sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Um sopro de vida

Contemplo minha mãe
inerte
em uma cama de hospital.
Ausência total.
Nenhum sinal.
Nenhum som inteligível.
Nenhum piscar de olhos ou outro movimento.
Apenas, distante, o som da respiração.
Sensação dolorosa. 
Procuro por uma fagulha de consciência.
Nada.
Chamo uma vez... duas... muitas...
Silêncio.
Respostas não há.
Onde está você, mãe?
Onde está seu sorriso
                 sua paz
                 seu acolhimento
                 sua mansidão?
Onde estão seus conselhos?
Sua palavra amiga a me animar e abençoar? Onde?
Meu olhar continua fixo:
médicos, enfermeiras, padre
soro, exames, oxigênio
antibiótico, sonda, dieta
fralda, nebulização...
E você?   
Lacuna absoluta.
Por onde anda a essência da vida?
Permaneço aqui, quase estática.
Espero sua volta.
Seus olhos abrindo e mirando os meus.
Sua mão apertando a minha.
Sua boca retribuindo meu sorriso.
Sua voz, enfim, pronunciado minha frase preferida:
"Deus te abençoe."
Onde está você, mãe?
Luisa Garbazza
19 de outubro de 2012
tarde / noite em um quarto de hospital.


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