quarta-feira, 23 de abril de 2014

Coração quem manda



Como entender os altos e baixos de nossas emoções?

As manhãs iluminadas, carregadas de euforia,

ou a nuvem que teima em esconder o sol que à nossa volta irradia?

É simples: não podemos.

A chave é tão somente o coração.

É ele que transforma alegria em tristeza

pessoal ou solidária,

pesada, necessária

que escurece a alma.

É o coração que, num segundo, surpreende

 faz a história diferente.

Ele tudo conduz:

o enfrentamento da vida

a lágrima que limpa a alma

o olhar para o novo dia

o sorriso sincero, esse que começa lá dentro

cresce, multiplica-se

mostra-se no semblante aberto.

É ele que, num átimo, devolve a crença na vida

a esperança meio perdida

a graça da simplicidade vivida

e a luz do amanhã.
Luisa Garbazza
23 de abril de 2014 
Em uma tarde/noite muito feliz!

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Vida nova em Cristo


Mais uma vez é Páscoa! Jesus ressuscitou.

Para os que creem, tempo de vida nova.

Oportunidade de remexer os baús da existência;

descartar o que é desnecessário, prejudicial;

reciclar os valores que norteiam a vida;

recomeçar.

Ouvir a voz de Deus que resgata, desperta, orienta.

Sair do comodismo e comprometer-se com o outro.

Partilhar os dons recebidos do Criador.

Entender que a vida só tem sentido se for compartilhada.

E há tantos que precisam de nós!

Tantos que esperam um empurrãozinho, uma mão que os conduza.

Outros com a mão estendida querendo se levantar.

Tantos que continuam enclausurados em seu egoísmo, em completa escuridão.

Carecem do fogo novo, da luz de Cristo.

Para alguns, basta um sorriso de aprovação.

Como a criança – bem pequena, cinco anos, talvez  – que vi encher os pulmões de ar e cantar bem alto durante a celebração do Domingo de Páscoa.

O sorriso saiu fácil, involuntário.

O coração enterneceu-se.

Uma breve troca de olhares, e a voz saiu ainda mais linda!

O pai viu-me sorrir. Olhou para o filho e percebeu tudo. Orgulhou-se.

Um gesto tão simples, gratuito, que fez a diferença na vida de alguém.

Ganhou vida nova. Duplamente nova.

Feliz Páscoa!
Luisa Garbazza
21 de abril de 2014

terça-feira, 15 de abril de 2014

Viagem encantada


Viajar com Jacinto Guerra até Vila Verde, através das páginas de seu livro, e conhecer os encantos do Minho é um privilégio.
São momentos e monumentos especiais, lugares primorosos, comidas e bebidas típicas, festas e tradições ricas e envolventes.
Primeiramente, a riqueza histórica do Santuário e a presença conhecida de Nossa Senhora do Bom Despacho que encanta e abraça nossa terra também por ela abençoada.
Depois vem a força e o brilho particular da festa de Santo Antônio que reúne folclore e religiosidade num evento que homenageia, acolhe, envolve todos como uma grande família.
Tem ainda as andanças que revelam a culinária e aguçam nosso desejo de experimentar o frango “pica no chão”, os bolinhos de bacalhau, o pudim “Abade dos Priscos” e tantos outros, acompanhados do Vinho Verde, que se apresenta como “único no mundo”.
A viagem é longa e vai descortinando a Festa das colheitas, a riqueza cultural, o caminho para Santiago de Compostela, a presença brasileira – Juscelino Kubitschek – e outras surpresas agradáveis em cada curva do caminho.
No entanto, o que mais me fascina é a delicadeza do lenço dos namorados. Essa tradição, carregada de formosura e poesia, é um exemplo que nos leva a perceber o quanto um pouco de sutileza e romantismo pode inspirar tanto a vida a dois.
Ao Jacinto Guerra, meus agradecimentos por me apresentar esse pedacinho encantado do mundo e propiciar-me tão gratificante viagem.
Luisa Garbazza
15 de abril de 2014

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Liberdade como dom de Deus





As pessoas estão tão envolvidas com a globalização e presas aos recursos virtuais, que se esquecem da vivência em comum. Assim, muitos valores e crenças são esquecidos, transformados ou mesmo subvertidos. Nessa corrida desenfreada por modernidades, Deus fica em segundo plano – ou em plano nenhum. 
Outro dia, vi uma postagem na internet – em uma rede social – que me chamou atenção. Alguém fazia uma crítica à Virgem Maria e, logo abaixo, um vídeo de um padre, supostamente, criticando-a também. Lendo os vários comentários a respeito, percebi que havia muitas pessoas depreciando Nossa Senhora, a religião católica, nossos sacerdotes e também Jesus Cristo.
Resolvi assistir ao vídeo e constatei o quanto haviam distorcido as palavras contidas nele. O que o padre verdadeiramente dizia é o que todos nós, católicos bem informados, já sabemos: falava do perigo de se colocar Maria como centro da religião. Ao contrário, Cristo é o centro. É Ele que nos salva, nos resgata, nos liberta.
Como cristã católica, que aproveita as redes sociais para evangelizar, não hesitei em fazer também um comentário com uma interpretação real das palavras do padre. Realmente, ele estava certíssimo. São suas essas palavras: “A liberdade consiste em você olhar para Maria e de você rezar com ela para que o tempo todo o Cristo prevaleça entre nós, porque não podemos admitir a experiência de um cristianismo sem Cristo”.
Infelizmente, muitos são os que distorcem as crenças e valores dos grupos religiosos e isolam-se numa religião particular em que só Deus conta. Outros negam até a existência de Deus. Por isso, nós, cristãos, temos a obrigação de difundir o nome do Criador em todos os lugares; de fazê-lo conhecido e amado como nosso Pai todo-poderoso; de respeitá-lo e amá-lo como filhos que somos.
No entanto, não há como fazer isso, sem falar em Jesus Cristo e em Nossa Senhora. Cristo, por ser o filho de Deus, aquele que veio ao mundo para que todos tenham vida plena; Nossa Senhora, por ter sido a escolhida para ser a mãe do filho de Deus. Só por isso, já seria digna de nossa mais profunda admiração. Além disso, ela é nossa intercessora, a medianeira de todas as graças, nossa mãe celestial. Em vários textos bíblicos, podemos perfeitamente justificar o papel de Maria na história da humanidade. No inicio do Novo Testamento, percebemos uma saudação a ela: "Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo, bendita és tu entre as mulheres." (Lc 1,26-38). O início da veneração dos homens à Virgem foi feita por Isabel, que, cheia do Espírito Santo, disse em alta voz: "Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre. Donde a mim esta dita de ser visitada pela Mãe do meu Senhor?" (Lc 1,39 e ss.). Foi ainda colocada no lugar de mãe da humanidade: “Dirigindo-se a Maria, Jesus diz: ‘Mulher, eis ai o teu filho’. E dirigindo-se ao apóstolo: ‘Eis aí a tua mãe.’" (Jo 19,26-27).
De tal modo, o esquecimento, ou a negação dessas crenças, torna o homem um ser mecânico, egoísta, capaz de qualquer gesto negativo contra o semelhante. Conforme estamos meditando na Campanha da Fraternidade, a busca pelo poder e pela riqueza faz o homem anular a existência de Deus e sentir-se divinizado. Dessa forma, ele se acha no direito de comprar pessoas, de explorá-las e torná-las escravas. Esquecem-se de que Deus nos fez irmãos e que a liberdade é um dom que recebemos como filhos.
E esse é justamente o objetivo da Campanha da Fraternidade: fazer com que todos se conscientizem de nossa igualdade como seres humanos, filhos do mesmo Pai. Como tal, devemos nos empenhar para a implantação do bem comum e lutar por uma sociedade mais humana, temente a Deus.  Só assim, através da observância dos ensinamentos de Cristo, poderemos ver cada irmão vivendo em liberdade e em plenitude.       

 Luisa Garbazza
Publicação de abril do Jornal da Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho