quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Um simples detalhe

Um dia como outro qualquer. O tempo chuvoso e escuro das primeiras horas ilumina-se com a chegada do sol e deixa mais colorida a manhã de primavera.
Coração também amanheceu chuvoso. Triste, angustiado, apertado no peito. E assim continuou. Uma sensação estranha, indefinida. Semblante pesado. Nostalgia pura sem saber por quê. Ou de quê.
A tarde já ia adiantada. Como as nuvens da existência ainda não tinham se dissipado, dirigi-me ao jardim – um dos meus lugares preferidos. Sentei-me na grama – muito verde, agradecida pelas chuvas constantes desta estação – e deixei-me ficar. A cabeça estava longe, os pensamentos desconexos, a mente embaralhada.
Pus-me a contemplar as plantas. Cada uma tem sua história: dois coqueiros. Um foi presente de minha mãe; outro, trazido do brejo  por meu pai – Há quanto tempo!; a roseira cor-de-rosa ganhei de uma vizinha, e a rosa preta, de meu esposo; a açucena foi presente – Um vaso lindo que ganhei no dia das mães e transplantei para o jardim. – Assim fui relembrado a procedência de cada uma delas. Agradáveis lembranças.
Meus olhos pararam na grama. Milhares de folhinhas formando um lindo tapete verde. Porém, algo mais me chamou à atenção: bem no meio da grama, também verde, só que em um tom mais claro, uma pequena plantinha havia brotado. Olhando brevemente, ela nem seria notada. No entanto estava lá, firme, nitidamente visível aos olhares mais atentos. Serviu-me como ponto de reflexão.
Pude perceber naquela plantinha um toque divino que se revelou em tão simples detalhe. É realmente nas pequenas coisas que Deus  se manifesta. Ela, que brotou apertadinha por entre as raízes da grama, conseguiu ganhar seu lugar e, apesar de estar só, estava crescendo de maneira bem saudável. Por sua força de vontade, ganhou novos ares e agora fazia parte daquele jardim.
Pensamento alçou voo. Do mesmo modo, também sou criação divina. Tudo que tenho e sou devo a Deus. Por isso, preciso estar de bem com a vida e valorizar cada detalhe do dia a dia. Também faço parte de um imensurável jardim. Não preciso estragá-lo. Posso escolher enfeitá-lo com a ternura que flui do meu coração, deixá-lo leve com minhas palavras de incentivo, iluminá-lo com a luz da minha fé. Posso cuidar de cada detalhe que vai fazer a diferença aos olhos dos que o observam.
Um sorriso brotou lá no fundo. Relutei em me levantar dali. Entretanto, já me sentia aliviada e pronta para retornar à rotina. Agradeci profundamente a Deus por ter me permitido esses momentos e por ter revelado essas coisas a mim, que sou tão pequenina.
Luisa Garbazza
13 de novembro de 2013
18 horas e 20 minutos

2 comentários:

  1. e este tempo chuvoso me levou ao cemitério. e junto ao túmulo,de meus familiares, rezei e agradeci ao bom tempo;a caminhada, o frescor e a paz. cumprimentei O S.Sacramento na Capela de Sta.Efigênia chegando aqui, encontro suas palavras. DEUS EXISTE. AMEM.

    ResponderExcluir
  2. Deus existe, amiga!
    E está aí, todo tempo, em todos os lugares.
    Obrigada por dividir comigo esse momento.

    ResponderExcluir