O
calendário estampa dezembro: o último mês do ano. Dois mil e catorze está
vivendo seus últimos dias. Começa a movimentação típica de final de ano. A
Igreja católica, mais uma vez, se veste com as cores do Advento. O povo cristão
se reúne, reza, prepara-se espiritualmente para a chegada do esperado Messias.
Jesus, adorado e glorificado, vem presentear a humanidade com uma primavera de
graças que nos conduz à salvação eterna. Entretanto, neste momento, dirijo meus
olhos sobretudo para uma mulher: Maria, a filha, a esposa, a mãe do filho de
Deus.
Ao
contemplar Maria, vislumbro uma menina inocente, que se prepara para desposar
José, o carpinteiro. Certamente, com a cabeça cheia de sonhos, nem imaginava o
que Deus tinha reservado para ela. Posso divisar a expressão de sua face ao
ouvir as palavras do anjo conferindo-lhe um papel de tamanha importância na
história do povo de Deus. Mas não consigo mensurar a dimensão da fé, da coragem
e da segurança de Maria ao responder, cheia de convicção, aquele sim tão
sincero e colocar-se como serva: “Faça-se em mim segundo a vossa vontade”. Com
certeza, nem ela mesma sabia o que a esperava daquele momento em diante. Mesmo
assim, entregou-se toda, corpo, alma e espírito, àquela missão que lhe fora
confiada. Teria outra vida agora. Os sonhos também seriam outros.
Ao
aceitar ser mãe do filho de Deus, Maria apresenta-se como uma mulher forte e
decidida. Vejo agora a mulher, cheia de coragem, que enfrenta a distância para
ajudar sua prima Isabel. Que desposa José e com ele vive uma série de desafios:
os percalços de uma gestação; a longa viagem para o recenseamento; as dores do
parto; a procura por um lugar onde pudesse se agasalhar e dar à luz seu filho
amado; a falta de opção; o frio da noite; o refúgio em uma simples manjedoura. Vejo
também a superação e a alegria da mãe ao tomar nos braços aquela criancinha
divina que a fez tão cheia de graça.
É
fácil imaginar Maria como mãe. A ternura imensa, além dos limites, sentida pelo
filho pequeno. O jeito todo especial de tomá-lo nos braços e amamentá-lo. O
privilégio de sentir nos seus os olhos de Jesus numa cumplicidade profunda e divinal.
Fecho os olhos e percebo o semblante de Maria enquanto embala o filho e o
coloca para dormir. E junto a ela, como pai zeloso e comprometido, seu esposo José.
O companheiro nos momentos de alegria e ternura; o homem forte e corajoso nos
momentos de angústias, de fugas, de idas e voltas.
Depois
que se estabeleceu em Nazaré, a Sagrada Família iniciou uma vida mais
tranquila. Vêm à mente a imagem de Maria amparando Jesus em seus primeiros
passos. Imagino a paciência e a graça presentes em cada tentativa. O olhar
carinhoso dizendo sem palavras: “Vem, meu filho! Você consegue!” A alegria
sentida ao vê-lo caminhar sozinho. Ao mesmo tempo, lá está Maria ensinando o
menino a falar. Quão suaves devem ter sido suas palavras! Quanta harmonia
naquela brincadeira de sons e expressões! Imensa deve ter sido a alegria ao
ouvi-lo pronunciar: “Mamãe!” Assim por toda a infância, que, com certeza, foi
algo intenso e sublime: a convivência em família, os aprendizados, a oração, a
firmeza protetora do pai adotivo e a serenidade de Maria a conduzi-lo em todos
os momentos.
Por
isso, neste Natal, peçamos a Maria que nos dê a graça de olhar Jesus como ela o
fez. Saibamos contemplá-lo como verdadeiro Filho de Deus. Ao admirá-lo no
presépio, tenhamos no olhar a ternura, a serenidade e a fé que sempre
acompanhou sua mãe. Tomemos para nós o exemplo da Sagrada Família de Nazaré: a
união, o carinho e a confiança total nos desígnios de Deus. Acima de tudo,
deixemos Jesus fazer parte de nossa vida. Tenhamos paciência e perseverança
para aprender com Ele tudo o que precisamos para viver em harmonia. Assim o
Natal será mais feliz e a vida mais abençoada.
Luisa Garbazza
Publicação do jornal Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho.
Dezembro de 2014.
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