segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Vigiai e orai

A Igreja está vivendo um período de renovação: o novo Ano Litúrgico já começou. Estamos celebrando o Advento: tempo de preparação para a chegada do Salvador. Cada cristão é convidado a fazer a sua renovação pessoal, o seu retorno à casa do Pai, a sua preparação para bem viver o Natal.
Neste tempo de revisão de vida, precisamos nos lembrar das palavras de Jesus: “Vigiai e orai, para não cairdes em tentação”. (Mt 26,41) Esse “Vigiai e orai” deve nos acompanhar por toda a nossa vida, mas, em alguns tempos litúrgicos, a Igreja nos coloca essa máxima para ser vivida com mais fervor. Estar vigilante significa não se descuidar das coisas sagradas, não se entregar às coisas mundanas, seguir o que Jesus nos ensinou e permanecer em sintonia com Deus. Isso, em tudo que vivemos e somos.
Vigiar a forma de viver, de lidar com os problemas impostos pela vida. Nossas atitudes, nossos pensamentos, a forma com que tratamos as pessoas à nossa volta, principalmente os menos favorecidos, a maneira como acolhemos o outro com todas as suas dificuldades e diferenças, tudo isso vai nos mostrando se realmente estamos vigilantes. Na imensidão do universo, somos apenas um grão de areia, nada mais que isso. De nada vale um coração cheio de vaidades, de sensação de poder, de pensamentos superiores, cogitando sermos mais que aqueles ou aquelas. Talvez, quando pensamos assim, é que nosso grãozinho de areia esteja passando por transformações e perdendo intensidade. Talvez quando nos julgamos grandes, estamos menor ainda diante de Deus; quando nos julgamos poderosos, somos mais frágeis do que possamos imaginar. Na verdade, quando imaginamos que não precisamos do outro, que somos capazes de tudo, estamos perdendo a oportunidade de conviver com as pessoas, descobrir as qualidades dos outros, conhecer a maravilha de trabalhar em equipe, um ajudando o outro, buscando novas possibilidades, aliviando o fardo.
Orar a todo o momento, por nós mesmos e pelas outras pessoas, pois somos todos filhos de Deus. Orar pelos que estão ao nosso lado, lutando as mesmas batalhas, buscando os mesmos ideais, e pelos que estão do lado contrário, impulsionando o barco para águas turvas e difíceis de navegar. Orar não só por aqueles que vivem e pregam o amor, a ternura e a paz, mas também pelos que carregam em si a frieza da razão, que vivem sem coração e sem fé, deixando atrás de si rastros de desesperança e aridez. Orar por todos os que esperam em Deus, que fazem da vida uma entrega aos desígnios divinos; também pelos que ainda não descobriram em si mesmo a presença do Todo-Poderoso. Orar pelos que vivem edificando e plantando flores no jardim do vizinho; orar também pelos que vão semeando desertos, destruindo sonhos, plantando desamor. 
Vigiai e orai todo tempo. Peçamos a Deus a graça de atravessar esse tempo do Advento com esse pensamento: preparar o nosso coração para receber o Deus-menino que quer nascer entre nós. Que possamos reconhecer no outro a presença desse Jesus que vem e, assim, ver no semelhante alguém digno de ser amado, ser cuidado e respeitado, pois é nosso irmão, filho do Pai celeste. Peçamos a graça de um coração vigilante, não apenas agora, mas em cada dia de nossa existência. Peçamos também, a graça de estarmos sempre preparados para a chegada de Jesus em nossa vida. Assim, quando Ele se aproximar e perguntar "Quem enviarei? Quem irá por nós?", podemos responder, sem vacilar, tal e qual o fez o profeta Isaías: “Eis-me aqui, Senhor! Envia-me!”.
Luisa Garbazza

Publicação do Informativo Igreja Viva
Paróquia N. S. do Rosário
Dezembro de 2016

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