Relato da Semana da Santa Cruz
11 a 18 de setembro de 2016
Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho
Motivação
“É
com paternal apreço e com muita alegria que me dirijo a todo o Povo de Deus da
querida Igreja Particular de Luz – padres, diáconos, seminaristas, religiosos,
religiosas, leigos e leigas – para convocar a todos para o ANO DA GRAÇA, que
acontecerá do dia 1º de dezembro de 2013 ao dia 30 de novembro de 2014.”
Dom Antônio Carlos Félix
Bispo Diocesano de Luz
Vivendo o Ano da Graça, ao longo de
2014, a Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho se mobilizou para um resgate da
história cristã do povo desta cidade. Padre Mundinho, SDN lançou a ideia de se
fazer um memorial da paróquia. Com a ajuda de muitos leigos e leigas e a ajuda
efetiva de Felipe Cunha, reunimos objetos, fotos, registros históricos,
documentos, relatos e conseguimos
organizar um respeitável memorial para a paróquia.
Nesse mesmo ano, o memorial foi
organizado em uma sala, na casa das Irmãs de Santa Terezinha, e lá ficou em
exposição por um bom tempo. Depois foi recolhido, acondicionado e guardado à
espera de um lugar propício para recebê-lo.
Em 2015, por ocasião dos 70 anos da
sagração de nossa belíssima Igreja Matriz, fizemos, mais uma vez, um exercício
de volta ao passado e resgate de nossa memória, que constou de estudos sobre o
documento “Relato da Sagração”; nomes dos padres que passaram pela paróquia, em
especial por ocasião da sagração; a devoção ao Imaculado Coração de Maria, cuja
imagem compõe nossos altares desde antes da sagração da Matriz.
Sempre que se fala em memórias, para
nós bom-despachenses, o pensamento sempre se volta para a Rua Cruz do Monte,
lugar onde teve início o pequeno povoado do qual originou a cidade de Bom
Despacho. Ali foi fincada uma cruz e construída a primeira capelinha do lugar.
Há alguns anos, no lugar da cruz, foi
construída uma pequena capela em honra ao Senhor Bom Jesus: a capela do Senhor
Bom Jesus da Cruz do monte. A cruz foi levantada, em frente à capela, a alguns
metros abaixo. Desgastada pelas intempéries do tempo, em 2015 ocorreu a queda
da Cruz, que foi recolhida e guardada, pois já não serviria ao propósito.
Em 2016, através da influência de
Felipe Cunha, a Igreja conseguiu, da Prefeitura Municipal de Bom Despacho, a
doação de um terreno, próximo à capela, para a construção do memorial da
paróquia. Também o Padre Mundinho comprou a madeira e conseguiu a doação da mão
de obra para a confecção de uma nova cruz. Com o projeto do prédio do memorial
já pronto, e com a aproximação da festa da Exaltação da Santa Cruz, o pároco,
Padre José Raimundo, SDN, propôs a realização da “Semana da Santa Cruz”,
durante a qual, entre outras atividades, haveria o levantamento e bênção da
nova cruz e o lançamento da pedra fundamental do tão sonhado memorial.
Preparação prévia
Formou-se
então uma comissão, composta pela Cristiane – secretária paroquial –, Felipe
Cunha, Flávio Roberto de Andrade – coordenador do Conselho Paroquial de
Evangelização (CPE), – Luisa Garbazza – secretária do CPE –, Marquinhos Tavares
– coordenador do Conselho para Assuntos Econômicos (CPAE) –, Tuca –
coordenadora da Comunidade Sagrado Coração de Jesus –, Marisa – zeladora da
capela – e Adélia – da equipe de Liturgia da Matriz.
Reunimo-nos para conhecer o esboço da
festa, já traçado pelo pároco – Padre Mundinho –, analisar a viabilidade e
montar estratégias. Também fizemos um cronograma com todas as atividades e
estipulamos responsáveis para cada uma delas.
Em linhas gerais, ficou assim:
Missa de abertura: dia 11 de setembro,
a partir das 7h30.
Comunidade
Sagrado Coração de Jesus.
Missas da Misericórdia: de 12 a 16 de
setembro, às 6h.
Equipe
de Coordenação da Liturgia da Matriz.
Terço da Misericórdia: de 12 a 16 de
setembro, às 15h.
Grupos
de oração.
Atividades culturais e religiosas: de
12 a 16 de setembro, à noite.
Responsáveis
diretos: Padre Mundinho e Felipe Cunha
Barraquinhas: de 14 a 17 de setembro,
às 20h.
Responsáveis
diretos: Flávio, Cristiane e Tuca.
Missa de encerramento: dia 17 de
setembro, às 19h.
Comunidade
Sagrado Coração de Jesus.
A ECAP e a Equipe de Liturgia
reuniram-se para programar as missas da Misericórdia, que seriam realizadas de
12 a 16 de setembro. (Antônio e Elisa, Rangel e Daniela, Flávio e Luisa,
Adélia)
Domingo – 11 de setembro
A abertura da festa
O início da festa se deu com a
concentração dos fiéis na manhã do segundo domingo de setembro – dia 11 – na
Capela do Sagrado Coração, no Bairro Ana Rosa.
Às 7h30 subimos, todos em procissão,
até a Capela do Senhor Bom Jesus da Cruz do Monte. Na chegada, houve o rito de
abertura da Porta Santa, concedida pelo Bispo Dom José Aristeu Vieira à
comunidade, por ocasião da Festa da Santa Cruz. Após a leitura do documento de
concessão, Padre Mundinho explicou o significado da Porta Santa e como
conseguir as indulgências plenárias concedidas no “Ano Santo da Misericórdia”.
Logo após, aspergiu a porta e abriu-a para a passagem dos fiéis.
A pequena capela não comportou todos
os presentes. Muitos foram os que ficaram do lado de fora, perto das portas, e
no pátio em frente. Mesmo assim foi possível acompanhar a cerimônia, pois foram
instaladas caixas de som na escadaria da capela.
Ali foi celebrada a missa de abertura
da “Semana da Santa Cruz”. O celebrante – Padre José Raimundo da Costa, SDN –,
em sua homilia bem significativa, inspirado pelas leituras providenciais desse
dia, ajudou-nos a refletir sobre a importância da cruz na vida de cada cristão
católico. Refletimos também sobre a misericórdia de Jesus, que está sempre
pronto a nos acolher em seu coração. Conforme nos disse São Lucas no Evangelho
do dia: “Assim haverá no céu mais alegria
por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não
precisam de conversão”. (Lc 15,7)
Após a celebração, houve ainda a
apresentação de alguns cortes de reinado que ali compareceram para prestigiar a
festa.
Encerou-se assim o primeiro dia, a
abertura da “Semana da Santa Cruz”.
Segunda-feira – 12 de setembro
Na manhã da segunda-feira, dia 12 de
setembro, iniciamos as atividades com a Missa da Misericórdia, às 6 horas da
manhã, lá na Capela do Senhor Bom Jesus da Cruz do Monte.
A
equipe de liturgia, coordenada pela Regina Dias, chegou ao local às 5h30. A
Bárbara anotava as intenções. Um cartaz, com o tema do dia, foi afixado na
porta: Santa Cruz Gloriosa – promessa de redenção. Além desse tema, englobamos também
três obras de misericórdia corporal: Dar comida a quem tem fome; Dar água a
quem tem sede; Vestir os nus.
O celebrante, Padre Antônio Otaviano,
conduziu nossa reflexão sobre a Santa Cruz de Cristo e sobre o valor
histórico-cultural e religioso daquele espaço para a vida da cidade.
A capela ficou pequena para receber
todos os fiéis. E a disposição foi tanta, que combinaram de ir mais cedo, a
partir de terça-feira, para rezar o terço mariano antes da missa. É a graça de
Deus alcançando o coração das pessoas.
Às
15h
– capela cheia – os fiéis se reuniram para a oração do Terço da Misericórdia,
sob a coordenação dos membros do Apostolado da Oração. Rezando e invocando a
misericórdia de Deus para cada um de nós.
Às
20h,
novamente nos reunimos, agora para a oração do Terço Mariano Itinerante. Momento ímpar, como nos
relata a crônica abaixo:
Terço mariano: fé e emoção
A Paróquia Nossa
Senhora do Bom Despacho celebrou, de onze a dezessete de setembro, a Semana da
Santa Cruz. Do alto da Cruz do Monte, os fiéis se reuniram para rezar, louvar,
conhecer um pouco mais nossa história, exaltar a Santa Cruz e participar da
bênção do novo cruzeiro ali levantado.
De segunda (dia 12) a
sexta (dia 16), além da Santa Missa, às 6h da manhã, e o Terço da Misericórdia,
às 15h, tivemos atividades culturais e religiosas à noite. Foram momentos bem
vividos que muito nos enriqueceram, nos alegraram e nos aproximaram de Deus. Um
desses momentos, acontecido na segunda-feira, a partir das 20h, foi o Terço
Mariano Itinerante, organizado pela equipe do Terço dos Homens, com a presença
das famílias e da comunidade.
Já de início, pudemos perceber a presença de Deus
na alegria e na disponibilidade dos que organizavam o ambiente. Na praça, em
frente à capela, foi montado o som, um pequeno altar e uma arquitetura
interessante, um pouco elevada do chão e inclinada, com o formato do terço. As
contas eram pequenos anéis. A cruz encerrava – ou iniciava – a obra de arte.
Em breve foi aumentando o número daqueles que se
aproximavam para rezar, agradecer a Deus pela presença de Maria em nosso meio e
elevar súplicas aos céus. O Alan começou o momento de oração. Voz firme e
tranquila, promoveu um instante de concentração e sintonia com Deus, fez o
oferecimento do terço e convidou a todos para se recolher em preces. Em cada
mistério, Alan elevava a voz aos céus implorando proteção aos mais
necessitados. E encerrava invocando a Mãe de Deus em seus mais diversos
títulos. A entusiasmada turma do canto, com hinos belíssimos dirigidos a Maria,
nossa Mãe do Céu, alegrava-nos e emocionava-nos ao mesmo tempo.
Com uma didática muito inclusiva, os coordenadores
foram escolhendo pessoas para rezar o início do terço e o primeiro mistério:
uma pessoa para o Pai-nosso e uma para cada Ave-Maria. A assembleia respondia a
Santa-Maria. A cada pessoa indicada, foi entregue uma rosa. Quando terminava de
rezar, encaminhava-se à frente e colocava a rosa nos anéis do terço montado em
frente à capela. Depois foram convidando pessoas para o mistério seguinte. Após
a oração de cada um, Padre Mundinho foi organizando os fiéis para montar outro
terço, agora com pessoas. As tochas acesas faziam a separação dos mistérios.
Tudo isso sem perder o espírito de recolhimento e oração.
Cada mistério com flores de cores diferentes, o
terço foi tomando forma e adquirindo beleza. Mas a beleza maior estava na
manifestação de fé das pessoas que ali estavam e participavam da oração:
na boa vontade de quem segurava a rosa para
oferecer a Maria;
na voz de quem elevava aos céus sua oração;
no olhar de súplica que denunciava a prece que
trazia no coração;
na emoção da criança que rezava à Mãezinha do céu;
na piedade de alguns homens que se ajoelhavam para
rezar a ave-Maria, sem se importar com a aspereza do asfalto;
na humildade da fala entrecortada pela emoção e
pela debilidade do corpo;
no silêncio da voz que não veio, embargada pela
emoção;
na solidariedade de quem serviu de Cirineu;
no sentimento que não consegui conter no peito e
que se converteu em lágrimas.
Após o terço, em um gesto concreto de fé, um grande
manto foi passado por cima de cada pessoa ali presente simbolizando a proteção
de Maria, a medianeira de todas as graças: “Cubra-nos com seu manto de amor.
Guarda-nos na paz desse olhar”.
Luisa
Garbazza
Artigo
publicado no Jornal Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho
Terça-feira – 12 de setembro
A terça-feira começou mais cedo,
conforme o combinado. Às 5h30, sob a coordenação da Irmã Áurea, deu-se início à
reza do terço. Mais fiéis foram chegando. A Mônica anotava as intenções.
O Rangel e a Daniela,
que ficaram responsáveis pela liturgia, afixaram o cartaz com o tema do dia: Santa Cruz de Cristo – sinal de
salvação e
fizeram o comentário inicial. Também refletimos sobre as seguintes obras de
misericórdia corporais: dar pousada aos peregrinos; assistir aos enfermos;
visitar os presos.
O celebrante, Padre Mundinho, SDN, sem pressa nem
atropelos, conduzia nossos pensamentos para refletirmos sobre a Santa Cruz e
percebermos a misericórdia de Deus e a fé do oficial romano que pediu pelo
empregado. Assim, também nós, devemos crer nessa misericórdia infinita.
Às 15h, novamente o Terço da
Misericórdia, agora a cargo dos membros do Terço das Mulheres. Mais uma vez a
capela ficou cheia de cristãos em oração.
À noite, com início às 19h30, um momento essencialmente
cultural: Mesa redonda, mediada pelo Padre Mundinho, com a participação do
professor Raimundo da Silva Rabello e de Orlando Ferreira de Freitas.
O Felipe fez a abertura oficial cumprimentado os
presentes e apresentando, nos momentos
oportunos, a biografia de cada participante da noite.
A abertura das atividades se deu com a apresentação
instrumental no violino de Laísa Santos Silva.
O Padre Mundinho fez a motivação do evento, dizendo da
importância do resgate histórico, para bem-viver o presente, e da criação do
memorial sacro para o crescimento da espiritualidade do povo. Lembrou também a
criação do Memorial da Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho e da prévia
preparação para a sua criação. Foram envolvidos nessa preparação o próprio
Padre Mundinho, Felipe Cunha, Luisa Garbazza, Sylvia Xavier, Zeni Handan, Neusa
Ramos e Gildásio Pinto. Abordou ainda a formação da cidade em torno das
capelas; as três colinas; as três cruzes – Cruz do Monte, Cruz das Dores e Cruz
Quebrada –; os nomes dos santos nas ruas e bairros da cidade; a Eucaristia e a
Penitência como elementos fortes de espiritualidade do povo. Padre Mundinho
encerrou sua fala falando da celebração da Semana da Santa Cruz, com motivação
religiosa e cultural: porta aberta para outros encontros com o objetivo de
resgatar a história da cidade.
Logo em seguida, falou o professor Raimundo da Silva Rabello, um grande pesquisador da história do
Centro-Oeste mineiro do século XVIII e XIX, autor do livro “O país do Pitangui”.
Demonstrou grande sabedoria e boa memória ao citar nomes e datas, sem consultas
a nenhum documento, de tantas pessoas que fazem parte de nossa história,
inclusive participantes da Inconfidência Mineira. Fez também menção às lendas
presentes em Minas, principalmente no Centro-Oeste, como a “Rebelião da
Cachaça”. Fez referência ainda a algumas histórias de seu livro, entre elas aquelas
que mencionam os barões e as baronesas, a estrada de ferro e a primeira fábrica
de tecidos.
Passou-se a palavra a Orlando Ferreira de Freitas,
pesquisador da historiografia e genealogia de Nova Serrana e Bom Despacho, que
iniciou sua fala ressaltando a feliz ideia de trazer a Semana da Santa Cruz
para o alto da Cruz do Monte, local onde foi construída a primeira capela,
dedicada a Nossa Senhora do Bom Despacho do Picão.
Orlando Ferreira disse que os registros de nossa
história estão cheio de lendas e inverdades, pois foram feitos após 120 anos.
Alguns nomes inclusive nem existiram. Através dos estudos, é fácil chegar a uma
verdade, pois a lenda morre em si mesma; a história segue, não para de crescer.
Segundo ele, Cruz do Monte é o embrião de Bom Despacho e Nossa Senhora do Bom
Despacho veio para cá como protetora e “convertora” dos gentios.
Encerrou-se o encontro com os comentários do público e
as respostas dos convidados.
A mim, encantou-me, mais que os livros publicados por
esses dois historiadores, aqueles que eles carregam em si mesmos. É louvável
ver quantos dados, nomes e pessoas, lugares e datas que citaram ao longo da
fala, sem consultar nenhum documento. Foram momentos proveitosos.
Quarta-feira
– 14 de setembro
Dia da
exaltação da Santa Cruz
Bem cedinho, a capela já estava cheia de fiéis para a reza do terço. É
muito bom ver a comunidade reunida em oração.
Às 6h, a celebração da Santa Missa. O tema do dia, apresentado pelo
casal Antônio e a Elisa, foi: Santa Cruz
Bendita – fonte de misericórdia. Também lembramos a última obra de
misericórdia corporal - Enterrar os
mortos – e duas obras de misericórdia espiritual – Dar bom conselho; Ensinar os
ignorantes.
Foi uma celebração muito piedosa. Enriqueceu-nos as palavras do
celebrante – Padre Rogério – principalmente quando falou sobre a Leitura de São
Paulo aos Filipenses, que nos diz: “Jesus
Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação,
mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se
igual aos homens.” (Fl 2,6-7)
Nossa meta como cristãos é,
também nós, esvaziarmos de nós mesmos para seguir Jesus e ajudar o irmão.
Às 15 horas, os fiéis se reuniram para elevar
súplicas ao Pai, através do Terço da Misericórdia. Nessa quarta-feira, os
membros do movimento Mãe Rainha ficaram com a coordenação desse momento de
oração.
A noite da quarta-feira nos trouxe momentos de intensa
espiritualidade, mas também momentos de descontração e confraternização.
Começou com a belíssima participação da Banda de Música do 7º Batalhão, que
chegou bem cedo para receber, com agradáveis canções, os que ali chegavam.
Do início da rua, quando cheguei, tive a impressão de que estava
voltando no tempo e ia participar de uma quermesse. O povo chegando, as tochas
acesas, o som da banda de música, tudo muito lindo!
Às 19h30, em uma cerimônia belíssima e
ricamente preparada, teve início o rito de bênção da nova cruz e lançamento da
pedra fundamental do Memorial Nossa Senhora do Bom Despacho. (A antiga cruz
sucumbiu com o peso dos anos e as intempéries do tempo. A nova cruz foi
confeccionada pela família do senhor Geraldo Meco, com a madeira adquirida pelo
Padre Mundinho.)
Hora da cerimônia. Um corredor, forrado por um longo tapete vermelho e
ladeado por tochas acesas, ligava a capela ao lugar preparado para a cerimônia.
Nas escadarias da capela, o Coral Sesc Ouro das Gerais, sob a regência do
maestro Samuel Lopes. Após o comentário inicial, antecedido pelos coroinhas,
que levavam velas e turíbulo, e ao som de belíssima melodia executada pelo
Coral, o Padre Mundinho se deslocou da capela até o altar organizado aos pés da
cruz, seguido por Felipe Cunha. Ali foi celebrado o “Rito de bênção da nova
cruz”, com belíssimas orações, leituras, a fala do Padre Mundinho, dirigida à
comunidade ali presente, e preces ao Pai do Céu.
Padre Mundinho falou sobre a importância da cruz na história da
salvação, cruz que antes era símbolo de morte e castigo, tornou-se símbolo de
redenção e salvação, quando Cristo ressuscitou, depois de nela ser crucificado.
Falou também da importância do cruzeiro, no alto da Cruz do Monte, local que
tem uma significação muito grande na história de Bom Despacho, principalmente
na vida religiosa do povo dessa terra.
Durante a celebração, houve a aspersão da cruz e a caminhada do povo,
que se aproximou para beijar o Madeiro Sagrado. Logo após, foi feita a
apresentação, leitura e bênção da placa que será afixada aos pés da Cruz, com a
presença do senhor Geraldo Meco e familiares. Houve ainda a bênção da pedra
fundamental do Memorial Nossa Senhora do Bom Despacho, que será construído bem
perto da capela.
Depois, Padre Mundinho abençoou os presentes, encerrando a cerimônia, e
ali foi colocado um livro de assinaturas para deixar registrado o nome dos que
participaram desse momento histórico para nossa paróquia.
Para encerrar as atividades da noite, tivemos um momento de
confraternização, com barraquinhas e a apresentação do Grupo de Seresta de Bom
Despacho, sob a coordenação de Cibele Ferreira. A alegria dos irmãos ali
reunidos mostrou que a noite valeu a pena.
Quinta-feira
– 15 de setembro
Na quinta-feira, a Missa da Misericórdia ficou a cargo de Flávio –
coordenador do CPE – e Luisa Garbazza, que afixaram na capela, às 5h30, o
cartaz com o tema – Santa Cruz
Libertadora – esperança de ressurreição. Também refletimos sobre as Obras de
Misericórdia Espirituais: Corrigir os que erram; Consolar os aflitos; Perdoar
as injúrias;
A Santa Missa, tão bem celebrada pelo Padre Antônio Otaviano, trouxe um
Evangelho bem propício para o dia, quando Jesus, do alto da Cruz, instituiu
Maria como Mãe de todos os viventes. Através das leituras, Padre Antônio
levou-nos a refletir sobre a bondade e a misericórdia de Deus para com cada um
de nós.
Às 15h, momento de respeito, por nos
lembrar do horário da morte de Jesus, foi rezado, mais uma vez, o Terço da
Misericórdia, neste dia sob a coordenação dos membros da Legião de Maria. Povo unido, implorando a compaixão
do Pai.
Na noite
deste dia 15, a partir das 19h, foi
realizada uma piedosa Hora Santa. A adoração foi organizada pelo Felipe Cunha.
Com a capela na penumbra, foi exposto o Santíssimo Sacramento. A luz suave do
lugar, a incidir sobre o ostensório, possibilitou mais aconchego, maior
concentração, mais proximidade com o Salvador, presente no Santíssimo
Sacramento.
Através das falas do Felipe, das letras das
melodias e dos momentos de silêncio para nos colocarmos individualmente diante
de Jesus, refletimos sobre alguns pontos importantes para nós cristãos, em
especial a necessidade de abraçar a nossa cruz e a confiar na misericórdia
divina.
A bênção,
realizada pelo Padre Mundinho, coroou esse momento de oração na presença do
Santíssimo Sacramento.
Logo após a
hora santa, na praça em frente à capela, tivemos uma apresentação cultural
muito especial, realizada por membros da família Couto que formaram um grupo
chamado “As Margaridas”.
Tudo foi
acontecendo naturalmente, sem grande alarde, mas veio para encantar. Através da
música, da dança e da encenação, o grupo fez uma viagem ao passado e nos trouxe
os primeiros acontecimentos, o início do povoado em torno da cruz, a crença em
Deus e em Nossa Senhora e a devoção à Santa Cruz. Fez menção aos primeiros
habitantes, à chegada dos negros, ao trabalho das mulheres, às cirandas
cantadas na época. Deu enfoque ainda ao costume de formar grupos e carregar
água para molhar o pé da cruz pedindo chuva, pela intercessão de Santa Maria
Madalena. (Dentro da apresentação, houve o momento de levar a água para molhar
a cruz. E a chuvinha veio de madrugada. Fina, calma, em pequena quantidade, mas
o suficiente para amenizar a secura do ar.)
Após a
apresentação, barraquinhas e momentos de confraternização fecharam os
acontecimentos do dia.
Sexta-feira
– 16 de setembro
Sexta-feira, último dia da Missa da Misericórdia. A organização da
Liturgia ficou a cargo da Adélia, Jarbas e Elenir. No comentário inicial,
refletimos sobre o tema: Santa Cruz
Augusta – caminho de conversão. Também sobre as duas últimas obras
espirituais: Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo; Rogar a Deus
por vivos e defuntos.
Padre mundinho, em sua homilia prática e profunda, levou-nos a refletir
sobre o significado da ressurreição. E, mais uma vez, falou-nos sobre a
misericórdia de Deus e lembrou-nos do sentido que a Santa Cruz tem para nós,
cristãos.
No final da celebração, um agradecimento a todos os que participaram
dessa semana de orações:
“Encerrando essa semana da misericórdia, elevemos ao Pai Celeste uma
prece de ação de graças. Foram cinco dias abençoados, em que aqui nos reunimos
para louvar a Deus, implorar a sua misericórdia, exaltar a Santa Cruz como promessa de redenção, sinal de salvação,
fonte de misericórdia, esperança de ressurreição e caminho de conversão. Também refletimos sobre as obras de misericórdia,
espirituais e corporais, que nos ensinam a bem viver a fraternidade.
Agradeçamos, pois, a Deus por todos os benefícios
concedidos: a presença dos sacerdotes – hoje especialmente o Padre Mundinho –; o
sim da comunidade para esses momentos de oração; a penitência de vir ainda mais
cedo para a oração do terço mariano; a disponibilidade em servir onde foi
chamado; a alegria da presença de cada um; a oferta dos alimentos para o “Mesa
Brasil” – cumprindo uma obra de misericórdia: “Dar de comer a quem tem fome.”
Nosso muitíssimo obrigada a você
que aqui esteve durante esta semana para exaltar a Santa Cruz e engrandecer o
nome de Deus.”
Luisa
Garbazza
Após a celebração eucarística,
todos se reuniram em frente à capela para o “café comunitário”: cada pessoa
levou algo para partilhar. Foi um momento de descontração e alegria. Uns
pegaram logo um biscoito ou um pedaço de pão e saíram apressados, pois estavam
em cima da hora de ir para o trabalho. Outros permaneceram para um café mais
tranquilo e uma conversa agradável. Louvado seja Deus por esses momentos de paz
e fraternidade que nos tornam mais unidos e mais irmãos em Cristo.
Às 15h, outra vez o Terço da Misericórdia, sob a coordenação do Grupo de
Oração Imaculado Coração de Maria. Tomara possamos ser abençoados por Jesus, em
sua infinita misericórdia, e possamos colocar em prática seus ensinamentos em
prol dos mais necessitados, dos marginalizados e oprimidos. E daqui, do alto da
cidade, aos pés da cruz, possamos sempre suplicar a misericórdia de Deus sobre
cada um de nós.
Sexta-feira, 16 de setembro, 19h. Começamos a Via-Lucis, momento de oração em que
refletimos os passos de Jesus após a ressurreição. É o caminho de luz deixado
pelo Mestre como esperança para todos os que n’Ele creem. Coordenados pelo Luiz
Oliveira, catequista na Comunidade Sagrado Coração, com a presença do Padre
Rogério e de várias turmas de catequese, fizemos a caminhada orante em volta do
canteiro central da Rua Cruz do Monte, em frente à capela do Senhor Bom Jesus.
Seguindo o
roteiro preparado para a Semana da Família, refletíamos, em cada parada, sobre
os passos do ressuscitado e sobre nossa condição de filhos de Deus. De volta à
capela, tivemos momentos de reflexão e espiritualidade, conduzidos pelo Luiz.
Após a
Via-Lucis, houve mais um momento de alegria e fraternidade enriquecido pela
música. O ajuntamento em torno das barraquinhas, com caldos, tropeiro, canjica
e cachorro-quente, promovia o envolvimento entre as pessoas. A presença dos
cantores Marcelo e Cristiano e do Fred – sanfoneiro – fazia aflorar a alegria
dos presentes, que não só aplaudiam, como também cantavam.
Assim
encerramos a noite: com a simplicidade da vida em comunidade e com a alma leve
e agradecida.
Sábado – 17 de setembro
No sábado,
estava tudo acertado para o encerramento da nossa festa: Missa de encerramento, às 19h, e, logo após, barraquinhas e show com a
dupla bom-despachense João Marcos e Maurício.
Mas
os planos de Deus foram diferentes: à tarde, o tempo começou a mudar; nuvens
espessas cobriram o céu e escureceram o dia; ventos fortes sopravam de um lado
e de outro; a chuva veio, para amenizar o calor.
Antes
das 18h, o Flávio e eu chegamos à Cruz do Monte. Apenas chuviscava naquela
hora, mas a praça em frente à capela estava toda molhada, com pequenas poças de
água. A equipe de som já havia chegado, mas disseram que não podiam armar os
aparelhos, pois corria risco de curto-circuito, por causa da água e pelo receio
de voltar a chover forte. Um telefonema para a Cristiane, outro para o Padre
Mundinho e a decisão: cancelar o show. E assim foi feito: a equipe de som foi
dispensada; João Marcos e Maurício foram avisados.
Às 19 horas, com a capela cheia de fiéis, teve
início a missa de encerramento. A organização da celebração ficou a cargo da Comunidade
Sagrado Coração, coordenados pela “Tuca”. Padre mundinho foi o celebrante.
Na homilia, com palavras profundas, cuidadosamente preparadas e
pronunciadas, Padre Mundinho levou-nos, mais uma vez, a refletir sobre o significado
da cruz ao longo do tempo: antes sinal de castigo e
condenação; depois de Cristo, sinal de vida e ressurreição.
Após a missa, organizamos a procissão
com a Cruz Santa e o Crucificado. Demos a volta em torno do canteiro central da Rua Cruz do
Monte e retornamos para a capela, onde recebemos as bênçãos das mãos do Padre
Mundinho. Em seguida, os fiéis se aproximaram para beijar e exaltar o Senhor
Bom Jesus da Cruz do Monte.
Na saída, não faltou quem lamentasse o cancelamento
do show, pois a chuva havia partido para outros lugares. Mas os planos de Deus
são mais fortes que os nossos. O show ficará para outras ocasiões. O mais importante
foi o conteúdo dessa festa, a primeira
Semana da Santa Cruz, na Cruz do Monte. Com certeza, ano que vem estaremos
juntos novamente para exaltar a Cruz de Cristo e convivermos cristãmente.
Com essa Santa Missa, encerramos a Semana da Santa Cruz.
O grande cruzeiro ali ficou, fincado firme naquele chão, abençoando a cidade.
Com a graça de Deus, ali ficará por longos e longos anos: herança dessa geração.
Assim terminamos nossa festa: com a
satisfação do dever cumprido; o coração agradecido; o propósito de continuar a
realizá-la nos anos subsequentes; o desejo de que ela se torne um jubileu.
Luisa Maria Garbazza Andrade
Secretária do
Conselho Paroquial de Evangelização (CPE)
Paróquia N. S. do Bom Despacho
26 de setembro de
2016