domingo, 8 de janeiro de 2017

A melodia da vida


Dão!... Dão!...  Dão!...
Toca o sino da Matriz? Não. Toca o músico percussionista anunciando o Concerto Natalino, com a Banda de Música do 7º Batalhão de Polícia Militar, na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Bom Despacho.
O harmonioso som do “sino”, seguido pelo toque dos tambores, abriu o coração dos presentes para apreciar aquele momento cheio de vida e viver a energia e a suavidade que a música nos proporciona.
Músicas belas e bem escolhidas, executadas com maestria, encantaram-nos a todos. “Jesus, a alegria dos homens” – de Johann Sebastian Bach – estava entre as mais apreciadas. Ao toque de “Bate o sino, pequenino, sino de Belém” não houve quem não se entusiasmasse. A alegria tomou conta de todos: alguns balançavam o corpo, outros batiam palmas; houve os que agitavam as mãos no alto e os que não se contentaram só com a melodia e começaram a cantar. Quando o percussionista tocou novamente o “sino” anunciando “Noite feliz”, em um arranjo belíssimo, a emoção foi mais forte e o silêncio reinou. Mas foi o canto da “Ave Maria”, na voz de Sueli Gonzaga, que falou mais forte ao coração das pessoas. O som da orquestra e o canto – ao mesmo tempo forte, suave e envolvente – encheram os espaços do templo e transbordaram pelas portas invadindo a praça no entorno da igreja.
Ao meu lado, séria, com jeito de gente grande, uma menina, bem pequena – dois, três anos talvez –, com vestidinho rosa, sandália de lacinho preto, uma fita rosa no cabelo. De pé, em cima do banco, ouvia atentamente a apresentação, com os olhos fixos nos músicos. De vez em quando, ensaiava uma quebradinha de quadris. E, no final de cada apresentação, não lhe faltava entusiasmo para juntar as mãozinhas e aplaudir. É a música alcançando a todos, sem distinção; é a inocência deixando se envolver por acordes tão sublimes e intensos.
Vou ouvindo o concerto e pensando quão necessária é a música em nossa vida. Música que preenche os espaços vazios da existência, aqueles que não conseguimos preencher com palavras ou atos. Não há como ficar imune ou insensível aos acordes que nos chegam aos ouvidos. É belo, envolvente, suave... É divino!
Ao mesmo tempo, é música que transforma, alegra, realiza, faz a diferença na vida das pessoas. Aqui me lembro de outras apresentações feitas por essa mesma banda em outros momentos e em outros lugares: nas praças, nas festividades civis e militares, nos eventos religiosos... O que mais me encantou, no entanto, foram as apresentações que – infelizmente – acompanhei apenas pelas redes sociais: aquelas feitas nos hospitais. Com que emoção acompanhei a entrada dos músicos nas enfermarias da Santa Casa! Assisti ao vídeo, com lágrimas nos olhos, imaginando a reação das pessoas que ali estavam, acamadas, sem muitos motivos para se alegrar. Um gesto de intensa caridade que, com certeza, foi muito significativo, tanto para os enfermos quanto os acompanhantes. Que esses músicos sejam abençoados e perseverem nessa missão de levar conforto a quem precisa dessa forma tão edificante!

Demos graças a Deus por esse dom tão precioso com que ele presenteou o ser humano: o dom da música. Tomara ela possa ser usada apenas para a alegria, para o entrosamento entre os povos e, assim, engrandecer o nome do Criador e dispensador de todos os dons. A música é alimento para a alma, é a melodia da vida. Como bem o disse o Padre Antônio Otaviano, no final do concerto: “É imensurável! É sublime! Sobe aos Arcanjos de Deus.”

Luisa Garbazza

Publicação do Jornal 
Paróquia N. Sra. do Bom Despacho
Janeiro de 2017

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