A Igreja Católica é uma instituição milenar. Quase dois mil anos se
passaram desde que o próprio Cristo a instituiu. Conduzida por mãos humanas,
durante todo esse tempo, ela cresceu, errou algumas vezes e acertou outras
tantas, foi combatida, mas segue firme no propósito da evangelização e na
pregação do direito à vida plena para todos.
Com esse intuito, a Igreja foi criando, além da Celebração da Eucaristia instituída
por Jesus – ponto máximo da nossa fé –, sacramentais, hinos, tríduos, novenas,
ofícios e outras manifestações que nos elevam a Deus. Algumas ficaram quase
esquecidas, como o “Ofício das Trevas”, que o padre Cristiano teve o carinho de
revivificar na Semana Santa de 2016. Foi uma fantástica experiência de oração
da qual tive o prazer de participar.

Padre Cristiano começou a celebração entoando um belíssimo hino, com voz
clara e em um tom mais baixo e suave, mas que inundou a igreja, penetrou no coração
e nos sentidos e preencheu a alma de todos os que a escutavam. Seguiu-se a
cerimônia com cânticos, salmos, preces e leituras que nos transportavam no
tempo e nos faziam meditar a caminhada de fé do povo de Deus. A cada hino,
apagava-se uma vela. As palavras proferidas e a melodia dos hinos nos tocavam repetidamente
o coração e a alma e faziam-nos meditar sobre a nossa própria caminhada.
Com o desenrolar da cerimônia, e as velas quase todas apagadas, a igreja
foi ficando cada vez mais escura, lembrando-nos a solidão de Jesus nos momentos
que antecederam sua paixão e morte: aquela noite escura, a traição, a prisão, o
abandono, a injustiça, a condenação, a dor, a crucificação. Momentos difíceis,
banhados a sangue, que marcaram os últimos momentos de vida terrena do Mestre
Galileu.
O final, quando não havia mais velas acesas e a penumbra inundou o templo
sagrado, deixou-nos com a alma leve e em paz. Mais ainda, veio nos lembrar de
nossa responsabilidade com a expansão do Evangelho. Se Cristo viveu tudo isso
por nós, temos a obrigação de fazer a nossa parte para que isso tudo não tenha
sido em vão. Precisamos mostrar o rosto de Jesus ao mundo através de nossas
atitudes, de nosso comprometimento, de nossa vida. Assim não haverá mais
trevas: apenas a luz do ressuscitado pairando sobre cada um de nós.
Luisa Garbazza
Para o Informativo Igreja Viva
Abril de 2016
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