terça-feira, 18 de novembro de 2014

Véu do tempo


De onde vens, amigo?
Por que andas tão longe?
Por que razão buscaste as alturas?
Queres esquecer o passado?
Deixar alguma dor, por demais doída,
em um vácuo espacial?
Ou anseias pelo que há de vir?
Ver o novo surgir por trás do véu do tempo?
Estou aqui, amigo!
Em solo firme, mas querendo voar.
Às vezes, nem sei de onde venho.
Tenho tanto do passado em mim!
E quanta coisa ficou perdida
nas voltas traiçoeiras da vida!
Tanto futuro ainda por viver!
O véu do tempo parece tão espesso!
Não me é permitido ultrapassá-lo.
Então, permaneço aqui, amigo,
a mercê do tempo.
Olho os sonhos aí nas alturas...
E a alma, tão irrequieta,
nada faz senão esperar,
aceitar o que há de vir,
travar uma luta constante
entre o que é, o que foi, o que será,
ou o que poderia ter sido.
E, ainda assim,
conciliar o ontem, o hoje e o amanhã,
acomodar os sentimentos
e deixar feliz o coração.
Luisa Garbazza
Tarde do dia 18 de novembro de 2014.
Motivada pelo avião que cruzava o céu no momento do lusco-fusco.

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