terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Feliz aniversário, minha mãe!

Hoje amanheci assim: com um ar de nostalgia invadindo meu dia.
Sinto um aperto no peito, uma pontinha de tristeza.
Tenho um anseio desmedido de pronunciar: – Mãe! – e ouvir uma resposta.
Mas a voz morre, antes mesmo de sair,
sufocada pela realidade que me priva este movimento.
Já não tenho a grata alegria de pronunciar esse nome.
Mas ele está gravado em mim, misturado, aglutinado, incorporado. Eternamente.
Mãe,
a senhora se foi sem ao menos se despedir.
Em nosso último encontro, nossa última conversa – na UTI de um hospital – foi a Ave-Maria que rezamos juntas.
E eu lhe disse que Maria estava na cabeceira de sua cama.
Esperava vê-la outra vez. Outras vezes. Mas não me foi possível.
Um dia você estava ao meu lado; no outro, havia partido.
Já são quase três anos de ausência.
Queria mais tempo.
Tempo para abraçá-la um pouco mais;
para dizer-lhe que a amo mais que tudo.
Tempo para sentar-me ao seu lado e ouvir suas histórias,
seus ensinamentos, suas palavras bonitas;
para ver seu sorriso, seu rosto sereno, seus cabelos prateados.
Tempo para contar-lhe meus planos e incluí-la em cada um deles.
Dizem que o tempo é o melhor remédio.
Não conseguiu, no entanto, amainar a saudade que eu sinto da senhora.
O tempo passa... passa...
E seu semblante continua fazendo parte de minha vida.
Passam os dias...
Em nenhum deles vejo diminuir as lembranças que trago comigo.
Hoje elas vieram mais fortes.
Lembro-me de todos os anos em que comemorei este dia:
das flores que colhia nos campos para lhe ofertar;
dos cartões e cartinhas de amor que escrevia para lhe entregar;
dos presentes, dos abraços e dos beijos;
do olhar amoroso e terno que recebia de volta, falando de gratidão.
Sentia-me transbordar de amor e alegria.
Não me faltava nada: sentia-me plenamente feliz.
Hoje é o seu aniversário.
Sim, com o verbo no presente. Para mim, será sempre o seu aniversário, pois, enquanto Deus me conceder o dom da vida, a senhora viverá comigo e em mim.
Obrigada por todos os momentos inesquecíveis – alegres ou tristes – que vivi a seu lado. Sei que agora está junto de Deus e os momentos tristes ficaram para trás.
Isso me dá forças para seguir em frente, enfrentar a vida com dignidade, como a senhora me ensinou, e dizer-lhe, num misto de alegria, tristeza e saudade:
– Feliz aniversário, minha mãe!
Luisa Garbazza

21 de fevereiro de 2017

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