sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Santo, só por hoje

Em uma tarde fria de julho, sozinha em casa, passo alguns momentos na internet, buscando aqui e ali, sem encontrar nada que fizesse a diferença significativamente.
Conectada ao facebook, recebi uma mensagem de um jovem dizendo que ele e vários outros de Bom Despacho sairiam no dia seguinte com destino à Canção Nova para participarem do PHN 2011. PHN? Não entendi nada. Ainda não tinha ouvido esta sigla. Perguntado sobre o significado desta sigla ele respondeu: “POR HOJE NÃO - POR HOJE NÃO VOU MAIS PECAR”.
Isso causou em mim um turbilhão de sentimentos. Deixou-me fragilizada emocional e espiritualmente. Meus pensamentos me transportaram para vários lugares ao mesmo tempo e algumas lembranças vieram à tona. Lembrei-me em primeiramente das palavras do papa João XXIII em Os dez mandamentos da serenidade: “Só por hoje tratarei de viver exclusivamente este meu dia, sem querer resolver o problema da minha vida, todo de uma só vez”. Depois, analisando a dimensão desse encontro, lembrei-me também do discurso de nosso querido beato João Paulo II aos jovens: "Precisamos de Santos sem véu ou batina. Precisamos de Santos de calças jeans e tênis. Precisamos de Santos que vão ao cinema, ouvem música e passeiam com os amigos. (...) Precisamos de Santos que tenham tempo todo dia para rezar e que saibam namorar na pureza e castidade, ou que consagrem sua castidade. (...) Precisamos de Santos que vivam no mundo, se santifiquem no mundo, que não tenham medo de viver no mundo. (...)  Precisamos de Santos que estejam no mundo; e saibam saborear as coisas puras e boas do mundo, mas que não sejam mundanos".
  Como essas palavras fazem sentido na realidade em que vivemos! Nossos jovens estão perdidos em um mundo onde a globalização tomou conta de tudo. As informações são tantas e as influências chegam de todos os lugares. Todos ficam muito desorientados, sem saber ao certo que rumo seguir. Querem estar sempre na moda, frequentar lugares badalados, participar de eventos que estão “bombando”. O que mais importa é seguir as tendências. Fumar, beber, usar drogas, viver sem compromisso, aproveitar a vida. Pecado? Isso não existe. Tudo é liberado na mente dos nossos jovens.
Mas, apesar das agendas cheias, de tantos programas que preenchem o tempo, os dias, a vida, sentimos que por trás de tudo isso existe um vazio muito grande. Uma falta de alguma coisa que não sabem o que é. Nada é suficiente. Apesar de tanta gente, sentem-se sós. Nos momentos de sobriedade e solidão pesa uma tristeza que machuca e incomoda. Não conseguem entender os próprios sentimentos e perseguem afoitamente novos momentos de agitação para esquecerem de si mesmos.
Na era da eletrônica, a religião foi posta de lado. A ciência está cada vez mais “na moda”. E é tão fácil se deixar levar por essa modernidade. Percebo, então, o quanto nossos jovens precisam de Deus. Às vezes nem eles mesmos se dão conta disso, porém esse vazio existencial só será preenchido pela presença salvífica de Jesus, nosso salvador.
Nesse sentido, lembrei-me de que estamos nos aproximando do mês de agosto: mês das vocações. Um convite para rezarmos pelos jovens. Pedirmos a Deus que interceda por eles para que cada um saiba escolher uma vocação. Escolher com o coração não só aquilo que vai fazê-lo feliz e realizado, mas também o que vai levá-lo a ajudar o outro, o que o levará a ser santo. Ser santo pela sensação de um trabalho cumprido com honestidade; pela alegria de formar uma família e conduzi-la com amor e fé em Deus; pela doação absoluta consagrando-se à vida religiosa; pela gratuidade com que ajuda os mais necessitados. Seja qual for o caminho escolhido, que seja vivido seguindo as palavras de São Paulo na primeira carta aos Coríntios: "Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus".
O apelo vai, então, para nós, cristãos católicos, principalmente aqueles que estão à frente das massas, sendo, de uma forma ou de outra, formadores de opinião. Que cada um paute a sua vida por esse PHN, vivendo só por hoje longe do pecado. Dizem que o exemplo arrasta. Por isso, essa é a melhor forma de conduzir nossos jovens: através do exemplo, de uma vida de oração e  pertença a Deus, da alegria e prazer em servir, levando a mensagem de Deus a todos os que ainda não se convenceram de que a melhor forma de merecer o céu é sermos santos a cada dia.
Luisa Garbazza
15 de julho de 2011 

Publicada originalmente no jornal "Paróquia", 
da Paróquia N. S. do Bom Despacho em agosto de 2011

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