terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

O dom da espera

 


Queridos amigos, ao iniciar o mês de fevereiro, abertos a tantas expectativas, vivemos ainda o chamado “tempo chuvoso”. Como faz bem para a alma contemplar a natureza, tão verde, tão agradecida pela chuva. Nessa contemplação, podemos perceber, em cada porção de verde, a presença do Criador. Há ali muito o que aprender.

A natureza me inspira e me ensina. Gosto de apreciá-la, mas também de me envolver com ela, colocar as mãos na terra, prepará-la para o plantio. Quanto prazer sinto ao aprontar um novo vaso, plantar uma mudinha e acompanhar seu desenvolvimento. Lembro-me de quando ganhei uma pequena muda de flor-da-lua (ou flor-da-noite, flor-de-seda, dama-da-noite). Levei-a para casa com todo carinho e fiz o plantio com cuidado. Em pouco tempo, apareceu o primeiro broto. Depois as primeiras folhas, mais brotos, mais folhas... cresceu muito. Ficava ansiosa pelas flores, que só conhecia por foto. Em cada brotinho que apontava, procurava vestígios de flor. Nada. Demorou um bom tempo para eu ter a oportunidade de ver aparecer os primeiros botões e acompanhá-los até se tornarem flores. Valera a pena tamanha espera! As flores vieram com um encanto único, de encher os olhos e a alma.

Viver a arte da espera

Nesse contato com a natureza, adquirimos, ou desenvolvemos, a arte da espera. Hoje sei, por exemplo, que minha flor-da-lua floresce mais ou menos de dezembro a janeiro. Então tenho dez meses para cuidar e esperar pelas flores. De nada me adianta ficar ansiosa ou pensar em desistir. A natureza sabe exatamente o tempo do descanso, do broto, da flor. É isso que ela nos ensina: na vida há, também, o tempo certo para cada coisa.

Estamos vivendo justamente essa experiência em nossa paróquia. Aproveitamos, por seis anos, o tempo de convivência com o padre Márcio, com o qual muito aprendemos. Passamos pelo tempo da despedida. Agora estamos nesse tempo de descanso, tal e qual a terra, vivendo, com ansiedade, o tempo de espera pelo padre Renato.

Há sempre uma grande expectativa em tudo o que é novo, em toda mudança. A semente fora lançada há algum tempo, ainda em 2022. Mas, como aprendemos com a natureza, confiemos em Deus e esperemos o tempo certo para ver essa semente crescer no meio de nós. E respeitemos o tempo que for necessário para contemplarmos as primeiras flores trazidas a nós pelo padre Renato.

Aproveitemos este tempo de espera para alguns momentos de oração, tanto pelo novo pároco, quanto pelos Missionários de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento e pela Igreja: Papa Francisco, bispos e presbíteros e todo o povo de Deus. Afinal estamos vivendo o 3º Ano Vocacional: “Vocação: Graça e missão”. Somos todos convidados ao despertar de todas as vocações. Precisamos nos unir em oração para acolhermos o chamado de Deus em nossa vida, seja para qual vocação for: sacerdotal, religiosa, vocação matrimonial ou leiga, inclusive vocação profissional. O que importa é seguir uma vocação por amor, de boa vontade e coração ardente. Dessa forma, alegres, esperançosos e confiantes, permitamos que nossos pés se ponham a caminho, em saída missionária, para construirmos um mundo mais humano, mais justo, mais fraterno.

Aprendemos que todo tempo de espera, quando bem vivido, vai resultar em belas flores ou em farta colheita. É imprescindível, no entanto, saber esperar e confiar no Criador. Com esse pensamento, abramos o nosso coração para a graça de Deus e acolhamos, com prazer, sua vontade no meio de nós.  Assim poderemos dizer, com alegria, quando chegar o momento certo:

– Seja bem-vindo entre nós, padre Renato!

Luisa Garbazza

Texto publicado no jornal "Paróquia N. Sra. do Bom Despacho".

Fevereiro de 2023