sábado, 24 de outubro de 2015

Lusco-fusco



 O último clarão,
último sopro de vida do dia,
momento ímpar entre duas metades:
o dia passa a vez à sua antítese.
Admiro esses instantes entre o claro e o escuro.
O som do silêncio vem acalmar os ânimos.
Há paz!
Fico absorta aos segundos que se sucedem.
Sinto-me em paz! 
...
Hoje, no entanto, algo diferente aconteceu:
O ar ficou pesado!
O horizonte não quis participar da última cena do dia.
Uma atmosfera de nostalgia cobriu tudo.
Até o pôr do sol se enegreceu.
As cigarras começaram lentamente seu canto.
Uma cigarra bradou seu lamento:
um tom estridente e triste,
alto, cada vez mais alto.
Seu grito rasgou-me a alma.
Estática, perdi-me em devaneios...
segundos... minutos...
percebi os pensamentos se escondendo.
A mente se esvaziou.
Os olhos foram se entregando ao negrume da noite...
...
até que a lua veio tomar seu lugar na cena da vida.
Seu brilho saudou-me,
inundou-me,
devolveu-me o viço, o ânimo, o sorriso.
Luisa Garbazza
no lusco-fusco deste 24 de outubro de 2015

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