terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Preparação para o Natal

 


“Então é Natal. E o que você fez?” – diz-nos uma antiga canção. Isso nos leva a meditar sobre nossa condição de filhos de Deus e de irmãos em Cristo. Mais uma vez nos aproximamos da grande festa do nascimento do Menino Jesus. E o que fizemos, durante todo o ano, para nos tornarmos mais dignos de chegar perto da manjedoura? Como cristãos católicos, não podemos deixar que o Natal seja apenas dias de festas e troca de presentes. É preciso estar conectados com o sagrado, preparar espiritualmente e sentir, verdadeiramente, a magia da chegada do Filho de Deus.

Nesse sentido, a Igreja nos propõe a realização da novena do “Natal em família”. São leituras bíblicas, textos, reflexões e orações que, rezados e meditados em grupos, vão nos proporcionar uma melhor vivência desta data tão importante. Através da oração, da conversa em família, de uma alegre confraternização, vamos nos sentir mais humanos, mais leves, mais preparados para o grande encontro com nosso Salvador. Vamos nos sentir mais dignos de nos aproximarmos, como os pastores, que “foram e encontraram Maria e José, e o recém-nascido, deitado na manjedoura”, tal qual nos sugere o tema da novena deste ano, na diocese de Luz.

Somos convidados a sair ao encontro do outro, de outras famílias, de outros grupos, para, em sintonia, meditarmos sobre o que nos falta para viver, de forma mais santa, o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo. Da mesma forma, perceberemos como ajudar o outro a se abrir e deixar a graça de Deus penetrar em seu coração. Como comunidade, somos mais fortes. Não nos deixemos ficar cada um em seu mundo. Unamos nossas vozes para rezar e aprender. E, mais que isso, estarmos preparados para, quando ouvirmos a voz do anjo anunciando o nascimento de Jesus, sairmos, às pressas, para adorá-Lo.

Aproveitemos bem então, queridos irmãos, esse tempo do Advento. Mais uma oportunidade que temos para nossa conversão, para propósitos de mudança de vida e de oração, atendendo ao chamado do Papa Francisco, que pediu a toda a Igreja que o ano de 2024 seja dedicado à oração, em vista da preparação para o grande Jubileu de 2025: “Jubileu da esperança”.

Estejamos preparados. Assim, na Noite Santa, sentindo entre nós o Salvador, poderemos sair glorificando e louvando a Deus, com o coração em ação de graças.

Luisa Garbazza

Publicação do jornal “PARÓQUIA N. Sra. Do Bom Despacho”

Dezembro de 2023

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Mãos erguidas em Ação de Graças

 


“Em tudo demos graças a Deus”, já dizia São Paulo em sua carta aos tessalonicenses. E o mesmo ele diz a nós hoje. Dar graças em tudo é a maneira de reconhecer que tudo provém de Deus, nosso Pai, justo, amoroso e perfeito. Por isso, na Celebração Eucarística, quando o padre reza “Demos graças ao Senhor nosso Deus.”, nós respondemos: “É nosso dever e nossa salvação”.

Mês de novembro, caminhando para o final do ano litúrgico, vivemos um tempo de ação de graças. Tempo de olhar para trás e perceber quanta maravilha Deus fez por nós em nossa vida de família, de comunidade, de igreja. Tempo de reconhecer que não teríamos realizado tantas coisas, não fosse a mão de Deus, que paira sobre nós, a presença constante de seu Filho, Jesus Cristo, e a força de seu Santo Espírito.

Nós, da Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho, damos graças a Deus por pertencermos a uma paróquia sacramentina. Graças pelo primeiro ano do Padre Renato Dutra Borges, SDN, como nosso pároco, um ano de muito aprendizado e esperança. Demos graças pela presença dos padres Antônio, André, Júnior e Estevam. Mas também agradecemos por toda a paróquia: todas as comunidades que caminham em sintonia, celebrando a mesma fé; todas as pastorais, movimentos, equipes de liturgia; as mãos que se ocupam da limpeza, da organização e da ornamentação dos templos sagrados; cada dizimista, cada um que estende sua mão e faz a sua oferta de coração agradecido; cada fiel que se une em oração na celebração maior do cristão católico: a santa Missa; enfim, todos os que se doam para o bom andamento das atividades paroquiais, em prol da Evangelização.

Por tudo isso, Senhor, por todas essas pessoas e por todos os vossos filhos e filhas, nós erguemos as mãos e vos damos graças. Obrigada por ser o nosso Deus e por nos acompanhar na caminhada da vida.

Ficai conosco, Senhor! Fazei com que nosso coração transborde de fé e de esperança. Assim renovaremos nossas forças para começar o novo ano litúrgico e, em todas as circunstâncias, seguir o que nos ensinou Maria: “Fazei tudo o que Ele vos disser”.

Luisa Garbazza 

Publicação do Jornal Paróquia N. Sra. do Bom Despacho

Novembro de 2023

 

terça-feira, 10 de outubro de 2023

A pureza da criança

 



Nas voltas e idas desse emaranhado que é a vida humana, desperta-me a curiosidade pela riqueza dos relacionamentos. Intriga-me os olhares – mesmo os de soslaio –, as longas conversas ou os breves diálogos – monólogos até –, o toque, o abraço. Às vezes me distraio observando as pessoas pelas ruas e divirto-me com as conversas altas por meio dos celulares. Há tanta diversidade! E tantos modos de se relacionar. Para ocasiões diferentes, para pessoas diferentes, diferentes formas de se aproximar, de falar a primeira palavra, de estender as mãos, de oferecer o abraço.

Em minha timidez, os relacionamentos, em sua maioria, não são muito profundos. Como muralhas que se interpõem entre mim e o outro, vem a dificuldade de manter um diálogo, de adentrar o coração do meu interlocutor ou de abrir as portas para que ele participe de minha vida. Quase sempre, faço uso apenas da função fática da linguagem: “Bom dia!”, “Como vai?”, “Tudo bem?”. Muitas vezes permaneço no vazio de mim mesma. No fundo, sinto-me pequena para compor as notas da música da vida em sociedade. Se a pessoa não me convida, fico no meu canto, sem coragem de me apresentar para tal. Às vezes sinto-me insegura ao pensar que minha atitude possa ser interpretada como arrogância, mas é pura timidez.

Quando encontro uma criança, no entanto, meu coração se escancara, a alma se doa, sinto-me vulnerável. A conexão com essas criaturinhas traz-me paz e uma imensa alegria.  É muito bom ouvir suas histórias, observar suas preferências, constatar sua sinceridade e, se conseguir cativá-las, receber o abraço e o beijo inocentes. Assim foi a minha história com a pequena Malu. Conheço-a desde que nasceu. O meu relacionamento com seus pais é ocasional. Encontramo-nos na praça, na igreja ou em algum evento religioso. Sempre que os vejo, tento-me conectar com Malu. Em alguns dias ela sorri e se esconde por trás da mãe; noutros, nem isso. Depois veio o contato pelos olhos. Sempre furtivos, pousavam nos meus, como se quisesse dizer: “Ah! É você!” E se encolhia nos braços da mãe. Assim, por mais de dois anos.

Na última ocasião em que nos encontramos, porém, algo mágico aconteceu. Na alegria que sempre trazem as manhãs na praça, avistei, ao longe, a família da Malu. Aproximei-me, sorridente, e vi que ela também me sorria. Agachei-me, para cumprimentá-la, e vivi, com tamanha alegria, a magia daquele instante. A pequena se aproximou, com os bracinhos abertos, sem diminuir a intensidade do sorriso, e abraçou-me, sem reservas. Ali, naquela conexão de almas, Malu se deixou ficar. Depois afastou-se um pouco, olhou-me demoradamente, ouviu-me e abandonou-se novamente no meu abraço. Ah! Lágrimas! Por que me traem assim? É a alegria do coração que salta aos olhos. Literalmente. Bendita seja  a pureza de cada criança!

 

Luisa Garbazza

Jornal Paróquia N. Sra. do Bom Despacho

Outubro 2023

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Bíblia: Palavra de vida

 


Setembro: mês de alegria! Prenúncio de primavera, que enche a alma e a natureza de doce esperança. Setembro: mês da Bíblia! Prenúncio de vida nova por meio da Palavra de Deus, que nos transforma em novas criaturas.

Sobre Bíblia, lembro-me das palavras de minha mãe, nos tempos de minha infância, falando sobre o Pe. João Heffels, SDN. Padre João viveu a fase do Concílio Vaticano II, a partir do qual houve maior propagação do Livro Sagrado. Segundo minha mãe, ele repetia sempre, com sua voz “enrolada”, sotaque alemão: “É preciso ler a Bíblia”. Minha mãe, de fé viva e inabalável, viveu e propagou essa exortação do Pe. João a vida inteira.

Naquela época, Bíblia era uma raridade. E alvo de cobiça. Hoje, tão popular, fica, às vezes, esquecida. Em sua sabedoria, a Santa Mãe Igreja nos sugere, a cada ano, uma dose de Bíblia para maior compreensão. Neste “Ano Vocacional”, nosso alvo é a Carta aos Efésios, que nos apresenta um verdadeiro modelo de vida plena em Deus. Estudando-a, somos convidados a conhecer o amor de Cristo, “dobrar os joelhos em presença do Pai, ao qual deve a sua existência toda família no céu e na terra(Ef 5,17), e deixar que Cristo faça morada em nosso coração.

Somos ainda impelidos a seguir a máxima do “Honra teu pai e tua mãe(Ef 6,2 ). Quem honra, obedece, torna-se também pai e mãe zelosos, que criam os filhos na educação e na doutrina do Senhor.

Nesse caminho de bondade, justiça e verdade, procuremos compreender melhor a vontade de Deus e nos comportemos como “filhos da luz”. Então entenderemos que somos todos filhos do mesmo Deus, que nos ama sem distinção. Por isso precisamos “ser uns com os outros bondosos e compassivos(Ef. 4,32). Assim contribuiremos para a unidade da Igreja, pois “há um só Deus e Pai de todos, que atua acima de todos, por todos e em todos(Ef 4,6).

Pensando assim, trago de volta as palavras do Pe. João Heffels, SDN: “É preciso ler a Bíblia” para nos revestirmos de uma nova humanidade: homem novo, vida nova, uma só nação de filhos e filhas amados de Deus.

Luisa Garbazza

Jornal Paróquia MSBD – setembro 2023

sábado, 12 de agosto de 2023

Vocação e vida

 


Agosto, mês de celebração da vida, na Igreja Católica, por meio da celebração das vocações. Como é bom sentir o chamado de Deus, dizer sim e viver, com alegria, o projeto do Pai em nossa vida. Toda vocação exige dedicação, esforço e renúncia, no entanto, se seguimos, com confiança, o caminho para o qual Deus nos chamou, o fardo fica bem mais suave.

Celebremos, pois, a vida dos sacerdotes, que, pelo discernimento vocacional, escolheram a missão de evangelizar. São exemplo de renúncia, de pertença a Deus, de doação integral. São nossa conexão com o sagrado, nossos guias espirituais.

Celebremos a vida das famílias, vocação importante para a sociedade. É no amor dos pais e no aconchego do lar que os filhos vão aprender os valores para uma vida digna e serem educados na fé.

Celebremos a vida daqueles que consagraram sua vida a Deus e ao próximo. São pessoas que se dedicam ao cuidado do outro por meio da oração, das missões, da educação e das obras de caridade. É a vocação à vida religiosa consagrada.

Celebremos a vocação dos leigos, pessoas que têm consciência da necessidade de sua participação na construção do Reino de Deus aqui na terra. São irmãos e irmãs nossos que se doam no trabalho de evangelização e ajuda ao próximo atuando nas pastorais e movimentos da paróquia.  Nessa vocação leiga, a Igreja celebra, com carinho, a vida do catequista.

Unamo-nos em oração e celebremos, pois, a vida de todos nós, vocacionados!

Luisa Garbazza

Agosto 2023