Bom Despacho,
cidade querida do Centro-Oeste mineiro, está em festa. O povo todo unido numa
manifestação de fé e devoção a Nossa Senhora do Rosário: é a “Festa do Reinado”.
A maior manifestação popular da cidade. Bom-despachenses de um canto a outro da
cidade se misturam numa profusão de cores e alegria com o objetivo maior de venerar
Nossa Senhora.
A preparação
é remota, começando com o levantamento do “Mastro de avisos”, ainda no mês de
julho. Antes do início da festa, há um intenso crescimento espiritual, dando
oportunidade para cada congada se aproximar e prestar a devida homenagem a
Nossa Senhora.
Nos dias
da festa, a cidade inteira participa. Os dançadores se espalham pelas ruas
levando encantamento aos olhares de todos. São cinco dias de magia, de serviço
voluntário, de promessas pagas, de confraternização. Tudo na gratuidade.
No domingo,
a cidade se transforma. No meio da tarde, que fica curta para tantos
acontecimentos, começa a aglomeração na Praça do Rosário. Dali sai a procissão
em direção à Praça da Matriz, onde acontece a cerimônia de troca de coroas. É durante
esse trajeto que a festa acontece em sua plenitude. Um extenso cortejo de congadas,
de príncipes e princesas, de reis e rainhas, ladeados por uma enorme corrente
formada pelo povo que, embevecidos, prestigiam nossos “heróis”.
Impressiona a diversidade geral existente nos detalhes
dos cortes de reinado. Atraem os olhos, as cores que se multiplicam nos tecidos
das roupas, nas estampas variadas, nos bordados delicados. Os ouvidos mais
apurados se encantam com os sons dos tambores que marcam o ritmo de cada corte.
Cada um com sua cadência, com seus movimentos, com sua coreografia. Só a
alegria é comum. Essa não pode faltar. Esse ingrediente é primordial para o
sucesso da festa.
Durante
a caminhada, nos intervalos entre os cortes, vão se mesclando os representantes
das paróquias e os andores com os respectivos padroeiros. Por último, mas com
destaque especial, um carro com Nossa Senhora do Rosário. Lá está ela,
altaneira, virando em todas as direções, abençoando a cidade.
Ao chegar
à Praça da Matriz, quando todos os cortes e santos já haviam passado, a
multidão se espalha pelas ruas no entorno da praça. Naquele momento, uma visão
muda completamente o foco dos acontecimentos. Parado em um canto, um carro com
uma caixa d’água em cima e uma tubulação especial com quatro torneiras. Acontece
ali uma grande lição de solidariedade: uma família reunida distribuindo copos e
servindo água para todos que por ali passam. Pai, mãe, filhos, nora, juntos,
envolvidos naquele gesto sublime de saciar a sede do semelhante. Misturam-se
entre as pessoas, oferecem o copo e direcionam-nas para as torneiras, onde se
servem à vontade. Causa emoção ver a naturalidade e a alegria com que o fazem.
Incansavelmente.
Com essa
manifestação de amor ao próximo termina a festa neste domingo. Em outros lugares
a movimentação continua. Mas aqui, depois desse acontecimento, nada há a
acrescentar, a não ser a certeza de que Deus se faz presente. A certeza de que
é esse modelo de convivência que Deus sonhou para seu povo. A alegria em saber
que o mandamento “Amai-vos uns aos outros” acontece no meio de nós.
Luisa
Garbazza
20
de agosto de 2012
Publicada no "Informativo Igreja Viva"
Paróquia Nossa Senhora do Rosário
Agosto de 2013
Publicada no "Informativo Igreja Viva"
Paróquia Nossa Senhora do Rosário
Agosto de 2013
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