O ser humano, a mais complexa obra das mãos
divinas, foi criado para viver em plenitude, conforme nos lembra o próprio
Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10).
Justamente por sua complexidade, para viver plenamente o ser humano precisa
estar em constante estado de evolução e cuidar de seu próprio desenvolvimento
em todas as áreas: física, moral, intelectual, emocional e, principalmente,
espiritual.
O crescimento espiritual do ser humano se dá
através da fé em Deus. A fé, quase sempre herdada dos pais, é tal qual uma
sementinha seca e pequena. Cabe a cada um lançá-la na terra, fazê-la florescer
e multiplicar. Para isso estamos aqui na terra. Para isso fomos agraciados com
o dom da vida. É uma missão nem sempre fácil. Às vezes nos deparamos com
situações adversas que podem cercear nossa fé: a caminhada, nem sempre suave,
do dia a dia, o enfrentamento das dificuldades, o desânimo provocado pela
aridez dos dias difíceis, os obstáculos que teimam em intimidar nossos passos.
Todas essas situações devem, no entanto, servir de estímulos para uma maior
aproximação de Deus e, consequentemente, nosso crescimento espiritual.
Na caminhada da Igreja, muitas são as oportunidades
que temos para alimentar nossa fé. Cada um, de acordo com os dons que Deus lhes
concedeu, é chamado a propagar essa fé fazendo com que ela se multiplique e
cresça no coração de outras pessoas. Uma das formas dessa expansão é a devoção
aos santos. Através do exemplo de vida de tantos e tantas que alcançaram a
glória dos altares, louvamos a Deus, Criador nosso.
No mês de janeiro, pude acompanhar a abertura da
festa de São Sebastião, na Vila Gontijo. – São Sebastião, vivendo em tempos de
perseguição dos cristãos, deixou-nos o testemunho de fé; visitando os
encarcerados, confortando-os e ajudando os que foram atingidos pela pobreza,
deu-nos o exemplo da caridade; por se deixar ser dominado pelo Espírito Santo,
deu-nos o exemplo de coragem e fortaleza de ânimo. – O povo, em procissão,
cantava e refletia sobre a vida, o sofrimento, a obstinação de São Sebastião em
prol do Cristianismo. Ao mesmo tempo, louvava a Deus pela glória do padroeiro e
pedia proteção para toda a comunidade cristã, em especial para a Comunidade São
Sebastião e para os visitantes. A caminhada seguia animada e recebia novos
fiéis à medida que se aproximava da igreja.
Ao chegar à igreja, os devotos foram entrando e se
acomodando, à espera da celebração. Por último, entrou o celebrante, Fráter
Matheus, e os festeiros: uns com bandeiras, outros na equipe litúrgica e alguns
sustentando nas mãos uma capelinha com a imagem de São Sebastião. Estes se
conservaram de pé, frente ao altar. Após as orações iniciais, as capelinhas
foram levadas a outro altar, na lateral do templo, onde estava uma bonita
imagem do santo. Ali foram depositadas, cuidadosamente, e permaneceriam durante
toda a novena. No encerramento da festa, elas seriam levadas pelos festeiros do
próximo ano.
Essas capelinhas, que também fazem parte da festa
do padroeiro de outras comunidades, são exemplos concretos de expansão da fé.
Levadas de família em família, podem servir de impulso para muitos que ainda
teimam em deixar adormecida a chama da fé que todos recebemos no batismo.
Tomara possamos acompanhar a caminhada do povo de
Deus em nossas comunidades e, através da fé e do modelo de vida dos padroeiros,
abrir o coração para que nele penetre o Espírito Santo e aumente a nossa
própria fé. Assim poderemos nos aproximar cada vez mais de Deus e deixar que
Ele envolva nossa vida por inteiro para sermos, também nós, semeadores da fé.
Luisa Garbazza
Jornal Paróquia N. Sra. do Bom Despacho
Fevereiro de 2017
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