Tarde fria e
sem cor.
O tempo seco,
sofrido por tão longa estiagem, denuncia-se na poeira acumulada, na grama seca
e no ar poluído.
Nós, pobres
almas inquietas, também sofremos.
Rezamos,
pedimos a Deus, renovamos a esperança, todos os dias, a cada nuvem desenhada no
céu.
A natureza,
apesar de desgastada e massacrada, – ou justamente por isso – sabe o tempo
certo para acontecer. Por aqui foi hoje, nesta tarde quieta de sábado.
O tempo
transforma-se aos poucos. Escurece devagarinho e prepara-se para o espetáculo mais
uma vez.
Gotas solitárias
se dissolvem na terra ressequida.
Gotas solidárias
umedecem o solo.
Gotas transparentes, puras, cristalinas.
Gotas transparentes, puras, cristalinas.
E não param. Vão-se
unindo num cair constante e ritmado, tocando janelas, limpando plantas,
molhando varandas e calçadas.
O brilho dos
relâmpagos rasga o céu formando riscos que hipnotizam e surpreendem pelas
formas exóticas e variadas.
De canto a
canto, misteriosamente, o eco dos trovões enchem o espaço com suas notas
graves, ora amedrontando, ora ensurdecendo, ou murmurando apenas, escondido
pelas nuvens.
Com mais
intensidade, a chuva cai agora. Gotas mágicas que purificam o ar e saciam a sede da terra.
Da varanda,
vejo a grossa enxurrada que corre na beira da rua, invadindo a calçada: a água
escura leva consigo muito pó, folhas secas e sujeira.
No telhado, a
melodia tão almejada.
A presença das
calhas – recém-colocadas – priva-me da dança poética e sonora das goteiras.
O frio toca-me
levemente o rosto, entra-me pela pele e causa arrepios, mas permaneço atenta ao
desfecho imensamente aguardado. E louvo ao Criador.
A fé mantém
viva a esperança. A confiança nos conserva no caminho e sustenta a certeza de
que nunca estamos sós.
O show agradou
demais, não pode parar.
Bravo! Bis!
Luisa Garbazza
25 de outubro de 2014
Tarde de chuva, graças a Deus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário