sábado, 25 de outubro de 2014

Gotas mágicas




Tarde fria e sem cor.
O tempo seco, sofrido por tão longa estiagem, denuncia-se na poeira acumulada, na grama seca e no ar poluído.
Nós, pobres almas inquietas, também sofremos.
Rezamos, pedimos a Deus, renovamos a esperança, todos os dias, a cada nuvem desenhada no céu.
A natureza, apesar de desgastada e massacrada, – ou justamente por isso – sabe o tempo certo para acontecer. Por aqui foi hoje, nesta tarde quieta de sábado.
O tempo transforma-se aos poucos. Escurece devagarinho e prepara-se para o espetáculo mais uma vez.
Gotas solitárias se dissolvem na terra ressequida.
Gotas solidárias umedecem o solo. 
Gotas transparentes, puras, cristalinas.
E não param. Vão-se unindo num cair constante e ritmado, tocando janelas, limpando plantas, molhando varandas e calçadas.
O brilho dos relâmpagos rasga o céu formando riscos que hipnotizam e surpreendem pelas formas exóticas e variadas.
De canto a canto, misteriosamente, o eco dos trovões enchem o espaço com suas notas graves, ora amedrontando, ora ensurdecendo, ou murmurando apenas, escondido pelas nuvens.
Com mais intensidade, a chuva cai agora. Gotas mágicas que purificam o ar e saciam a sede da terra.
Da varanda, vejo a grossa enxurrada que corre na beira da rua, invadindo a calçada: a água escura leva consigo muito pó, folhas secas e sujeira.
No telhado, a melodia tão almejada.
A presença das calhas – recém-colocadas – priva-me da dança poética e sonora das goteiras.
O frio toca-me levemente o rosto, entra-me pela pele e causa arrepios, mas permaneço atenta ao desfecho imensamente aguardado. E louvo ao Criador.
A fé mantém viva a esperança. A confiança nos conserva no caminho e sustenta a certeza de que nunca estamos sós.
O show agradou demais, não pode parar.
Bravo! Bis!
Luisa Garbazza
25 de outubro de 2014 
Tarde de chuva, graças a Deus.

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