quinta-feira, 5 de abril de 2012

Jornada jovem

               O altar improvisado no pátio da Catedral de Nossa Senhora da Boa Viagem  em Belo Horizonte – montado com zelo e bom gosto – aguardava o momento da celebração eucarística. Em frente ao altar, em um espaço devidamente separado, os ministros extraordinários da comunhão aguardavam pacientes. Os organizadores faziam os últimos acertos. O ambiente todo iluminado colaborava com a ocasião dando-lhe o devido destaque.
             A passeio na cidade, fui participar da Santa Missa, pois o Matheus, meu filho, seminarista sacramentino, seria o cerimoniário. O horário marcado já estava vencido. Poucas pessoas estavam na assembleia. Pensei comigo: tanto aparato para tão poucos fiéis. Foi um pensamento de pura ingenuidade, pois eu não sabia ao certo o que estava para acontecer. No momento seguinte, uma turma de jovens – uns cinquenta – chegou ao local e foi se acomodando nos espaços disponíveis. Poucos instantes se passaram. Outros jovens foram chegando, outros, mais outros, e “de todos os lugares vinham aos milhares” e foram circundando o altar, espalhando pelos jardins, por sob as árvores, em cada cantinho da praça que ladeava a catedral. Jovens alegres, radiantes, de “cara pintada”, terço na mão, segurando faixas, exibindo bandeiras... Milhares de jovens ali estavam para louvar a Deus e agradecer pelo dom da vida. Era o encerramento da III Jornada Arquidiocesana da Juventude.
             Alguns jovens ainda estavam chegando quando o coral começou a cantar a música Nova geração, do padre Zezinho. Foi muito comovente ver aqueles jovens todos reunidos por um propósito tão edificante. Comecei a cantar junto e no momento do refrão – todas aquelas vozes repetindo “No peito eu levo uma cruz, no meu coração o que disse Jesus” – a emoção foi tamanha que não pude – nem quis – segurá-la no peito, ela se desfez em lágrimas comprovando a força da graça e da presença de Deus: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles”. (Mt 18,20)
           A celebração eucarística transcorreu com primor de organização, belas vozes, presença de padres, diáconos, seminaristas e as sábias palavras de Dom João Justino, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte. Marcou-me muito o momento em que Dom Justino pediu que todos fechassem os olhos e abaixassem a cabeça, levando-nos a refletir sobre o que ele ia proferindo. O silêncio foi completo. Nenhum ruído, nenhuma conversa, nada. Apenas as palavras enriquecedoras que nos transportavam ao encontro de nós mesmos e ao encontro de Deus. Ao levantar a cabeça, senti uma leveza profunda e uma gratidão imensa pela oportunidade de participar desse evento.
          Após a celebração eucarística, a entrada do arcebispo Dom Walmor, motivou os jovens a saudá-lo com carinho e muitas palmas. “Uma igreja sem a presença do jovem nunca será uma igreja marcada pela alegria”, disse ele. A mensagem trazida pelo arcebispo foi de humildade, paz, esperança, alegria e muita fé. A esperança de um mundo melhor, com a significativa atuação dos jovens principalmente na Igreja. A alegria de ser filho de Deus e poder espalhar esse sentimento na família, no trabalho, na escola, contagiando cada irmão, cada irmã, para que também possam se alegrar. Dom Walmor colocou-se à disposição da juventude sendo recompensado com muitos aplausos. Também convidou os jovens ao sacerdócio e à vida religiosa e disse que a alegria que ele encontrou na Igreja, seguindo os passos de Cristo, com certeza, não experimentaria em nenhuma outra atividade.
          Saí dali com a certeza de que aquela celebração fez a diferença na vida de muitos jovens, como fez na minha. E continuará fazendo nesse tempo de preparação para a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, em 2013. O mundo está carente de jovens engajados, que acreditem na força de Deus. E nós cremos “na força do jovem que segue o caminho de Cristo Jesus”.  E esse mesmo Cristo Jesus será nosso guia nessa jornada em busca de uma sociedade mais justa, mais santa, mais fraterna, mais divinizada. Tomara que todos tenham saído dali “Enraizados e Edificados em Cristo, Firmes na Fé”. (cf. Col 2, 7)
 Luisa Garbazza
04 de abril de 2012
Crônica inspirada em emoções vividas no encerramento da III Jornada Arquidiocesana da Juventude, em Belo Horizonte, dia 1º de abril de 2012.

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