Minha primeira imagem a respeito de
Portugal foi construída nos bancos da escola. Era um misto de admiração e
desprezo. Admiração ao estudar as “Grandes Navegações” e perceber a coragem dos
navegantes portugueses singrando mares, descobrindo mundos, desbravando
continentes. Desprezo ao conhecer nossa condição de colônia e a história da
dominação portuguesa que perdurou por anos e anos. Pela vida afora, tinha em
mente apenas esse país distante, desconhecido, desprezado.
Neste “Ano do Brasil em Portugal” – setembro de 2012 a junho de 2013 – deparo-me
com um país tão diferente, nunca antes por mim imaginado. Um país que, acima de
tudo, soube preservar suas belezas naturais e mostra exuberantemente suas
maravilhas. Encanta-nos os recantos de puro verde dominando a paisagem; os
monumentos de pedra que impressionam pela grandiosidade e arte; os parques
florestais de verde infinito que se multiplica colorindo o espelho d’água; as
ilhas e os montes onde a bruma se confunde com o verde anulando a divisão entre
céu e terra.
Em alguns lugares, o homem se
mistura com a natureza e o resultado é de prender os olhos. Uma ponte romana aparece
refletida na água formando arcos de perfeita simetria. Os lindos chalés
ladeados por muito verde e jardins floridos que, pela simplicidade e beleza, nos
remetem aos cenários de contos de fada. Nos montes, as povoações apresentam seu
casario branco à beira de lagos de águas límpidas ou no litoral misturando-se
com a imensidão do mar. Pelas praças e ruas, construções peculiares ladeadas
por jardins vivazes de formas e cores esplêndidas, dignos de poesia.
Por lá o homem deixou sua marca de
artista em construções gigantescas que, ainda hoje, nos reportam a um tempo de
feitos valorosos e significativos. Vemos Mosteiros sobressaindo pela imponência,
como a extensão e os jardins do Mosteiro dos Jerônimos ou a curiosa edificação
do Mosteiro de Alcobaça; os castelos, verdadeiras fortalezas, cercados por
muralhas ou escadarias, aguçam nossa imaginação, nossa fantasia, lembrando as
histórias das princesas e príncipes encantados e as lutas da Era Medieval.
Ali também se conservam as tradições
e a riqueza folclórica que atraem portugueses e visitantes, como o desfile dos
Gigantões da Vila, a Desfolhada do Milho, a Festa das Colheitas, a Malhada do
Centeio e as feiras culturais. Destaque de tradição envolvente e romântica são
os Lenços dos Namorados. São mimos delicados, bordados à mão, com mensagens
sugestivas de jovens enamorados. Em sua essência, eram bordados com o maior
sigilo pelas moças casadoiras e entregues aos pretendentes. Hoje, tornou-se
público e são usados também com mensagens diversas de datas festivas.
Portugal carrega em si uma forte
marca de religiosidade. Possui vários templos e santuários marcando a presença
de Deus e a devoção do povo. No alto de uma grande escadaria, ladeado por
jardins e árvores frondosas e floridas, está o Santuário do Bom Jesus de Braga.
A arquitetura chama a atenção na
construção de igrejas diferentes como a Basílica de Santa Luzia. Mas o destaque
é para o Santuário de Fátima, um dos mais importantes santuários marianos, onde
se reúnem fiéis do mundo inteiro para venerar Nossa Senhora.
Portanto, o Portugal que hoje vislumbro
é um país de lugares fantásticos com cidades ribeirinhas, bem iluminadas, proporcionando
um verdadeiro espetáculo de luzes refletidas nas águas; os moinhos de vento, as
estações dos Caminhos de Ferro, as províncias, praças e fontes; as bibliotecas
situadas em prédios majestosos lembrando os poetas que fingem a dor sentida,
analisam a cegueira humana ou falam dos benefícios de substituir a cidade pela
vida nas serras, em contato com a natureza; lugar de muitos encantos, cenários
de filmes e obras literárias – o Castelo do Monte Leiria e as margens do rio
Tejo; outros de pura História, como o Palácio de Queluz, nos arredores de
Lisboa, onde nasceu Dom Pedro I – e morreu depois de tantas andanças.
Realmente é um país de inúmeras
belezas! Em tudo isso, o que mais me enleva são as pequenas cidades e vilas pela
singeleza e brancura de suas casas, tão próximas! Pelas ruas estreitas,
completamente limpas e o verde reinando no espaço maior. A impressão que fica é
que ali vive um povo civilizado convivendo em perfeita união com o semelhante e
com a natureza. Merece meu respeito e minha admiração.
Luisa
Garbazza
Esse
é o Portugal que conheci através das páginas do facebook de meu amigo, o
professor e escritor Jacinto Guerra.
Obrigada,
professor, por essa oportunidade.
Luisa,você é uma excelente escritora,seus textos são de fácil compreensao,eles são muito bem colocados.
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