quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Cultura de paz

Início de ano é sempre assim: carregado de projetos e esperanças em dias melhores. Quisera que aparecessem, em todos os corações, projetos para uma cultura de paz. Talvez não seja tão fácil assim, mas é tão necessário!
Estamos vivendo uma cultura do individualismo e tudo que vem atrapalhar a paz egoísta é motivo para desavenças. Percebemos irmãos nossos presos em seu mundo, sem se importar com o outro: o vizinho, o transeunte, a pessoa que se senta ao seu lado na igreja e, às vezes, até aqueles que moram na mesma casa. Encontramos, em nosso caminho, muitos que se exasperam uns com os outros – às vezes por coisas pequenas – e começam a cultura da violência, que vai ganhando forças e atingindo proporções incontroláveis em nossa sociedade. O que presenciamos? Violência nas famílias, nas ruas, no trânsito, nos poderes públicos. Violência provocando mortes, brigas, guerras, desespero, decepção, sofrimento, destruição. Urge colocarmos um pouco mais de humanidade em nossas relações com o outro, seja ele quem for. Afinal, somos feitos à imagem e semelhança de Deus e é assim que devemos olhar o irmão que está ao nosso lado.
Pensando nessa paz, tão necessária e urgente, retorno o pensamento para o dia primeiro de janeiro deste ano. Transporto-me – e convido o leitor a também se transportar – para a missa das dezenove horas, na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Bom Despacho. Padre Antônio Otaviano como celebrante. A igreja muito cheia. Fiéis de várias paróquias participam da celebração. – A Igreja católica não tem fronteiras. – A bandeira branca, na procissão de entrada, assinala a preocupação com a paz, cujo dia comemoramos. A celebração começa com o peculiar entusiasmo do celebrante, que – sem pressa nem atropelos – nos leva a meditar os mistérios de Jesus em nossa vida e a perceber as mensagens que Deus nos envia através da Palavra. Em sua homilia, bem preparada, Padre Antônio dá o destaque devido à Virgem Maria, figura exaltada neste dia, e ao Dia Mundial da Paz. As palavras que chegam ao nosso coração são de calmaria e vigor ao mesmo tempo. Calmaria que nos leva a imaginar um universo de paz entre nós; vigor que nos provoca e nos coloca como corresponsáveis pela propagação da paz. Contamos ainda com a presença de Jesus entre nós, de forma mais significativa no momento da consagração, trazendo-nos a certeza de que precisamos caminhar juntos, pois somos todos irmãos.
Bela celebração! Mas ainda não acabou. Padre Antônio faz agora a oração final. Depois convida todos para cantar, sem instrumentos, a Oração de São Francisco de Assis. Começo, juntamente com os demais: “Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.” Então, sem entender o porquê, fico em silêncio. Fecho os olhos e absorvo o momento: As vozes saem com força e beleza, enchem a igreja, transbordam... Enchem também meu coração. Fico apenas ouvindo. Lindo, lindo! Deus se faz presente. A emoção toma conta. A lágrima escorre. A alma transcende. A paz acontece. Uma paz tão grande que, sozinha, é capaz de alcançar o coração de todos. Retomo o pensamento e fico pensando: É essa paz que desejo a toda a humanidade. A paz que vem de Deus, inunda nosso ser e reflete nas pessoas.
Por falar em paz, estamos nos preparando para vivenciar a Campanha da Fraternidade 2018, que vem gritar para o Brasil – e para o mundo – o quão necessário é a luta pela “Fraternidade e superação da violência”, afinal “Vós sois todos irmãos”.
Nessa “guerra” por um mundo mais pacífico, contemos com a força poderosa do Espírito Santo de Deus e peçamos, insistentemente, o dom da Paciência, para que aprendamos a difícil arte de nos conhecermos uns aos outros e a nos aceitarmos como irmãos. Assim, teremos o mesmo desejo: o bem e a paz.



Luisa Garbazza 

Publicação do Jornal Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho
Fevereiro de 2018

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