terça-feira, 11 de outubro de 2016

Onde mora o coração



Chega-nos às mãos a segunda publicação literária de Luisa Garbazza. Após Histórias de vida e para a vida , temos agora Onde mora o coração . Ambos compartilham o estilo ágil e o encantamento das palavras que fluem qual torrente límpida, fornecendo água pura e refrigério. Temos a prosa poética que fala das coisas simples da vida e que são, precisamente por isso, as mais importantes. Se o primeiro livro falava do cotidiano observado com olhos argutos e coração intenso, a presente obra leva-nos de volta ao passado idílico da infância, marcada por suas belezas, fantasmas e anjos. Figuras marcantes que forjam a memória e o ser. É a memória que pulsa e irriga a vida. O cenário de ambos é nossa querida Bom Despacho, genuinamente mineira, marcada pela acolhida de seu povo e pela religiosidade profundamente enraizada. Aliás, vemo-la progredindo decididamente rumo ao progresso cultural. Variadas iniciativas vão surgindo em todas as belas-artes, dentre as quais esse precioso livro. Isso fortifica a alma generosa de nosso povo e nos lança, altaneiros, no panorama nacional e internacional.

Trecho do prefácio - escrito por Matheus Garbazza

21 de outubro, às 19h,
Livraria Leitura do Pátio Savassi.

***

 É gratificante ver minha obra partindo para outras paragens.
Que Deus abençoe essa fase.
Meu maior sonho é ver essa história - a vida de minha mãe - sendo lida por mais e mais pessoas.
Se você, meu querido leitor, puder ajudar a espalhar essa notícia - e essa obra -, ficarei imensamente grata, pois é, realmente, uma obra de encanto, ternura e muita fé.

Abraços a todos.

Luisa Garbazza

11 de outubro de 2016

domingo, 9 de outubro de 2016

Reveses da vida

Em nossa caminhada nesta vida, são muitas as vezes em que nos deparamos com situações difíceis, dolorosas e ficamos sem saber que rumo tomar. O sofrimento quase sempre nos pega desprevenidos e deixa-nos confusos e desnorteados. E todos, em tempos e situações diferentes, vamos enfrentar fases complicadas em nossa jornada terrena. Nesses momentos, é luta vã tentar resolver tudo sozinho: precisamos uns dos outros e, acima de tudo, precisamos de Deus para nos amparar, acalmar nossa alma e guiar nossos passos.
Precisamos de Deus quando parece que nada dá certo em nossa vida; quando passamos por dificuldades financeiras; quando temos que tomar decisões importantes, que podem transformar nosso dia a dia; quando fica complexo o relacionamento com o outro, seja em família, no trabalho ou na igreja.
Precisamos de Deus quando a doença vem tirar nosso sossego; quando sentimos que estamos perdendo a esperança na vida; quando passamos por momentos de desgaste na fé, atravessando o deserto da existência. Precisamos ainda mais de Deus quando a vida nos ceifa um ente querido. Nessa hora em que tudo o mais parece perder o sentido, só mesmo a fé na presença divina pode confortar nossa alma.
É motivo de dar graças a Deus, quando encontramos pessoas que se entregam totalmente nos braços do Pai e a Ele confiam todos os dias de sua vida. Assim o fez minha mãe, dona Maria da Conceição Garbazza, uma santa mulher. Outro dia, peguei um caderno onde ela deixou registradas suas orações e, entre tantas, encantei-me com esta, inspirada do versículo 8 do salmo 35:
“Meu Deus, como é maravilhoso saber que eu tenho um Deus, um Pai em quem eu posso confiar! Estou escrevendo com os olhos rasos de lágrimas, mas são lágrimas de amor por Vós. Tenho certeza de que Vós estais aqui comigo. Em todo lugar, sinto a vossa proteção. Sem Vós, meu Deus, não sou nada; sem a vossa luz, não sei para onde ir. É em Vós que me refugio, pedindo proteção contra as maldades do mundo. Vós, Senhor, sois o meu socorro divino, minha segurança e alegria, meu tudo. Eu me entrego em vossas mãos: faça de mim o que quiseres. Sou vossa, Pai! Amém.”
Dai-nos, ó Deus, a graça de, também nós, termos a fé e a simplicidade necessárias para nos abandonarmos em suas mãos e confiarmos, de alma e coração, em sua infinita misericórdia. Só assim poderemos passar pelos reveses da vida sem nos distanciarmos de sua proposta de vida e salvação. 
Luisa Garbazza


Crônica dedicada à nossa querida Salomé, que está passando por um desses momentos e, tenho certeza, está se abandonando nos braços do Pai.
Que Deus conforte o seu coração, Salomé.


Publicação do Informativo Igreja Viva
Paróquia N. S. do Rosário - outubro de 2016 

 

sábado, 8 de outubro de 2016

Alma irrequieta


Há dias em que necessitamos de reclusão:
dias de alma irrequieta, carente de solidão.
Momentos de se aquietar
ouvir o coração a sussurrar – ou a gritar.
Retomar, de onde parou, o rumo da vida:
sem escalas, sem reservas, sem amnésias;
rever todas as passagens sentidas.
O passado não fica estagnado nas gavetas do inconsciente:
ele nos acompanha, interfere em nossa vida constantemente.
É preciso interagir com ele, estudá-lo, debatê-lo,
e, nesse julgamento, condená-lo ou defendê-lo.
Se a alma está irrequieta, ela precisa de atenção.
Talvez algo não tenha ficado resolvido: resta um senão.  
Talvez ela precise de um tempo para tudo processar;
as vicissitudes descartar; sonhos e esperanças abraçar.
Se a alma está inquieta, não pode ser ignorada:
é preciso parar um pouco e torná-la renovada.
Deixá-la divagar em busca da vida
que nas inevitáveis curvas do caminho ficou perdida.  
Talvez a caminhada delongue um pouco, vá fundo na história.
Talvez busque longe, em lugares esquecidos na memória.
Mas haverá sempre uma chegada, um encontro, uma saída,
uma oportunidade de revisão de vida, um novo ponto de partida.
Aí é a hora certa de fechar os olhos para descansar,
dormir, deixar o corpo relaxar,
dar vazão aos sonhos... e a mente serenar.
Certamente, o dia há de começar com mais brilho,
mais cor, mais alegria, sem empecilho.
Então, é só dar as mãos a si mesmo,
abrir um largo sorriso e sair em busca de novos horizontes,
novas paisagens, novos sonhos, novas fontes.

Luisa Garbazza
Manhã de sábado, 8 de outubro de 2016

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Terço mariano: fé e emoção

A Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho celebrou, de onze a dezessete de setembro, a Semana da Santa Cruz. Do alto da Cruz do Monte, os fiéis se reuniram para rezar, louvar, conhecer um pouco mais nossa história, exaltar a Santa Cruz e participar da bênção do novo cruzeiro ali levantado.
De segunda (dia 12) a sexta (dia 16), além da Santa Missa, às 6h da manhã, e o Terço da Misericórdia, às 15h, tivemos atividades culturais e religiosas à noite. Foram momentos bem vividos que muito nos enriqueceram, nos alegraram e nos aproximaram de Deus. Um desses momentos, acontecido na segunda-feira, a partir das 20h, foi o Terço Mariano Itinerante, organizado pela equipe do Terço dos Homens, com a presença das famílias e da comunidade.
Já de início, pudemos perceber a presença de Deus na alegria e na disponibilidade dos que organizavam o ambiente. Na praça, em frente à capela, foi montado o som, um pequeno altar e uma arquitetura interessante, um pouco elevada do chão e inclinada, com o formato do terço. As contas eram pequenos anéis. A cruz encerrava – ou iniciava – a obra de arte.
Em breve foi aumentando o número daqueles que se aproximavam para rezar, agradecer a Deus pela presença de Maria em nosso meio e elevar súplicas aos céus. O Alan começou o momento de oração. Voz firme e tranquila, promoveu um instante de concentração e sintonia com Deus, fez o oferecimento do terço e convidou a todos para se recolher em preces. Em cada mistério, Alan elevava a voz aos céus implorando proteção aos mais necessitados. E encerrava invocando a Mãe de Deus em seus mais diversos títulos. A entusiasmada turma do canto, com hinos belíssimos dirigidos a Maria, nossa mãe do céu, alegrava-nos e emocionava-nos ao mesmo tempo.
Com uma didática muito inclusiva, os coordenadores foram escolhendo pessoas para rezar o início do terço e o primeiro mistério: uma pessoa para o Pai-nosso e uma para cada Ave-Maria. A assembleia respondia a Santa-Maria. A cada pessoa indicada, foi entregue uma rosa. Quando terminava de rezar, encaminhava-se à frente e colocava a rosa nos anéis do terço montado em frente à capela. Depois foram convidando pessoas para o mistério seguinte. Após a oração de cada um, Padre Mundinho foi organizando os fiéis para montar outro terço, agora com pessoas. As tochas acesas faziam a separação dos mistérios. Tudo isso sem perder o espírito de recolhimento e oração.
Cada mistério com flores de cores diferentes, o terço foi tomando forma e adquirindo beleza. Mas a beleza maior estava na manifestação de fé das pessoas que ali estavam e participavam da oração:
na boa vontade de quem segurava a rosa para oferecer a Maria;
na voz de quem elevava aos céus sua oração;
no olhar de súplica que denunciava a prece que trazia no coração;
na emoção da criança que rezava à Mãezinha do céu;
na piedade de alguns homens que se ajoelhavam para rezar a ave-Maria, sem se importar com a aspereza do asfalto;
na humildade da fala entrecortada pela emoção e pela debilidade do corpo;
no silêncio da voz que não veio, embargada pela emoção;
na solidariedade de quem serviu de Cirineu;
no sentimento que não consegui conter no peito e que se converteu em lágrimas.

Após o terço, em um gesto concreto de fé, um grande manto foi passado por cima de cada pessoa ali presente simbolizando a proteção de Maria, a medianeira de todas as graças: “Cubra-nos com seu manto de amor. Guarda-nos na paz desse olhar”.    
Luisa Garbazza
Publicação do Jornal Paróquia N. Senhora do Bom Despacho
Outubro - 2016

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Som do lamento

Nuvens espessas todo o céu cobriram.
A noite interrompeu o fim do dia.
Gotas de chuva a terra invadiram.
Tudo se tornou em melancolia.

Brisa leve em vento se transformou,
roubando desta noite seu frescor.
Na terra, a tempestade se formou:
o céu e o ar mudaram sua cor.

Tudo o mais silenciou de repente:
só o barulho do vento se ouvia.
Acontecendo assim abruptamente,
em uma longa e triste melodia.

Passava e roubava da mente a calma,
som forte e agudo na noite fria,
e seu doído lamento entoava,
que coração e alma entristecia.

Partindo para distante paragem,
vai-se o vento em sua doce harmonia,
deixando para a vida esta mensagem:
Transforme toda dor em poesia.

Luisa Garbazza
3 de outubro de 2016
Ao som do vento que visitou nossa cidade hoje à noite.