O dia começa sombrio. As nuvens se
encarregam de dar o toque cinza no céu.
Ao levantar-me, peço bênçãos ao Pai do
céu; faço minhas orações.
Pego a Bíblia – herança de minha
saudosa mãe.
Abro-a, aleatoriamente, no final da Carta
de São Paulo aos Efésios.
Surpresa, encontro, em seu interior, uma
folha seca.
A mente começa a divagar, procurar
significados para tal.
Lembro-me de como minha mãe era
sensível a tudo e a cada detalhe.
Recordo sua vida de oração intensa e
da participação nas “Oficinas de Oração e Vida”.
Seu entusiasmo era contagiante. Preparava
tudo com esmero e dedicação desmedida.
Entregava-se de corpo e alma.
Quando participava do retiro
espiritual, voltava com os olhos brilhando de satisfação. Era fácil imaginar:
fizera realmente uma forte experiência de Deus. Tinha muita coisa para contar!
E falava de todos os detalhes, de cada
momento e de como Deus se revelara nas coisas pequeninas, como uma formiga, uma
borboleta, as curvas do tronco de uma árvore, um pássaro que pousara a seu lado,
uma folha caída.
Segurando a pequena folha em minhas
mãos, imagino minha mãe em um momento desses.
Vislumbro seu rosto – tão bonito! –, seu
semblante sereno, a luz que irradia de seus olhos e de seu ser. Imagino-a
iluminada, transfigurada.
Então meus pensamentos tentam imaginar
o que será que Deus revelara a ela, através de algo tão simples, naquele momento tão
sublime.
Retiro a folha e leio na Bíblia: “Irmãos,
fortalecei-vos no Senhor, pelo seu soberano poder.”
Volto o pensamento novamente para as
lembranças de minha mãe: mulher forte, repleta das graças de Deus. Não se
deixava sucumbir. Nada abalava sua fé em Deus e na Imaculada Conceição – sua madrinha.
Foi sustentáculo para tanta gente! Uma vida inteira de doação: cuidou da dor de
tantos e tantas! E, paradoxalmente, alegrava-se com qualquer minúcia e padecia
dores imensas e inimagináveis. Santificou-se.
Prestes a completar seis meses de sua
experiência definitiva com Deus, sua imagem ainda é tão nítida em minha memória!
– Acho que o será para sempre. Os olhos se turvam pelas lágrimas que não
consegue reter. É difícil me lembrar de pessoa tão querida e não me emocionar. Sinto
tanto sua falta! Hoje, mais ainda. Nossa Senhora da Conceição era, realmente,
madrinha de minha mãe. Assim ela considerava e assim – por causa das evidências
– acreditávamos.
É a Maria – a Imaculada – que peço
proteção neste dia: “Vosso olhar a nós volvei; vossos filhos protegei.”
Luisa Garbazza
8 de dezembro de 2014
Dia de Nossa Senhora da Conceição
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