Sempre amei os
livros, desde bem pequena. Em casa não os havia. Morava nos arredores da cidade,
então, a maratona – quase diária – até à Biblioteca Municipal, para buscá-los
era percorrida com gosto. Às vezes lia o livro pelo caminho, tamanha a
ansiedade. Cresci lendo, escrevendo, contando histórias. Como eu gostava – e ainda
gosto – desse universo! Imaginava mil coisas além daquelas que preenchiam as
páginas do livro.
Já com os filhos
criados, comecei a escrever mais sistematicamente e a publicar meus escritos. De
repente, fui chamada de “Escritora”. E acreditei. Em pouco tempo, estava com
meu primeiro livro nas mãos. Uma tarde, enquanto aguardava um aluno, peguei o
lápis – Amo escrever a lápis! – e comecei a rabiscar umas palavras. Era o
esboço de um livro, minha primeira historinha para crianças. Saiu, assim, sem
planejar. Nunca havia pensado em publicar um livro infantil. Mas ele veio:
presente de Deus. Poesia e leveza compuseram aquelas páginas. Fiquei muito contente
com o resultado.
A publicação e a
divulgação desse livro foram momentos de muito encantamento. Em cada criança eu
via o brilho no olhar e as palavras de incentivo. E ainda: “Quando você vai
fazer outro livro?” Só o tempo dirá. O que importa são as ocasiões marcantes de
encontro entre as crianças e o livro. E os depoimentos das mães, sobre o
momento da primeira leitura, os comentários sobre a história, a menina que
ficou no quintal imitando a personagem, o menino que carregava o livro para
todos os lugares aonde ia, e tantos outros.
A maior surpresa, no
entanto, aconteceu no sábado, 12 de maio. Expus meus livros lá na Praça da
Matriz, como faço de vez em quando, para divulgá-los. A Praça estava alegre,
movimentada: um evento da faculdade, escoteiros espalhados, crianças brincando,
pessoas procurando um presente para o Dia das Mães. A Banda de Música veio
chegando para nos presentear com suas canções. Algumas pessoas já haviam se
interessado pelos meus livros, principalmente as crianças: Gabriel, Arthur, Elena, Rafael, Levi. Estava feliz.
Mais alguns minutos
e vejo passando uma ex-aluna – Suzana – com seus netinhos. Convidei-a para
conhecer meus livros. Ela veio chegando e me cumprimentou, com a alegria que
lhe é peculiar. A netinha – Júlia – foi logo ver os livros. Chegou, com brilho
nos olhos, e observou cada um. Indagou sobre o valor. Pegou então meu livro
infantil: “A menina que queria ser vento, eu quero este”. E sem esperar a
opinião da avó, abriu cuidadosamente sua bolsinha. Vi que havia duas notas. Ela
tirou uma das notas e entregou-me. Segurou o livro com uma mão e começou a
questionar sobre os outros, com olhar de quem queria mais. Expliquei que
aqueles eram livros para pessoas com um pouco mais de idade. Com ar de
contrariedade, ela não ficou satisfeita: continuou a manusear os livros. Então
eu disse: “Este aqui serve para sua mãe. Você já comprou o presente para o Dia
das Mães?” – A avó confirmou minha fala. – O olho brilhou novamente. Sem hesitar,
abriu a bolsinha, retirou a outra nota e entregou-me. Pegou com gosto o outro
livro e sorriu realizada.

Luisa Garbazza
12 de maio de 2018
Véspera do Dia das Mães
Agradeço imensamente à
Suzana e à pequena Júlia por me proporcionarem essa alegria tão grande, tão
bela, inesquecível.
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