmãos

 


Mais uma vez, em nossa caminhada de Igreja, vivenciamos a Quaresma. Mais uma vez, somos convidados a olhar para nós mesmos, a refletir e a buscar um jeito novo de viver como filhos de Deus, como irmãos, portanto. Na correria do dia a dia, no entanto, às vezes nos deixamos levar pelas relações por conveniência, ou relações genéricas, sem maior conexão. Por isso, nesse tempo quaresmal, à espera de um tempo novo, na alegria da ressurreição de Cristo, somos convidados a rever nossas atitudes e a olhar, com mais amor, para as pessoas com as quais convivemos ou que cruzam nossos caminhos. “Afinal somos todos irmãos.”

São os irmãos de sangue, nascidos na mesma família, que merecem nosso respeito e nosso carinho, ainda que seja em situações adversas.

São os irmãos de caminhada, os que frequentam os mesmos lugares, os que se sentam ao nosso lado na igreja, os que estão sempre presentes. Merecem o nosso olhar, um cumprimento amistoso, um sorriso, uma ajuda quando solicitada.

São os irmãos que estão nas calçadas e praças de nossa cidade e que, muitas vezes, tornam-se invisíveis aos nossos olhos.

São os irmãos diferentes, seja por doença, dificuldades físicas, classes sociais...

Enxergar além das diferenças nem sempre é fácil. Aliás pode ser muito difícil. Pode até causar estranheza ou desconfiança. Mas é essa a meta de cada cristão, tão propagada pelo Papa Francisco.

É justamente isso que a Igreja nos apresenta como tema para reflexão em 2024. Não basta, entretanto, rezar a Campanha da Fraternidade. É preciso mudar nosso jeito de olhar a realidade que nos rodeia. É preciso enxergar o outro tal qual ele é: um filho de Deus, assim como nós o somos. É preciso ir ao encontro do outro, saber de suas necessidades, ajudar a superar carências e dificuldades, sejam físicas, sociais, morais ou espirituais.

Como somos fracos e pecadores, confiemos na graça de Deus e peçamos a Jesus que nos ajude a cultivar essa boa vontade para “abraçar” o outro, para ver em cada pessoa um irmão, que tem os mesmos direitos, pois também é filho de Deus. Peçamos a Maria, nossa Mãe, que nos olhe com carinho e nos ensine o seu jeito simples de vencer as distâncias, de amar e de servir, sem distinção.

Luisa Garbazza

Março de 2024

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Fraternidade

 


Fraternidade é uma palavra bonita que enfeita nossos dicionários. O termo fraternidade ensina-nos sobre harmonia e união. Também nos faz entender a necessidade de sintonia entre aqueles que vivem em proximidade ou que lutam pela mesma causa.

Fraternidade é o que nos propõe o Papa Francisco, em sua encíclica “Fratelli Tutti”. Nesse texto, Sua Santidade dita pontos importantes para uma vida mais justa para todos os povos. Leva-nos ainda a considerarmos o planeta Terra como nossa casa comum, portanto digna de cuidados por todos nós. E ainda nos pede que sejamos solícitos para com os mais necessitados, “alimentemos o que é bom, e coloquemo-nos ao serviço do bem”.

Fraternidade é o tema da Campanha da Fraternidade 2024. Com o tema “Fraternidade e amizade social” e o lema “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8), traz-nos mensagem de união, que nos impulsiona a viver a fraternidade e lutar contra tudo que possa causar separação, como o ódio, as guerras e a indiferença.

No período quaresmal, dentro do caminho penitencial da Igreja, somos impelidos a refletir, com mais intensidade, sobre conversão e amizade social por meio do conhecimento da vontade de Deus para o seu povo: que sejamos todos irmãos. É o convite para que reconheçamos que a fraternidade humana é aberta a todos. Não podemos limitá-la aos que nos rodeiam e comungam de nossas ideias. Precisamos expandi-la aos que pensam diferente de nós. A campanha retoma o sentido da vida partilhada, em comunidade, que é uma característica marcante da Igreja de Cristo. É preciso jogar a semente, viver e propagar o evangelho.

Assim sendo, querido leitor, em quaisquer dos aspectos abordados sobre a palavra fraternidade, um só é nosso objetivo: “Despertar para o valor e a beleza da fraternidade humana, promovendo e fortalecendo os vínculos da amizade social, para que, em Jesus Cristo, a paz seja realidade entre todas as pessoas e povos”.

Com esse pensamento, trilhemos um caminho de verdadeira penitência e conversão e rezemos: “Deus Pai, ensinai-nos a construir uma sociedade solidária sem exclusão, indiferença, violência e guerras! E que Maria, vossa serva e nossa mãe, eduque-nos para fazermos vossa santa vontade! Amém”.

Luisa Garbazza

Fevereiro de 2024

terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Carta ao Pe. Júlio Maria

 


Bom Despacho, 8 de janeiro de 2024

 

             Querido Padre Júlio Maria

 

Com alegria, escrevo-lhe para demonstrar o carinho que tenho pelo senhor e a admiração que sinto por tudo o que realizou e pelo que representa para nós, conhecedores de sua passagem pela vida mortal.

            Com o intuito de conhecer seus passos, deixei-me levar pela emoção nas páginas de seu “Diário Missionário”. Caminhei com o senhor em suas idas e vindas para concretizar o propósito de servir, como “irmão branco” – Irmão Optato Maria – na África, até se tornar sacerdote da Congregação da Sagrada Família, na Europa.

            Acompanhei sua obediência e sua confiança em Deus, quando soube que viajaria rumo ao desconhecido: o norte do Brasil. Hora nenhuma percebi, em suas palavras, o desejo de pedir para ficar. Seu coração generoso abraçou a missão, pois a alma missionária não o deixava esmorecer. Viagem difícil, repleta de provações, mas um latente desejo de chegar e colocar-se a serviço dos necessitados.

            Como foi grande, meu querido padre, o legado construído na precariedade do norte do Brasil. Em seu “Diário Missionário”, encontrei mais que um padre em missão, encontrei um servo de Deus disposto a tudo pelo bem de seus filhos espirituais. Encontrei um padre, um irmão, um pai, um catequista, um médico do corpo e da alma, um homem forte que enfrentava os desafios da natureza e a ignorância humana sem se desviar de seus objetivos. Ali deixou marcas, como a Congregação das Filhas do Imaculado Coração de Maria.

            Padre Júlio Maria, sou grata a Deus e ao senhor por sua presença aqui nas Minas Gerais! Visitar Manhumirim e ver de perto as obras que construiu, fez-me confirmar cada palavra – ouvida e lida – que já soubera a seu respeito. O homem forte – de corpo, alma e espírito – constatado em seus feitos: construção do hospital, asilo, colégio, patronato, igreja e do majestoso seminário. Além das congregações dos “Missionários de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento” e das “Irmãs Sacramentinas de Nossa Senhora”.

            Obrigada pelo exemplo de vida santa, pelo amor profundo a Jesus Eucarístico e pela devoção, sem reservas, a Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, que modificou a vida de muita gente. Inclusive a minha. Hoje tenho a feliz oportunidade de segui-lo como “Missionária leiga sacramentina”. Meu coração sacramentino quer agradecê-lo por tudo que fez em favor de todos nós.

Obrigada, missionário! Interceda por nós, para que possamos seguir fielmente seus passos de amor, sacrifício e fé.

 

Até um dia.

Grande abraço desta sua devota, que já o tem como santo.

                                Luisa Garbazza


(8 de janeiro: Memória do Batismo do Pe. Júlio Maria.)