quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Expansão da fé

O ser humano, a mais complexa obra das mãos divinas, foi criado para viver em plenitude, conforme nos lembra o próprio Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Justamente por sua complexidade, para viver plenamente o ser humano precisa estar em constante estado de evolução e cuidar de seu próprio desenvolvimento em todas as áreas: física, moral, intelectual, emocional e, principalmente, espiritual.
O crescimento espiritual do ser humano se dá através da fé em Deus. A fé, quase sempre herdada dos pais, é tal qual uma sementinha seca e pequena. Cabe a cada um lançá-la na terra, fazê-la florescer e multiplicar. Para isso estamos aqui na terra. Para isso fomos agraciados com o dom da vida. É uma missão nem sempre fácil. Às vezes nos deparamos com situações adversas que podem cercear nossa fé: a caminhada, nem sempre suave, do dia a dia, o enfrentamento das dificuldades, o desânimo provocado pela aridez dos dias difíceis, os obstáculos que teimam em intimidar nossos passos. Todas essas situações devem, no entanto, servir de estímulos para uma maior aproximação de Deus e, consequentemente, nosso crescimento espiritual.
Na caminhada da Igreja, muitas são as oportunidades que temos para alimentar nossa fé. Cada um, de acordo com os dons que Deus lhes concedeu, é chamado a propagar essa fé fazendo com que ela se multiplique e cresça no coração de outras pessoas. Uma das formas dessa expansão é a devoção aos santos. Através do exemplo de vida de tantos e tantas que alcançaram a glória dos altares, louvamos a Deus, Criador nosso.
No mês de janeiro, pude acompanhar a abertura da festa de São Sebastião, na Vila Gontijo. – São Sebastião, vivendo em tempos de perseguição dos cristãos, deixou-nos o testemunho de fé; visitando os encarcerados, confortando-os e ajudando os que foram atingidos pela pobreza, deu-nos o exemplo da caridade; por se deixar ser dominado pelo Espírito Santo, deu-nos o exemplo de coragem e fortaleza de ânimo. – O povo, em procissão, cantava e refletia sobre a vida, o sofrimento, a obstinação de São Sebastião em prol do Cristianismo. Ao mesmo tempo, louvava a Deus pela glória do padroeiro e pedia proteção para toda a comunidade cristã, em especial para a Comunidade São Sebastião e para os visitantes. A caminhada seguia animada e recebia novos fiéis à medida que se aproximava da igreja.
Ao chegar à igreja, os devotos foram entrando e se acomodando, à espera da celebração. Por último, entrou o celebrante, Fráter Matheus, e os festeiros: uns com bandeiras, outros na equipe litúrgica e alguns sustentando nas mãos uma capelinha com a imagem de São Sebastião. Estes se conservaram de pé, frente ao altar. Após as orações iniciais, as capelinhas foram levadas a outro altar, na lateral do templo, onde estava uma bonita imagem do santo. Ali foram depositadas, cuidadosamente, e permaneceriam durante toda a novena. No encerramento da festa, elas seriam levadas pelos festeiros do próximo ano.
Essas capelinhas, que também fazem parte da festa do padroeiro de outras comunidades, são exemplos concretos de expansão da fé. Levadas de família em família, podem servir de impulso para muitos que ainda teimam em deixar adormecida a chama da fé que todos recebemos no batismo.

Tomara possamos acompanhar a caminhada do povo de Deus em nossas comunidades e, através da fé e do modelo de vida dos padroeiros, abrir o coração para que nele penetre o Espírito Santo e aumente a nossa própria fé. Assim poderemos nos aproximar cada vez mais de Deus e deixar que Ele envolva nossa vida por inteiro para sermos, também nós, semeadores da fé.
Luisa Garbazza
Jornal Paróquia N. Sra. do Bom Despacho
Fevereiro de 2017

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