O lugar
calmo, o silêncio – que vem de dentro – a música suave.
A quietude do
espírito, a postura do corpo, a paz na alma.
A mente se
aquieta e acompanha, harmoniosamente, os movimentos do corpo.
Os joelhos se
dobram e os braços se levantam, suavemente, em delicados ritmos.
As pernas se
movem:
dobram-se,
alongam-se, sobem e descem;
seguem,
recuam, giram, em um bonito bailado.
Os braços se
agitam: cadência suave e forte ao mesmo tempo.
Como se
possuíssem vida própria,
abrem-se,
fecham-se, expandem-se,
projetam-se
em todos os espaços;
avançam em
direções diversas, protegem o rosto,
distendem-se,
abraçam o corpo.
O corpo
responde:
abaixa,
levanta, inclina-se para lá e para cá;
solta-se,
embrenha-se nesse labirinto de giros e passos.
e deixa ser
guiado pelo instante.
É assim o Tai
Chi Chuan.
É a poesia do
corpo.
É a alma que
fala através dos movimentos.
É a expressão
do eu profundo que existe em nós.
Belos são os
movimentos do Tai Chi Chuan:
compasso harmônico,
gestos lentos e precisos, embalos e ritmos.
Em algum
momento,
já não é a
música suave que embala os movimentos;
é a melodia
que vem do espírito, envolve corpo e mente,
inunda os
sentidos e guia os passos.
São versos
que brotam, com leveza e suavidade,
nas rimas da vida.
A alma
torna-se leve; o corpo flutua
– como se
buscasse o alto –
com graça e liberdade.
Isso se
consegue aos poucos, um passo a cada dia,
sem pressa ou
atropelos.
Cada gesto
aprendido, uma conquista;
cada
dificuldade vencida, um pouco mais de confiança.
Um dia,
quando menos se espera, a vitória:
os movimentos
são vividos com mais segurança.
A mente se
solta, o corpo responde e a mágica acontece:
na profundeza
do ser,
o corpo é
parte indivisível do universo.
Encontra-se,
então, a calmaria, a alegria,
a paz e a
completude.
Luisa Garbazza
16 de setembro de 2017
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