Paraty – passos na história
Janeiro
de 2017: férias em Ubatuba, litoral de São Paulo – lugar de águas mornas que
convidam a longos banhos de mar. Tão perto estávamos, não perdemos a
oportunidade de visitar Paraty, uma cidadezinha histórica, no litoral do Rio de
Janeiro, que mantém preservada sua riqueza arquitetônica. Na manhã do dia 19 de
janeiro, uma quinta-feira nublada de verão, partimos rumo a um mergulho na
história.
A
primeira imagem, a alguns metros da cidade, perto de onde antes havia um farol,
chamou a atenção pela grandiosidade e imponência com que se apresenta: um
gigantesco bloco de pedra – um verdadeiro monumento. O olhar mais atento, que o
acompanha até ao alto, depara com uma imagem ainda mais grandiosa: afixado bem
em cima da pedra, um grande cruzeiro, em primeiro plano, tendo o céu como pano
de fundo, impõe sua beleza e seu significado, apresentando as marcas da
religiosidade.
Na
cidade, o moderno e o antigo convivem lado a lado. Dividindo as duas
realidades, uma grossa corrente, com aros grandes e fortes, faz-nos lembrar da
força da mão de obra escrava e o rigor com que eram tratados os escravos,
acorrentados, obrigados a serviços às vezes além de suas forças.
As
ruazinhas estreitas – muitas – todas de pedras que parecem transpirar história,
juntamente com o suor daqueles que, fatigados, num incansável ir e vir, se esmeravam
no ofício de transportá-las e encaixá-las, facilitando o trânsito de veículos e
das pessoas que por ali passavam.
Ladeando
as ruas de pedras, o casario histórico, com suas portas e janelas estreitas,
com suas sacadas protegidas por grades de ferros, e os lampiões que remontam os
tempos de pouca luminosidade nas cidades. Olhando o casario, a impressão que
temos é de estarmos fora da realidade, em um lugar de sonhos – o que não deixa
de ser verdade.
Em
algumas ruas, e também à beira mar, veem-se alguns pequenos canhões. Certamente,
marca dos tempos longínquos na história em que Paraty era porta de saída do
ouro extraído em terras mineiras.
Um
espetáculo à parte – em grande número e com amplas praças e enormes gramados à
frente, provavelmente onde se reuniam as pessoas em dias de missa ou festas
religiosas – são as igrejas católicas do lugar: templos altos, imponentes em
suas fachadas, guardam em seus interiores o resultado das mãos de verdadeiros
artistas que arquitetaram e construíram imagens diversas e belíssimos altares
que enchem nossos olhos e reforçam nossa fé. Bem no alto, no interior das
torres, os sinos, que ainda tocam a marcação melódica que anuncia as horas ou
chama para a missa. Um dos mais belos exemplos desses templos, erguida em honra
à padroeira e que ostenta um belíssimo altar, é a Igreja de Nossa Senhora dos
Remédios.

Continuamos
o trajeto naquelas ruas estreitas, de pedras irregulares, cheias de poças de
água da chuva, que nos obrigavam a dar passos mais atentos. As portas das
casas, quase todas abertas, abrigam o comércio de artesanatos e outros artigos
típicos da região. Em uma esquina, uma casa abrigava um evento curioso realizado
pelo SESC: uma exposição de quadros com estampas bordadas à mão. Gosto,
habilidade e esmero nas mãos que executam tão belas obras de arte.
Quando
saímos da exposição, por volta das onze horas da manhã, e rumamos de volta para
Ubatuba, a cena lá fora havia mudado: centenas de turistas haviam preenchido os
espaços da pequena e bela Paraty. O burburinho das pessoas invadia as ruas e
dava vida à história, que teima em permanecer intacta e atual.
Luisa Garbazza
29 de janeiro de 2017
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