segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Presença



O dia começa sombrio. As nuvens se encarregam de dar o toque cinza no céu.

Ao levantar-me, peço bênçãos ao Pai do céu; faço minhas orações.

Pego a Bíblia – herança de minha saudosa mãe.

Abro-a, aleatoriamente, no final da Carta de São Paulo aos Efésios.

Surpresa, encontro, em seu interior, uma folha seca.

A mente começa a divagar, procurar significados para tal.

Lembro-me de como minha mãe era sensível a tudo e a cada detalhe.

Recordo sua vida de oração intensa e da participação nas “Oficinas de Oração e Vida”.

Seu entusiasmo era contagiante. Preparava tudo com esmero e dedicação desmedida.

Entregava-se de corpo e alma.

Quando participava do retiro espiritual, voltava com os olhos brilhando de satisfação. Era fácil imaginar: fizera realmente uma forte experiência de Deus. Tinha muita coisa para contar!

E falava de todos os detalhes, de cada momento e de como Deus se revelara nas coisas pequeninas, como uma formiga, uma borboleta, as curvas do tronco de uma árvore, um pássaro que pousara a seu lado, uma folha caída.

Segurando a pequena folha em minhas mãos, imagino minha mãe em um momento desses.

Vislumbro seu rosto – tão bonito! –, seu semblante sereno, a luz que irradia de seus olhos e de seu ser. Imagino-a iluminada, transfigurada.

Então meus pensamentos tentam imaginar o que será que Deus revelara a ela, através de algo tão simples, naquele momento tão sublime.  

Retiro a folha e leio na Bíblia: “Irmãos, fortalecei-vos no Senhor, pelo seu soberano poder.”

Volto o pensamento novamente para as lembranças de minha mãe: mulher forte, repleta das graças de Deus. Não se deixava sucumbir. Nada abalava sua fé em Deus e na Imaculada Conceição – sua madrinha. Foi sustentáculo para tanta gente! Uma vida inteira de doação: cuidou da dor de tantos e tantas! E, paradoxalmente, alegrava-se com qualquer minúcia e padecia dores imensas e inimagináveis. Santificou-se.

Prestes a completar seis meses de sua experiência definitiva com Deus, sua imagem ainda é tão nítida em minha memória! – Acho que o será para sempre. Os olhos se turvam pelas lágrimas que não consegue reter. É difícil me lembrar de pessoa tão querida e não me emocionar. Sinto tanto sua falta! Hoje, mais ainda. Nossa Senhora da Conceição era, realmente, madrinha de minha mãe. Assim ela considerava e assim – por causa das evidências – acreditávamos.

É a Maria – a Imaculada – que peço proteção neste dia: “Vosso olhar a nós volvei; vossos filhos protegei.”
Luisa Garbazza
8 de dezembro de 2014
Dia de Nossa Senhora da Conceição

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