Início de ano é sempre assim: carregado de projetos
e esperanças em dias melhores. Quisera que aparecessem, em todos os corações,
projetos para uma cultura de paz. Talvez não seja tão fácil assim, mas é tão
necessário!
Estamos vivendo uma cultura do individualismo e
tudo que vem atrapalhar a paz egoísta é motivo para desavenças. Percebemos
irmãos nossos presos em seu mundo, sem se importar com o outro: o vizinho, o
transeunte, a pessoa que se senta ao seu lado na igreja e, às vezes, até
aqueles que moram na mesma casa. Encontramos, em nosso caminho, muitos que se
exasperam uns com os outros – às vezes por coisas pequenas – e começam a
cultura da violência, que vai ganhando forças e atingindo proporções
incontroláveis em nossa sociedade. O que presenciamos? Violência nas famílias,
nas ruas, no trânsito, nos poderes públicos. Violência provocando mortes,
brigas, guerras, desespero, decepção, sofrimento, destruição. Urge colocarmos
um pouco mais de humanidade em nossas relações com o outro, seja ele quem for.
Afinal, somos feitos à imagem e semelhança de Deus e é assim que devemos olhar
o irmão que está ao nosso lado.
Pensando nessa paz, tão necessária e urgente,
retorno o pensamento para o dia primeiro de janeiro deste ano. Transporto-me –
e convido o leitor a também se transportar – para a missa das dezenove horas,
na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Bom Despacho. Padre Antônio Otaviano como
celebrante. A igreja muito cheia. Fiéis de várias paróquias participam da
celebração. – A Igreja católica não tem fronteiras. – A bandeira branca, na
procissão de entrada, assinala a preocupação com a paz, cujo dia comemoramos. A
celebração começa com o peculiar entusiasmo do celebrante, que – sem pressa nem
atropelos – nos leva a meditar os mistérios de Jesus em nossa vida e a perceber
as mensagens que Deus nos envia através da Palavra. Em sua homilia, bem
preparada, Padre Antônio dá o destaque devido à Virgem Maria, figura exaltada
neste dia, e ao Dia Mundial da Paz. As palavras que chegam ao nosso coração são
de calmaria e vigor ao mesmo tempo. Calmaria que nos leva a imaginar um
universo de paz entre nós; vigor que nos provoca e nos coloca como
corresponsáveis pela propagação da paz. Contamos ainda com a presença de Jesus
entre nós, de forma mais significativa no momento da consagração, trazendo-nos
a certeza de que precisamos caminhar juntos, pois somos todos irmãos.
Bela celebração! Mas ainda não acabou. Padre
Antônio faz agora a oração final. Depois convida todos para cantar, sem instrumentos,
a Oração de São Francisco de Assis. Começo, juntamente com os demais: “Senhor,
fazei-me instrumento de vossa paz.” Então, sem entender o porquê, fico em
silêncio. Fecho os olhos e absorvo o momento: As vozes saem com força e beleza,
enchem a igreja, transbordam... Enchem também meu coração. Fico apenas ouvindo.
Lindo, lindo! Deus se faz presente. A emoção toma conta. A lágrima escorre. A
alma transcende. A paz acontece. Uma paz tão grande que, sozinha, é capaz de
alcançar o coração de todos. Retomo o pensamento e fico pensando: É essa paz
que desejo a toda a humanidade. A paz que vem de Deus, inunda nosso ser e
reflete nas pessoas.
Por falar em paz, estamos nos preparando para
vivenciar a Campanha da Fraternidade 2018, que vem gritar para o Brasil – e
para o mundo – o quão necessário é a luta pela “Fraternidade e superação da
violência”, afinal “Vós sois todos irmãos”.
Nessa “guerra” por um mundo mais pacífico, contemos
com a força poderosa do Espírito Santo de Deus e peçamos, insistentemente, o
dom da Paciência, para que aprendamos a difícil arte de nos conhecermos uns aos
outros e a nos aceitarmos como irmãos. Assim, teremos o mesmo desejo: o bem e a
paz.
Luisa Garbazza
Publicação do Jornal Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho
Fevereiro de 2018
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