sábado, 16 de setembro de 2017

Tai Chi Chuan: a poesia do corpo


O lugar calmo, o silêncio – que vem de dentro – a música suave.
A quietude do espírito, a postura do corpo, a paz na alma.
A mente se aquieta e acompanha, harmoniosamente, os movimentos do corpo.
Os joelhos se dobram e os braços se levantam, suavemente, em delicados ritmos.
As pernas se movem:
dobram-se, alongam-se, sobem e descem;
seguem, recuam, giram, em um bonito bailado.
Os braços se agitam: cadência suave e forte ao mesmo tempo.
Como se possuíssem vida própria,
abrem-se, fecham-se, expandem-se,
projetam-se em todos os espaços;
avançam em direções diversas, protegem o rosto,
distendem-se, abraçam o corpo.
O corpo responde:
abaixa, levanta, inclina-se para lá e para cá;
solta-se, embrenha-se nesse labirinto de giros e passos.
e deixa ser guiado pelo instante.
É assim o Tai Chi Chuan.
É a poesia do corpo.
É a alma que fala através dos movimentos.
É a expressão do eu profundo que existe em nós.
Belos são os movimentos do Tai Chi Chuan:
compasso harmônico, gestos lentos e precisos, embalos e ritmos.
Em algum momento,
já não é a música suave que embala os movimentos;
é a melodia que vem do espírito, envolve corpo e mente,
inunda os sentidos e guia os passos.
São versos que brotam, com leveza e suavidade,
nas rimas da vida.
A alma torna-se leve; o corpo flutua
– como se buscasse o alto –
com graça e liberdade.  
Isso se consegue aos poucos, um passo a cada dia,
sem pressa ou atropelos.
Cada gesto aprendido, uma conquista;
cada dificuldade vencida, um pouco mais de confiança.
Um dia, quando menos se espera, a vitória:
os movimentos são vividos com mais segurança.
A mente se solta, o corpo responde e a mágica acontece:
na profundeza do ser,
o corpo é parte indivisível do universo.
Encontra-se, então, a calmaria, a alegria,

a paz e a completude.
Luisa Garbazza
16 de setembro de 2017

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