O
sol –
insistente – castiga, instiga, fustiga.
Em
seu monopólio, seca e resseca a terra:
água
evapora; plantas sofrem, lutam, fenecem.
Pesado
torna-se o ar;
difícil
torna-se a vida.
Toda
a criação padece.
Mas
o dia hoje veio diferente:
trouxe
a alegria, as nuvens, a chuva, a vida.
Manhã
de chuva, depois da seca, é presente.
Esquece-se
o passado árido, deseja-se o futuro farto.
A
chuvinha persiste: macia, serena, fria.
Sair
de casa é sentir o dia, respirar fundo a pureza do ar.
Andar
pela cidade molhada e viver as mudanças:
ver ruas e praças cheias de sombrinhas –
alegres, coloridas, necessárias;
acompanhar o corre-corre dos
desprevenidos, aqui e ali, fugindo dos pingos;
deixar o barulho da chuva, na
sombrinha, embalar os passos;
seguir a água que escorre barulhenta das
calhas e corre silenciosa pelos passeios;
reparar a enxurrada que vai lavando a
cidade e escorre – suja, escura, poluída – nos cantos da rua.
sentir, sem alarde, o borrifar da água
nos sapatos, a umidade na roupa, o frio nos pés;
sorrir para as plantas, que exibem,
agradecidas, o verde brilhante e as cores mais vivas.
Foi
preciso sair de casa, aproveitar a manhã e sentir na pele os reflexos da água
que vem do céu – limpa, pura, gratuita – trazendo vida nova.
Foi
preciso chegar a casa com o corpo umedecido e os pés encharcados.
A
alma, porém, se alegra, canta, festeja:
é
alegria pura, é renovo de vida, é graça de Deus;
é
chuva.
Luisa
Garbazza
30
de setembro de 2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário