Hoje ganhei um pequeno
par de asas. Vesti-me e deixei-as me levar. Vou voar até onde elas me levarem.
Falar de amor, espalhar meus sonhos, fazer com que a poesia da vida alcance
outras pessoas.
O dia mal começara
quando saí, levada pelas mãos de uma amiga. A leveza do voo fez-me sentir nas
nuvens. E feliz. Na alegria do caminho,
nem sei ao certo quanto voamos. Sei apenas que aterrissamos em um lugar
encantado, cheio de graça, cor e poesia.
Em instantes, fui
percebendo que estava no mundo mágico da literatura: havia livros, desenhos,
montagens de cenas, enfeites; havia projetos inteiros representados em cenas e
palavras; havia murais coloridos, agradáveis aos olhos; e ali, naquele mundo
paralelo de tantas belezas, encontrei “A menina que queria ser vento”, bem nas
alturas, com suas asas imaginárias. Em mais alguns instantes, vindas de todos
os lados, havia crianças, muitas crianças. Os pequenos iam e vinham, seguindo
seus orientadores, segurando a blusinha uns dos outros, em uma ciranda
confusamente organizada.
Acompanhei aqueles passos. Os olhos brilhantes
procuravam este ou aquele enfeite mais bonito, paravam, queriam ver de perto e
tocar. O burburinho das vozes encheu o salão. Voz de criança é diferente, tem
ritmo e cadência, tem musicalidade, tem harmonia. E acompanhei aquilo tudo com
alegria e uma pontinha de saudosa lembrança: tempos em que eu fazia parte daquele
universo.
Mais uns passos e quedou-se
o balé dos pequeninos. Acomodados em cadeiras, foram convidados a participar da
atração principal: o lançamento de um novo caminho a ser trilhado. Acompanhei-os
com simplicidade, como se criança fosse. A festa foi animada. Ali saudamos a Pátria,
brincamos, cantamos, assistimos a uma bela historinha, ouvimos. Falou a Secretária
da Educação, falou o Prefeito, falou a coordenadora do projeto. Era a materialização
do sonho literário: o Projeto Bom de Lê, das escolas municipais, lançando o
concurso de desenho para 2018. A partir dali, vão ter muito trabalho, de
leitura, escrita e desenho. Precisam caminhar bastante, sonhar, voar cada vez
mais alto, até a chegada de outra festa, naquele mesmo lugar.
Então fui levada
pelas mãos e apresentada aos pequenos. E aos grandes também. Fui convidada a
participar desse projeto tão envolvente. Vi-me ali, frente a todos aqueles
rostinhos que me olhavam curiosamente, e o coração se agigantou. Comecei a
falar de sonhos, de histórias, de vida e poesia; falar do mundo mágico da
leitura que nos faz ganhar asas e voar, cada vez mais longe, em busca de nossos
ideais. É a ciranda das palavras, que nos leva pelas mãos, em uma dança alegre,
viva, cheia de cores e formas, e nos eleva, cada vez mais alto, impulsiona
nossas ideias, faz-nos donos do nosso destino...
Hoje, quando
acordei, bem cedinho, ganhei um pequeno par de asas. Entreguei-me ao momento e
aceitei voar. Achei que fosse apenas sonho. Agora, já de volta, trazida pelas
mesmas asas, conduzida pela mesma amiga, sei que foi um sonho real. Tomara possa
ser concretizado plenamente e que as asas me levem, mais uma vez, quando for o
momento certo.
Luisa
Garbazza
15
de junho de 2018
Lançamento
do Projeto “Bom de Lê”,
das escolas municipais de Bom Despacho.
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