O dia amanhecera
nublado. Nuvens pesadas e escuras impediam a claridade. Uma bruma densa e fria
cobria o vale onde morava Kíssia. Moça solteira, na plenitude da existência,
insistia em viver isolada da sociedade: nunca saíra do sítio onde vivia com os
pais. A mãe bem que insistia, mas a recusa era implacável.
Nesse dia, Kíssia
acordou diferente. Saiu do quarto, atravessou a cozinha, a sala, desceu as
escadas da varanda e ganhou a estrada. A bruma a envolveu completamente. Sentiu-se
abraçada pela névoa. E gostou. Nada enxergava, porém os passos eram seguros. Andou,
quase flutuando, sem saber para onde, nem por quê. E não parou mais de andar.
Os pais acordaram e
sentiram algo estranho em casa. Um cheiro de tristeza impregnava o ambiente. Andaram
pela casa: nada, nem ninguém. Pelo sítio, também, a procura foi em vão. Na região,
ninguém sabia de nada. Voltaram desconsolados. Jamais souberam o que aconteceu,
no entanto não viram a filha nunca mais.
Luisa Garbazza
1º de novembro de 2015
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