terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Chuva de cristal


O tempo aparece sem cerimônia:
não pede licença para mudar.
Passa do claro ao escuro pesado,
Do azul, ao cinza, mesmo o rosado,
tanto agrada, como pode assustar.

E quando esse tempo fica revolto,
as nuvens densas, muito carregadas,
em um espetáculo sem igual,
descem, caem em gotas de cristal,
límpidas, frias, leves ou pesadas.

Gotas de cristal molham os telhados,
lavam calçadas, a terra umedece,
limpam as ruas, purificam o ar,
enchem rios, fazem vida renovar,
quer seja manhã, ou quando anoitece.

Gotas de cristal que entram nas casas
dos pobres, humildes, desvalidos.
Caem na sala, encharcam o chão,
molham a cama, desalojam o irmão:
entram pelos telhados corroídos.

Gotas de cristal que caem agora,
sem valia, sem cor, luz, sem beleza,
dos olhos dos que estão desamparados,
que nas ruas vivem todos jogados
e da vida já nenhuma certeza.
Luisa Garbazza
13 de dezembro de 2016
Noite de chuva em Bom Despacho

2 comentários:

  1. Momento de muita lucidez de sua parte! bjus!
    Lucia Bastos

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  2. É a vida, não é Lúcia!
    Obrigada pela participação.

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