terça-feira, 27 de dezembro de 2016

O brilho do ano novo


Final de ano é tempo de reflexão,
de pensar em tudo que vivemos:
no que realizamos e no que ficou apenas no desejo,
guardado nas gavetas da memória.

Muitas alegrias foram vividas, mas muitas foram podadas.
Muitos risos foram sufocados na garganta e substituídos por alguma lágrima traiçoeira, fruto de tristezas, 
dias mal vividos, frustrações.

Todo início de ano há, em cada um de nós, 
um forte desejo de que algo novo aconteça, 
paralelo ao ano que começa:
novos sonhos, novos planos, novas expectativas.

Todo início de ano traz esperanças:
de dias melhores, de acontecimentos melhores,
de melhores momentos.

Todo início de ano, sonhamos em ver nossa estrela,
cada vez mais bela,
brilhando no céu da existência.

Que aja muito brilho em 2017.

E se for para brilhar, que seja o brilho dos olhos;
o bilho dos lábios que oferecem um sorriso;
o brilho do amor, da solidariedade, da humildade;
o brilho do encontro, do abraço, do beijo;
o brilho de Jesus refletido na vida de cada um;
o brilho da alma que transborda paz;
o brilho do céu.

              Luisa Garbazza
27 de dezembro de 2016

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Chuva de cristal


O tempo aparece sem cerimônia:
não pede licença para mudar.
Passa do claro ao escuro pesado,
Do azul, ao cinza, mesmo o rosado,
tanto agrada, como pode assustar.

E quando esse tempo fica revolto,
as nuvens densas, muito carregadas,
em um espetáculo sem igual,
descem, caem em gotas de cristal,
límpidas, frias, leves ou pesadas.

Gotas de cristal molham os telhados,
lavam calçadas, a terra umedece,
limpam as ruas, purificam o ar,
enchem rios, fazem vida renovar,
quer seja manhã, ou quando anoitece.

Gotas de cristal que entram nas casas
dos pobres, humildes, desvalidos.
Caem na sala, encharcam o chão,
molham a cama, desalojam o irmão:
entram pelos telhados corroídos.

Gotas de cristal que caem agora,
sem valia, sem cor, luz, sem beleza,
dos olhos dos que estão desamparados,
que nas ruas vivem todos jogados
e da vida já nenhuma certeza.
Luisa Garbazza
13 de dezembro de 2016
Noite de chuva em Bom Despacho

sábado, 10 de dezembro de 2016

Gente que vem, gente que vai



Viver é um mistério.
A vida, efêmera como é, encarrega-se de ir descortinando, à nossa volta, os quadros que farão parte da galeria de nossa existência. Nem sempre eles se apresentam como perfeitas obras de arte. Às vezes trazem borrões, sombras, partes ocultas; às vezes, aparecem cenas inacabadas. Muitas vezes, entretanto, a aquarela da vida nos brinda com cores vivas e belas imagens que nos proporcionam alegria e paz, nos impulsionam e nos dão força e equilíbrio na caminhada do dia a dia.
Nesses trilhos da vida, sejam cheios de luzes e cores ou ofuscados pelas sombras, nunca estamos sós: são muitos os que acompanham nosso viver. Uns nos acompanham a vida toda; outros, por um longo tempo. Alguns ficam por pouco tempo; outros, por algumas horas, instantes talvez. E nós também estamos sempre cruzando os passos de outras pessoas. A vida vai determinando o tempo e o lugar para cada encontro: cada chegada, cada partida.
No entanto não é o tempo de convivência que determina a força da presença de alguém em nossa vida, e sim as circunstâncias, o modo de agir, os acontecimentos. Há os que estão por perto a vida toda e nem se aproximam de fato. Há os que andam de mãos dadas conosco em certos percursos da caminhada. E há, ainda, aqueles tão especiais que algumas horas são suficientes para se tornarem inesquecíveis.
Em uma dessas idas e vindas da vida, ela nos trouxe uma pessoa muito especial. Alguém que aqui veio há uns seis anos, com jeito desconfiado e ares de “o que eu estou fazendo aqui”.  Alguém que chegou com certo receio do desconhecido, mas trouxe à sua frente a fé e a marca da presença de Nosso Senhor Jesus Cristo: Padre Mundinho. Parecia um pouco distante, mas, passado “o susto”, concentrou-se em sua missão e, com responsabilidade, determinação e muito trabalho, tornou-se um pároco prestativo, popular e respeitado. 
Durante esses seis anos, Padre Mundinho foi conduzindo o povo, fortalecendo as comunidades, fazendo amizades, criando laços. Agora chega a vida – com suas voltas que nem sempre são fáceis de absorver – traçando um novo quadro: outros caminhos, outras cores, novas paisagens. Quando contemplamos a nova realidade imposta pela vida, percebemos a ausência de algumas pessoas e notamos outras que sequer imaginávamos. Nessa reviravolta, encontramos novamente o Padre Mundinho. É dele a silhueta que falta nessa nova paisagem. É dele a ausência sentida. O barco da vida veio e chamou-o para navegar em outras águas. E permanece ali, ancorado, lembrando que o dia da partida – já marcado e sabido de todos – se aproxima, seja o tempo favorável ou não.
Ainda bem que temos esse tempo de espera. Assim podemos ir nos acostumando com a ideia. Podemos aproveitar os últimos dias para demonstrar afeto, amizade, carinho. Temos tempo para dizer-lhe o quanto lamentamos sua partida. Dizer-lhe que sua presença – que começou um pouco apagada, tal e qual a maioria dos começos – ganhou força, brilhou, tornou-se fundamental entre nós. Temos tempo para falar da segurança que sentimos em sua companhia, da confiança e do reconhecimento por tantos projetos realizados em prol da paróquia. Tempo ainda para dizer do coração apertado, para desejar-lhe uma partida serena e uma estada feliz. Que o barco da vida possa levá-lo para águas serenas e férteis na fé e no acolhimento. Que sua presença possa transmitir luz e cor naquela paisagem.
Padre Mundinho, obrigada pela confiança e pelo privilégio de trabalhar com o senhor durante todo o seu ministério aqui, na Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho. Foi um tempo de muito trabalho, mas de muita alegria. Que Deus o abençoe em sua nova missão. Quem sabe um dia a vida nos pinte uma bela aquarela e, entre as paisagens sugeridas para os próximos anos, possamos enxergá-lo novamente nessas paragens!?!
Luisa Garbazza
Publicação do jornal "Paróquia N. S. do Bom Despacho"
Dezembro de 2016

Homenagem ao pároco Pe. Mundinho.





terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Almas entrelaçadas


Duas almas no amor são envolvidas.
De dois corações, essências sentidas.

A vida com outra vida concorda.
E por não se bastar, cresce, transborda.

Renasce então uma bela esperança,
que vem em forma de uma criança.

Venho com carinho felicitar,
pelo filho que breve vai chegar.

Antes do começo era esperado
E por todo o sempre será amado.

Que venha saudável, cheio de luz
e seja abençoado por Jesus.

Não tem rosto nem voz que se escutar,
Mas dá para imaginar seu olhar.

À família traga paz e euforia

e seja ponte, força e harmonia.

Dos pais, amor e desejo sentidos:
– Ver nos meus os seus olhos refletidos.

Da mãe – Regiane – toda alegria
Do pai – Aelson – o sonho e a magia.

Trará mais vida a esse matrimônio
a chegada de um príncipe: Antônio.

Luisa Garbazza
5 de dezembro de 2016

A inspiração não escolhe motivos nem momento para se manifestar: foi olhar essa foto e me emocionar.
Então ouvi o coração gritar: "Escreva! Escreva!"
Não resisti.   

Aí está: uma homenagem à minha sobrinha Regiane – futura mamãe   e sua família.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Vigiai e orai

A Igreja está vivendo um período de renovação: o novo Ano Litúrgico já começou. Estamos celebrando o Advento: tempo de preparação para a chegada do Salvador. Cada cristão é convidado a fazer a sua renovação pessoal, o seu retorno à casa do Pai, a sua preparação para bem viver o Natal.
Neste tempo de revisão de vida, precisamos nos lembrar das palavras de Jesus: “Vigiai e orai, para não cairdes em tentação”. (Mt 26,41) Esse “Vigiai e orai” deve nos acompanhar por toda a nossa vida, mas, em alguns tempos litúrgicos, a Igreja nos coloca essa máxima para ser vivida com mais fervor. Estar vigilante significa não se descuidar das coisas sagradas, não se entregar às coisas mundanas, seguir o que Jesus nos ensinou e permanecer em sintonia com Deus. Isso, em tudo que vivemos e somos.
Vigiar a forma de viver, de lidar com os problemas impostos pela vida. Nossas atitudes, nossos pensamentos, a forma com que tratamos as pessoas à nossa volta, principalmente os menos favorecidos, a maneira como acolhemos o outro com todas as suas dificuldades e diferenças, tudo isso vai nos mostrando se realmente estamos vigilantes. Na imensidão do universo, somos apenas um grão de areia, nada mais que isso. De nada vale um coração cheio de vaidades, de sensação de poder, de pensamentos superiores, cogitando sermos mais que aqueles ou aquelas. Talvez, quando pensamos assim, é que nosso grãozinho de areia esteja passando por transformações e perdendo intensidade. Talvez quando nos julgamos grandes, estamos menor ainda diante de Deus; quando nos julgamos poderosos, somos mais frágeis do que possamos imaginar. Na verdade, quando imaginamos que não precisamos do outro, que somos capazes de tudo, estamos perdendo a oportunidade de conviver com as pessoas, descobrir as qualidades dos outros, conhecer a maravilha de trabalhar em equipe, um ajudando o outro, buscando novas possibilidades, aliviando o fardo.
Orar a todo o momento, por nós mesmos e pelas outras pessoas, pois somos todos filhos de Deus. Orar pelos que estão ao nosso lado, lutando as mesmas batalhas, buscando os mesmos ideais, e pelos que estão do lado contrário, impulsionando o barco para águas turvas e difíceis de navegar. Orar não só por aqueles que vivem e pregam o amor, a ternura e a paz, mas também pelos que carregam em si a frieza da razão, que vivem sem coração e sem fé, deixando atrás de si rastros de desesperança e aridez. Orar por todos os que esperam em Deus, que fazem da vida uma entrega aos desígnios divinos; também pelos que ainda não descobriram em si mesmo a presença do Todo-Poderoso. Orar pelos que vivem edificando e plantando flores no jardim do vizinho; orar também pelos que vão semeando desertos, destruindo sonhos, plantando desamor. 
Vigiai e orai todo tempo. Peçamos a Deus a graça de atravessar esse tempo do Advento com esse pensamento: preparar o nosso coração para receber o Deus-menino que quer nascer entre nós. Que possamos reconhecer no outro a presença desse Jesus que vem e, assim, ver no semelhante alguém digno de ser amado, ser cuidado e respeitado, pois é nosso irmão, filho do Pai celeste. Peçamos a graça de um coração vigilante, não apenas agora, mas em cada dia de nossa existência. Peçamos também, a graça de estarmos sempre preparados para a chegada de Jesus em nossa vida. Assim, quando Ele se aproximar e perguntar "Quem enviarei? Quem irá por nós?", podemos responder, sem vacilar, tal e qual o fez o profeta Isaías: “Eis-me aqui, Senhor! Envia-me!”.
Luisa Garbazza

Publicação do Informativo Igreja Viva
Paróquia N. S. do Rosário
Dezembro de 2016