segunda-feira, 31 de maio de 2021

A força da fé

 


Um legado essencial para nossa vida espiritual, que acompanha o homem em toda a história da salvação, é a FÉ. Essa palavrinha, tão reduzida, se agiganta para além da nossa capacidade de percepção. Como entender a crença dos que vivem sem nenhuma assistência e ainda louvam a Deus, confiam em sua misericórdia, esperam dias melhores? Como interpretar a fé daqueles que não sabem de onde virá o sustento para o dia seguinte? Como compreender a confiança que alimentou a vida de mulheres como minha mãe: família numerosa e recursos ínfimos? Na extrema pobreza, faltava tudo, menos a esperança e, acima de tudo, a confiança na bondade do Pai. Minha mãe, em cada dificuldade, que foram tantas, repetia a frase: “De hora em hora, Deus dá a melhora.” E assim confiava, embora essa melhora, na maioria das vezes, fosse apenas melhora da esperança e crescimento da fé. As dificuldades se sucediam, mas Deus vinha à frente de qualquer problema. Ela nunca se deixou abater, nunca blasfemou, nunca perdeu a fé. E conservou içada a bandeira que marcou seu viver: a coragem de lutar.

Essa certeza de que nunca estamos desamparados dá razão de ser à existência de todo homem temente a Deus. A fé proporciona alegria para os momentos de euforia; combustível para as horas de dificuldade e incerteza; alento para os instantes de tristeza e dor. Dia após dia.

É a fé também que me leva a voltar o pensamento para Deus e me dedicar a escrever esta crônica, mesmo com a limitação dos movimentos por causa de uma queda que resultou em um ombro quebrado e o braço direito imobilizado. Apenas com a mão esquerda, as palavras demoram a se formar frente aos meus olhos. Mas a certeza da presença de Deus me motiva a continuar digitando, letra por letra, até tornar-se palpável o pensamento que o Espírito vai suscitando. Não é um trabalho fácil. Às vezes a ansiedade, por causa da demora, provoca certo desconforto. A fé, no entanto, é persistente: uma paradinha para um copo d’água, uma oração e o recomeço. As palavras, uma a uma, vão fazendo sentido, e o texto começa a ganhar forma. E vem a gratidão a Deus pela graça recebida.

 Perseverança

Nessa história de confiança em Deus, não basta acreditar apenas em alguns momentos. É preciso perseverar na fé. É ela que nos dá suporte para ultrapassar obstáculos – ou conviver com eles – sem nos esquecermos de que Deus nos acompanha sempre, mesmo nas horas mais difíceis. Algumas vezes, vemos algumas pessoas desanimando no meio do caminho, quando as barreiras da vida se mostram mais altas do que o esperado. Sucumbem ao medo, à desesperança, à descrença. E, não raro, perdem o rumo e não conseguem mais encontrar o caminho de volta. Esquecem a fé. Mas se duvido, é porque não tenho constância naquilo em que acredito. Se creio, levo essa crença para todo o sempre.

Para nos mantermos nos caminhos retos, muito nos valem os exemplos. E são muitos. Gosto de observar o povo de Deus e as pistas que vão deixando para os irmãos de caminhada. Ultimamente, observo uma senhorinha. Com os cabelos brancos e passos morosos, por causa da idade, conserva o semblante sereno, uma doce simpatia e olha para mim sempre com alegria nos olhos. Todos os dias, lá está ela, no primeiro banco da igreja. Chega cedo para rezar o terço antes da missa. Mora longe, anda a pé, mas nada a impede de participar da celebração. Nem mesmo a pandemia, que afastou tanta gente da casa de Deus, diminuiu seu entusiasmo. Atenta a tudo, já a vi se emocionando durante a celebração. Fico às vezes imaginando o que está guardado em seu coração. Quantas histórias vividas! Com certeza, já passou por muitos momentos de provação, todavia conserva a serenidade, a devoção a Jesus e Maria e a perseverança.

Essa senhorinha que, pelo amor ao sagrado, me faz lembrar de minha santa mãe, é a dona Teresa. Pelo seu exemplo de pertença a Deus, por suas atitudes e por sua presença constante na igreja, posso dizer, sem medo de errar, que dona Teresa é uma mulher de fé.

Luisa Garbazza

Jornal "Paróquia N. Sra. do Bom Despacho
          Junho 2021

sábado, 8 de maio de 2021

Dia das Mães 2021



De filho para mãe

 

Mãe – tão pura criatura –

que foi por Deus escolhida

pra gerar um novo ser;

tu és formosa figura,

cuja missão é cumprida

na magia do viver.

 

Um abraço, mãe querida,

É todo teu este dia,

com tudo que te condiz.

As tristezas desta vida

tornam-se em alegria

ao ver teu filho feliz.

 

Agradeço-te, mãezinha,

o sentimento contido

que guardas no coração.

Por seres nobre rainha

tens pelo filho querido

profundo amor e perdão

 

Por todo bem que fizeste,

pelo amor que te enobrece,

é teu o maior troféu.

E o carinho que me deste

eu te devolvo em prece

ao Pai e à Mãe do Céu.

 

Mesmo com filho distante,

sem abraço, sem presença,

por causa da pandemia,

alegra-te o semblante

por terás por recompensa

o amor da Virgem Maria.



Parabéns, mamãe.
Parabéns a todas as mães.
Coração de mãe é ninho que abriga um ou muitos filhos e ali os tem pela vida toda. Pode passar o tempo, os filhos podem ir para longe, mas as mães guardam no coração a essência daquela vida que saiu da sua e na sua vida permanece. Para sempre.
Abençoadas sejam, queridas mães.

Luisa Garbazza
Maio de 2021

Homenagem à minha Mãe do Céu, à minha mãe da terra - que hoje também está no céu - e a todas as mães.



domingo, 2 de maio de 2021

Proteção materna

 


Todo ano, quando maio enfeita o calendário, as homenagens são voltadas para as mães. Quando se tem uma mãe aqui na terra, a festa, regada com muito amor, ganha brilho e cor. Mas para quem, assim como eu, perdeu esse privilégio a alegria é permeada da ausência sentida. Sobram as lembranças. O coração sente a dor da saudade, mas também a ternura deixada pela convivência materna.

Em minhas lembranças, volto no tempo de infância e vejo minha mãe: linda, alegre, brincalhona, trabalhadora, mulher de fé, que teve de se dividir em dez para atender a todos os filhos. E subdividir-se em tantas, pois também auxiliou muitas mães a trazerem seus filhos à luz.  E ajudou a cuidar dos filhos de muita gente. Vivendo na simplicidade, desprovida de vaidade, assim nos educou, ensinando-nos os valores que ficam. As lembranças levam-me ao sítio onde morávamos. Espaço de natureza intocada. Então, no “Dia das Mães”, saíamos pelos campos colhendo as flores mais lindas para ofertar à nossa mãe, a querida dona Maria. Quanto amor e ternura havia naquele gesto! Amor infinito, guardado no peito, que invocam algumas lágrimas enquanto escrevo essas linhas.

Voltando à realidade, penso no ser humano e em sua necessidade de proteção, em especial a proteção materna. E não é apenas na infância. Engana-se quem se acha tão independente que não precisa do carinho de mãe. Elas são sempre necessárias. Como é bom ter alguém com quem dividir os problemas, que nos dê atenção, nos olhe nos olhos e faz-nos perceber que somos amados, como só uma mãe sabe amar. Neste mundo louco, em meio ao egoísmo e à correria, as mães são aquelas que estão semp[LG1] re ali, dispostas a nos ouvir e com uma palavra amiga a nos oferecer. Durante a vida toda. Já faz sete anos que minha mãe foi morar no céu e ainda é tão presente e necessária em minha vida.

 Proteção da Mãe das mães

Falando em necessidade, vejo as dificuldades pelas quais estamos passando, neste tempo de pandemia. Estamos todos um pouco carentes de afeto, de carinho, da presença uns dos outros. Inclusive das mães, muitas vezes. Mães que estão mais velhas, ou adoentadas, e têm que se privar da presença dos filhos, para não ficarem expostas a uma possível contaminação pela Covid 19. Muitos filhos estão carentes dessa presença confortadora, que dá ânimo e força na caminhada. Quantas mães vão passar o “Dia das Mães” sozinhas, sem abraço, sem carinho, sem afeto, sem “vida”. É aí que se faz tão necessária a proteção da Mãe das mães.

Maria, mãe do filho de Deus, é mãe por excelência, por isso abraçou a maternidade dos filhos e filhas de Deus. Maria sofreu tanto! Ela soube ouvir o que o Senhor Deus lhe disse, aceitou sua missão, apesar das dificuldades imensas, dividiu com Jesus as dores da cruz e aceitou, no momento da dor mais profunda, quando via seu filho morrendo, ser mãe da humanidade. Ela é nossa Mãe. Todos temos licença para sentar em seu colo e pedir um pouco do seu amor, que é infinito e abrangente, sem reservas ou discriminação.

Neste mês de maio, mês em que celebramos as mães, é a essa mãe amável, admirável, venerável, louvável, poderosa, fiel que me recorro. É a ela, saúde dos enfermos, refúgio dos pecadores, consoladora dos aflitos, que peço por todas as mães. Olhai com bondade, Mãe do céu, para as mães aqui na terra. Sede a alegria das mães que convivem com os filhos, o alento e a companhia para as que têm filhos distantes, o consolo e a mão que enxuga as lágrimas daquelas que perderam os filhos. Seja mãe presente na vida dos que estão privados da presença física da mãe, seja pela distância, seja pela morte.

Maria, mãezinha do céu, Rainha dos Anjos, Rainha da Paz, neste mês das mães – e sempre - dai-nos vossa proteção. Dai-nos vossos braços que acolhem, vosso colo que nos aconchega e faz-nos entender seu amor. Amém.

Luisa Garbazza

luisagarbazza@hotmail.com


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