segunda-feira, 11 de maio de 2020

“Ele está no meio de nós”


O mundo enfrenta uma pandemia devastadora. Estamos vivendo tempos difíceis, diria até inimagináveis. Se, há alguns meses, alguém me dissesse que isso iria acontecer, creio que teria dificuldade para assimilar tal ideia. Mas aconteceu. De repente, o mundo estava em polvorosa; e a humanidade, assistindo à destruição provocada por um vírus que acometeu algumas pessoas e foi sendo disseminado a cada toque, a cada beijo, a cada abraço.
Por sentir a catástrofe iminente, as autoridades se mobilizaram. Não há um antídoto, então anunciaram o meio de se conter a contaminação: o isolamento social. As pessoas, principalmente os idosos, doentes e crianças, deveriam permanecer em casa. Tudo que não fosse de primeira necessidade seria fechado. Assim, fecharam-se as lojas, as papelarias, as sorveterias... Fecharam-se as igrejas. Diante das circunstâncias, o Papa apoiou, os sacerdotes obedeceram. As Missas seriam celebradas de forma privada, sem a presença do povo.
Nós, católicos, acostumados a participar da Santa Missa e receber Jesus no Santíssimo Sacramento, ficamos desolados. Habituados à comunhão com o irmão e à cultura do abraço, vimos tudo isso ser bloqueado. Não poderíamos nem mesmo visitar o templo sagrado. Mesmo desolados, precisamos aceitar. Fazer a nossa parte para vencer essa pandemia, evitando o contágio, também é dever do cristão.
Os dias se sucediam de maneira lenta, silenciosa. O medo estava sendo disseminado juntamente com o vírus. Os padres começaram a transmitir as Missas pelas redes sociais para entrar em comunhão com os fiéis e valorizar a “Igreja” que há em cada um de nós. E isso amenizou nossa carência. Mas a falta da presença nas igrejas, da graça de receber Jesus na Eucaristia, tudo isso deixava um vazio muito grande na alma. Ainda mais vendo se aproximar a Semana Santa, ponto alto da nossa fé.
Na Semana das Dores, o Flávio e eu rezamos, também pelas redes sociais, o “Terço das Sete Dores de Maria”. Através da interação das pessoas, percebemos que foram momentos de muitas bênçãos. Jesus estava no meio de nós, fortalecendo nosso espírito para suportarmos os reveses da vida. Encerramos a semana com um convite inesperado: sábado, quatro de abril, o Padre Márcio solicita nossa ajuda na equipe de Liturgia da Matriz, para ajudar na Semana Santa.

Fica conosco, Senhor!
Domingo de Ramos. Com os ramos nas mãos, saímos cedinho para a igreja. Coração acelerado depois de tantos dias sem sair de casa. O ambiente estava todo enfeitado para receber o Rei que estava chegando: Jesus Cristo. Uma pequena equipe cuidara do espaço físico; outra cuidava agora da transmissão da Missa e das leituras. Os sacerdotes cuidavam do sagrado. Em tudo guardando certa distância um do outro, respeitando a exigência do momento.
Aquela hora foi por nós vivida com concentração e entusiasmo. Sem dúvida, foi uma Missa especial em cada detalhe. Depois do Pai-Nosso, minha alma entrou em completa sintonia com Deus. A emoção foi tomando conta. Ao partir do Pão, a certeza da presença de Jesus entre nós. Quando o Padre elevou a Hóstia consagrada, dizendo “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, senti uma onda de calor envolvendo meu corpo. E ao me aproximar do altar para receber a comunhão, os olhos denunciaram os sentimentos. Ao tocar Jesus, as lágrimas escorreram por minhas faces. Chorei de alegria ao sentir o coração aquecido e lembrei-me dos discípulos de Emaús quando disseram: “Não estava ardendo o nosso coração quando Ele nos falava pelo caminho, e nos explicava as Escrituras?”. (Lc 24,32) Chorei ao perceber que de Jesus não precisamos guardar distância. Chorei agradecida a Deus por ter nos permitido viver esses momentos.
Durante toda a Semana Santa, o Flávio e eu ajudamos nas celebrações e fizemos um momento de oração e reflexão na Rádio Nova Veredas. Em todos esses momentos, rezamos muito. Rezamos por nós e pela humanidade inteira. Rezamos principalmente pelos que tanto desejavam e não puderam estar presentes. Que Deus tenha misericórdia, e não demore o dia em que estaremos todos juntos, em nome de Jesus. Enquanto isso, alimentemos a esperança e a certeza de que, onde quer que estejamos, “Ele está no meio de nós”.
Luisa Garbazza

Jornal Paróquia - maio de 2020

domingo, 10 de maio de 2020

Canção de ninar



A você, mãe querida,
que do filho sempre cuida
como o mais belo da vida,
nossa sincera homenagem,
pois, com fé e coragem,
vê a missão bem cumprida.

Mãe é ser de graça e pureza,
que recebe, com certeza,
a bênção do Pai Criador.
Mas, em tempo de pandemia,
nem sempre a alegria
vem recompensar tanto amor.

Por causa da circunstância,
muitos filhos, por prudência,
não vão a mãe visitar.
Por isso, a Deus clemente,
pedimos que, gentilmente,
as mães possa consolar.

A cada mãe, uma prece,
prece de quem agradece
o filho que Deus lhe deu.
Esteja perto ou distante
conserva o amor pujante
que ao filho ofereceu.

Cuidai, ó Deus, com carinho,
da mãe que vê no bercinho
o filho que é sua essência.
E abençoai a mãe idosa,
a que se encontra chorosa
sentindo do filho a ausência.

Entreguemos a Maria
todas as mães, neste dia,
pois a todas sabe amar.
E no lar que faltar alegria,
a Virgem, com harmonia,
cantará linda canção de ninar.

Luisa Garbazza
07-05-2020

Mensagem para a Missa das 7h, na Igreja Matriz.