segunda-feira, 11 de abril de 2016

Faça-se a luz

A Igreja Católica é uma instituição milenar. Quase dois mil anos se passaram desde que o próprio Cristo a instituiu. Conduzida por mãos humanas, durante todo esse tempo, ela cresceu, errou algumas vezes e acertou outras tantas, foi combatida, mas segue firme no propósito da evangelização e na pregação do direito à vida plena para todos.
Com esse intuito, a Igreja foi criando, além da Celebração da Eucaristia instituída por Jesus – ponto máximo da nossa fé –, sacramentais, hinos, tríduos, novenas, ofícios e outras manifestações que nos elevam a Deus. Algumas ficaram quase esquecidas, como o “Ofício das Trevas”, que o padre Cristiano teve o carinho de revivificar na Semana Santa de 2016. Foi uma fantástica experiência de oração da qual tive o prazer de participar.
Quinta-feira Santa. Aproximei-me da igreja às 23h28. As luzes apagadas e o silêncio convidavam ao recolhimento e a um encontro mais profundo com o Criador. Entrei vagarosamente, percebendo a presença de dezenas de fiéis que ali se encontravam. As velas, no altar e em um grande candelabro triangular, quebravam o rigor das trevas. A procissão de entrada marcou o início da celebração. O sacerdote e a equipe de celebração foi se adiantando pelo corredor da igreja, sem luz, sem alarde, sem hinos: apenas trevas e o som dos passos que se aproximavam do altar.
Padre Cristiano começou a celebração entoando um belíssimo hino, com voz clara e em um tom mais baixo e suave, mas que inundou a igreja, penetrou no coração e nos sentidos e preencheu a alma de todos os que a escutavam. Seguiu-se a cerimônia com cânticos, salmos, preces e leituras que nos transportavam no tempo e nos faziam meditar a caminhada de fé do povo de Deus. A cada hino, apagava-se uma vela. As palavras proferidas e a melodia dos hinos nos tocavam repetidamente o coração e a alma e faziam-nos meditar sobre a nossa própria caminhada.
Com o desenrolar da cerimônia, e as velas quase todas apagadas, a igreja foi ficando cada vez mais escura, lembrando-nos a solidão de Jesus nos momentos que antecederam sua paixão e morte: aquela noite escura, a traição, a prisão, o abandono, a injustiça, a condenação, a dor, a crucificação. Momentos difíceis, banhados a sangue, que marcaram os últimos momentos de vida terrena do Mestre Galileu.

O final, quando não havia mais velas acesas e a penumbra inundou o templo sagrado, deixou-nos com a alma leve e em paz. Mais ainda, veio nos lembrar de nossa responsabilidade com a expansão do Evangelho. Se Cristo viveu tudo isso por nós, temos a obrigação de fazer a nossa parte para que isso tudo não tenha sido em vão. Precisamos mostrar o rosto de Jesus ao mundo através de nossas atitudes, de nosso comprometimento, de nossa vida. Assim não haverá mais trevas: apenas a luz do ressuscitado pairando sobre cada um de nós.
Luisa Garbazza

Para o Informativo Igreja Viva
Abril de 2016

Nenhum comentário:

Postar um comentário