segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Peregrinos de esperança

 


Tarde do dia 29 de dezembro. Na Igreja Nossa Senhora de Fátima, na cidade de Luz, sede de nossa diocese, iniciou-se a caminhada que marcou a cerimônia de abertura do Jubileu “Peregrinos da Esperança” na diocese de Luz.

A caminhada até a Catedral de Nossa Senhora da Luz trouxe a simbologia da peregrinação. Ora pisando em poças d’água, ora suportando a chuva fina que caía, o “povo de Luz” dava passos seguros, com o coração cheio de esperança. Somos todos peregrinos nesta terra, rumo ao céu.

A chegada à catedral e a abertura de sua porta congregou todo o povo de Luz como uma só nação, em sintonia com o Papa Francisco, que abriu a porta santa em Roma, no dia 24 de dezembro.

Aos poucos, com a entrada dos sacerdotes e dos fiéis, a catedral foi ganhando vida. Dom Aristeu abençoou a água com a qual os presentes seriam aspergidos, lembrando nosso Batismo, quando renascemos em Cristo, nossa esperança.

A celebração eucarística, bela, piedosa, bem preparada, proporcionou-nos a espiritualidade necessária para bem viver e entender esse momento. Dom Aristeu, em sua homilia, falou-nos primeiramente sobre o valor da família, destacando o dia da Sagrada Família, celebrada hoje, e sobre o jubileu que ora iniciamos. Marcar a abertura do jubileu, nas dioceses, justamente nesse dia, vem da preocupação do Papa Francisco com o futuro de nossas famílias. Dom Aristeu pediu às pastorais ligadas à família que se esmerasse na oração, no resgate, no reforço e revigoramento das famílias.

Sobre o jubileu, Dom Aristeu nos lembra de que é um momento de grande graça para nossa Igreja e destacou dois momentos importantes desse tempo: primeiro, um olhar para dentro de nós mesmos, como estamos vivendo nossa fé; segundo, olhar para fora, para o outro, um olhar missionário. O que estamos fazendo para o bem comum? “Somente serão reconhecidos peregrinos de esperança os que estiverem próximos dos que estão sós.” O bispo terminou sua fala invocando Maria, Mãe da esperança, sob o título de Nossa Senhora da Luz.

A porta da catedral foi aberta. Está aberto oficialmente o Jubileu Peregrinos da Esperança em nossa diocese e no mundo todo.

E agora?

Agora começa nossa missão. Nós somos os peregrinos de esperança. Precisamos nos encher de fé e coragem e começar a caminhada. Primeiramente dar passos para dentro de nós mesmos, como bem o disse o Papa Francisco, depois sairmos de nós e dar passos confiantes para levar algo de nós a quem está desesperançado.

Inspirados e motivados por nossos sacerdotes, que nos alimenta espiritualmente, abracemos essa missão com coragem e compromisso, alegria e zelo. Cada rito, cada celebração, cada peregrinação sejam vividos em comunhão com toda a Igreja, com uma dose bem grande de fé e esperança.

Bom Jubileu para cada um de nós e para todos os filhos e filhas de Deus. Seja um ano realmente santo.

Luisa Garbazza

29 de dezembro de 2024

sábado, 14 de dezembro de 2024

Nasce a esperança

 

Foto cedida pelo Pe. Matheus Garbazza, Paróquia N. Sra. da Conceição, Alto Jequitibá - MG

Curioso é perceber o burburinho da cidade nos dias que antecedem as festas de fim de ano, em especial, o Natal. O centro da cidade se transforma em um verdadeiro shopping a céu aberto. Um vai e vem ininterrupto faz parte do cenário das calçadas, das praças e das lojas, abarrotadas de artigos para todos os gostos. Celebrar as festas torna-se a prioridade, mesmo entre os que não creem em Jesus. Para muitos, o que importa é festa, fartura, presentes. Mas, para os que creem, Natal é tempo de esperança.

Esperança é o que nós, cristãos, vivemos neste tempo do Advento, em que preparamos o coração e o espírito para a chegada do Deus Menino. Esperança na boa nova que ele nos traz. Tempo de reflexão e maior espiritualidade. Assim, para melhor aproveitarmos este tempo de preparação, a Igreja sempre nos oferece, na liturgia, as passagens dos profetas, que, ainda hoje, são mensagens de vida e de esperança.

Em 2024, vivenciando este período de espera para o nascimento de Jesus, temos dois motivos especiais de esperança. O primeiro é abertura do Jubileu da Esperança, que acontecerá dia 24 de dezembro. O Ano Santo começará no dia 24 de dezembro de 2024 e terminará no dia 6 de janeiro de 2026. Este tempo de graça vem do apelo do Papa Francisco para reacender a esperança em um mundo marcado pela guerra, pelo desespero e pelo desafio das novas tecnologias: "Diante de tantas formas do mal e morte, devemos ser anunciadores e testemunhas de vida e de esperança".

O segundo motivo é a celebração dos 80 anos de vida eterna do nosso saudoso Padre Júlio Maria De Lombaerde. Padre Júlio Maria viveu de esperança, que frutificou em obras espirituais e temporais. Deixou-nos um legado grandioso, tanto pelas congregações que fundou quanto por suas construções, sempre visando o bem do próximo, especialmente os mais necessitados, e a evangelização. Esse santo homem é, para nós, exemplo de força, coragem, fidelidade a Deus, amor incondicional a Jesus Eucarístico e devoção sublime a Maria. Modelo a ser seguido. Celebrar os 80 anos da partida para o céu do “missionário que veio de longe” é ver crescer a esperança de tê-lo reconhecido como santo não apenas por nós, seus devotos, mas também por toda a Igreja de Cristo.

Neste tempo de Natal, portanto, deixemos a esperança crescer em nós. Abramos o coração para receber Jesus e sua mensagem de amor: “Eu vim para que todos tenham vida e para que a tenham em abundância” (Jo 10,10). Feliz e santo Natal.

Luisa Garbazza

Dezembro 2024 – Jornal da Paróquia N. Sra. do Bom Despacho

Bom Despacho - MG


quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Beber da fonte

 


Outubro é mês missionário! Tempo forte para lembrarmos nossa missão de cristãos batizados: espalhar o Evangelho. Nós, da Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho, temos o privilégio de pertencermos a uma paróquia missionária, fundada pelo Servo de Deus Padre Júlio Maria De Lombaerde. Esse santo homem, que por aqui passou, deixou suas pegadas, seu carisma, seu jeito eucarístico-mariano de ser, que continua por meio de seus discípulos, os Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora.

Padre Júlio Maria fincou raízes em Manhumirim, onde deixou as marcas, profundas, do grande missionário que foi: um legado riquíssimo, que pode ser confirmado nas obras que construiu e na espiritualidade daquele povo. Por isso é tão significativo para nós, também paróquia sacramentina, visitar aquele lugar. Padre Antônio Otaviano,SDN, já por vários anos, organiza romarias para Manhumirim, a fim de que nosso povo possa conhecer um pouco das obras do Padre Júlio Maria e beber da fonte de sua espiritualidade. A peregrinação acontece por ocasião do Jubileu do Senhor Jesus. Em 2024, foi nos dias 12 a 15 de setembro.

Com seu jeito entusiasmado de ser, Padre Antônio nos conduziu por caminhos que nos propiciaram maior conhecimento da herança religiosa deixada pelo Padre Júlio Maria: visitamos o seminário, o Santuário do Bom Jesus, o mirante do Cristo e o local em que o Padre Júlio Maria sofreu o acidente que resultou na sua morte. Na capela do seminário, tivemos a presença do Frater Felipe Cunha, do Padre André, do Padre Heleno e do Padre Marcos para conversarem conosco e falarem um pouco da vida e obra do Padre Júlio Maria e do Jubileu do Senhor Bom Jesus de Manhumirim.

Padre Júlio Maria, sacerdote belga que chegou ao Brasil em 1912, foi um homem santo, destemido, cheio de fé, preocupado com o povo em suas necessidades, missionário por excelência. Em Manhumirim, onde viveu por 16 anos e ali faleceu em 1944, construiu seminário, colégio, patronato, hospital, abrigo para idosos. Seu maior legado, porém, foi a espiritualidade. Fundou duas congregações religiosas: a Congregação dos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora e das Irmãs Sacramentinas de Nossa Senhora. Por meio dessas congregações, ele nos deixou seu carisma missionário-eucarístico-mariano.

Agradeço ao Padre Antônio a oportunidade de mais essa experiência de fé. Beber da fonte é a melhor maneira de conservar viva nossa admiração por esse santo homem e nos esforçarmos para viver sua espiritualidade no dia a dia. Essa é nossa missão.

Luisa Garbazza

Publicação do Jornal Paróquia N. Sra. do Bom Despacho

Novembro - 2024


sábado, 21 de setembro de 2024

Esperança de vida nova

 


Setembro é mês de alegria e de esperança. Depois de tempos sombrios, frios, ressequidos pela falta de chuva, setembro vem trazer a esperança de novos tempos. A terra se renova, as plantas agradecem e oferecem novos brotos e o colorido das flores, mesmo que a chuva demore um pouco a molhar o chão. Tudo muda. É a primavera que chega, prenúncio de vida nova. Assim também nossa vida espiritual, que, pela graça de Deus, se renova a cada dia.

Setembro chega e nos traz motivos para renovarmos a nossa vida de fé. A Igreja nos propõe, a cada ano, pequenas doses de esperança ao estudarmos um tomo ou outro do Livro Sagrado. É o Mês da Bíblia, que nos propõe um propósito novo a partir da Palavra de Deus. Neste ano, motivados pelo lema "Porei em vós meu espírito, e vivereis" (cf. Ez 37,14), somos convidados a caminhar com o profeta Ezequiel. Como se ansiasse pela primavera na vida do povo de Deus, em sua época, o profeta traz palavras de reprovação para aqueles que andam nos caminhos tortos e, ao mesmo tempo, de renovação, para os que esperam em Deus.

Ezequiel denuncia as injustiças, anuncia o amor e a misericórdia de Deus e chama à conversão. Inspirado por Deus, ele condena a idolatria e a infidelidade. Também fala sobre o castigo que o povo deve sofrer por causa de suas más ações. Ao mesmo tempo, como a primavera renova os campos, o profeta desperta a esperança para consolar aqueles que vivem a perda, o sofrimento e a aflição: os desamparados e os exilados de suas terras.

As profecias de Ezequiel chegam a nós hoje e nos convidam a viver um tempo novo e a acolher um espírito novo, com a certeza de que é o Espírito do Senhor que nos conduz. Somos impelidos a seguir “o Caminho, a Verdade e a Vida” e a arrebanhar os que possam ter se esquecido de Deus.

Esse tempo novo, que nos traz a primavera, enche-nos de esperança, atribuindo novo sentido à vida. Cheios de “brotos”, também em nossa vida, caminhemos, seguindo o convite do Papa Francisco, como “peregrinos de esperança”.

Luisa Garbazza

Setembro 2024


sábado, 10 de agosto de 2024

Deus criou os pais

 



No princípio, Deus criou o homem e o presenteou com a grande dádiva de ser pai.

Pai, você foi escolhido para participar do plano de Deus.

Você, pai, é o princípio de uma nova vida. É colo que protege, mão que afaga.

É presença necessária na educação da família.

Suas pegadas são trilhos que serão seguidos pelos passos de seus filhos.

Você, pai, é farol que ilumina, é voz que aconselha, é seta que indica o caminho e mão que conduz.

Você é o esteio que sustenta e ampara a família.

Ser pai é dom divino. Por isso, conserve a ternura, olhe nos olhos de seu filho, qualquer que seja a idade que ele tenha, para que ele perceba seu olhar cheio de amor. Fale com firmeza, mas com suavidade, para ser ouvido com propriedade. Chegue perto, estenda os braços, ofereça um abraço. Beije com suavidade o rosto do filho amado. Ofereça a Deus uma oração em prol de sua família.

Acima de tudo, que você, pai, seja muito abençoado por Deus, pela vocação que escolheu, e possa receber, hoje e sempre, o beijo, o abraço e o amor dos filhos que Deus lhe concedeu.

Parabéns!

Feliz Dia dos Pais!

Feliz vida em família!

Luisa Garbazza

10-08-2024

Homenagem ao meu pai – Vicente –, ao pai dos meus filhos – Flávio – e a todos os pais neste dia.



sábado, 3 de agosto de 2024

Família e vocação

 


Somos a Igreja Católica, uma Igreja viva, sempre em movimento. Quem participa ativamente da vida da Igreja não fica ocioso, tem sempre algo a celebrar. Fechamos o mês de julho, celebrando o Dia dos Avós com o tema “Na velhice, não me abandones”, inspirado no Salmo 71. Na ocasião, refletimos sobre nossa obrigação de cuidar dos avós e das pessoas idosas, de acolhê-los e de acudi-los em suas necessidades. E logo iniciamos o mês de agosto, mês vocacional, em que há tanto para celebrar!

Não há como falar em mês vocacional sem falar em família, pois é justamente do seio familiar que provêm todas as vocações. Família é ninho, é aconchego, lugar sagrado, abençoado por Deus. É onde são depositados os frutos do amor, da convivência, do desejo do casal em participar da obra da criação. É onde aprendemos a rezar, a acolher os ensinamentos paternos, valores que guardamos pela vida toda. Pelas mãos da mãe, do pai, ou ainda de outro familiar, é que aprendemos o caminho até a igreja, recebemos os sacramentos e assimilamos as verdades religiosas, tão necessárias para nosso amadurecimento na fé. Só então somos chamados à missão vocacional, cada um segundo os dons e carismas recebidos do Santo Espírito.

A Igreja nos convida, neste mês de agosto, com o tema “Igreja: uma sinfonia vocacional”, a celebrar as vocações e a rezar por todas elas: “Pedi, pois, ao Senhor da Messe”.

Rezemos, então, pelos que voltam seu olhar para o bem de todos e, em uma missão difícil e sublime, se doam inteiramente por meio da vocação ao sacerdócio e à vida consagrada.

Rezemos pelos que optam por sair de sua família e formar outra família, ninho de amor, fortalecidos pelo sacramento do Matrimônio.

Rezemos pelos que abraçam uma vocação leiga e contribuem com a formação do povo de Deus por meio da missão na Igreja, como agente de pastoral e participação nos movimentos e serviços.

Celebremos então, com alegria, este mês vocacional e peçamos ao Senhor da Messe: “Enviai, Senhor, operários à vossa messe, pois a messe é grande e poucos os operários”!

Luisa Garbazza

Agosto 2024


sábado, 27 de julho de 2024

Perseverança na fé

 


            Julho é mês de férias, de alegria, de festas folclóricas – extensão do mês de junho. Julho é também mês de férias escolares, júbilo para a criançada, que enche ruas e praças com seu divertido alarido. Alguns pais aproveitam para, também de férias, programar passeios e viagens. A catequese também “fica de férias”. Mas é necessário ter a consciência de que não se tira férias da fé.

Em julho, como em todos os meses, somos convidados a cultivar nossa fé, fortalecê-la por meio de orações e práticas religiosas e concretizá-la em nosso modo de viver e nas obras que praticamos no dia a dia. A participação nos sacramentos e a convivência fraterna são importantes para o fortalecimento de nossa fé: aquela nos aproxima de Deus; esta é a confirmação de que absorvemos a mensagem do Evangelho de Cristo.

            Para perseverar na fé, é importante a vida de oração, seja individual, seja na igreja, na comunidade ou em grupos de reflexão. Para enriquecer nossos momentos de oração, nós, bom-despachenses, fomos agraciados com o “Caminho da fé”, na Rua Cruz do Monte. Além da riqueza histórico-religiosa do Memorial, o “Caminho da fé” oferece-nos a Capela do Senhor Bom Jesus e os caminhos penitenciais da Via-Sacra e da Via Lucis.

A Via-Sacra nos permite percorrer, com Jesus, os caminhos de dor e sofrimento de sua paixão e morte. Igualmente nos solidarizamos com o sofrimento angustiante de Maria, sua Mãe. A percepção e a contemplação de cada cena fazem-nos mais humanos e nos impulsionam a nos sentirmos corresponsáveis pelas mazelas dos sofredores do nosso tempo.

            A Via Lucis nos proporciona a alegria na certeza da ressurreição de Cristo. Acompanhar os passos e os sentimentos de Maria e dos apóstolos, que experimentam, cada vez com mais profundidade, a presença de Jesus ressuscitado entre eles reaviva em nós a certeza de que temos um Deus vivo entre nós.

Aproveitemos, querido leitor, esse espaço sagrado, recém-inaugurado em nossa cidade, para dar vazão às nossas manifestações de fé em qualquer tempo. Tenhamos a certeza de que Jesus nunca tira férias. Ele está sempre a postos, disposto a ouvir nossa oração.

Luisa Garbazza

Jornal Paróquia N. Sra. do Bom Despacho

Julho 2024

terça-feira, 9 de julho de 2024

Bodas de cedro

 


Eu lhe ofereci a minha vida e o meu amor.

Na graça de Deus, nos unimos, e me entreguei a você de corpo e alma.

Como a nobreza do cedro, em sua fortaleza,

passou o tempo, e o amor resistiu.

Hoje, 36 anos depois, eu lhe ofereço novamente o meu amor.

Um amor forte como a madeira, mas frágil como a flor;

amor de primavera, mas com momentos de rigor do inverno;

amor de olho no olho, de carinho e atenção, mas também nos momentos de indiferença e solidão;

amor de alma, de certeza, de esperança, mas com instantes de insegurança e de medo;

um amor de risos, cantos e alegria, mas de tristeza, de lágrimas, de melancolia.

Eu lhe ofereço o meu amor.

Talvez não o amor que você mereça, mas o amor que eu tenho para lhe dar, de todo o meu coração.

E, até quando Deus permitir, eu me entregarei a você, de corpo e alma.

Tomara esse amor possa ainda  continuar a “crescer como o cedro do Líbano”.

Luisa Garbazza

9 de julho de 2024

Ao meu esposo Flávio, celebrando 36 anos de matrimônio.


domingo, 16 de junho de 2024

Tenho sede

  


O poço é fundo:

profunda, a escuridão.

O tormento é medonho!

Em forma de sede,

desarma, aperta, sufoca,

limita a vida.

 

O poço é fundo.

A água se perde na escuridão.

Profunda é a sede

que gela, pesa, paralisa,

tolhe os sentidos.

 

O poço é fundo.

Não há corda.

A água, um brilho fosco,

regrado, tímido, fraco,

desfaz-se em fragilidade.

 

O poço é fundo.

O balde, inútil,

jaz no chão.

O fio de esperança,

já escasso,

seca, como água ao sol.

 

O poço é fundo:

a sede, severa.

No escuro do coração,

o estalo: a luz se fez.

A água jorra pura, cristalina.

Renova a vida.

 

O poço é fundo:

profunda, a abertura.

No tempo da graça,

o destino da água.

Certeira, vence a escuridão,

sacia a sede da alma.

 

O poço é fundo:

profundo, o amor.

Vem de Deus,

ecoa, penetra,

oferece a água da vida,

sem balde, sem corda, sem poço.


                                                                        Luisa Garbazza

                                                                16-06-2024

                                Retiro Espiritual: "Junto ao poço de Jacó".








terça-feira, 11 de junho de 2024

Celebrar o amor

 


Celebrar o amor

Mesmo que as marcas do tempo –

permanentes ou transitórias,

reais ou construídas,

suaves ou profundas –

façam parte da história.

 

Celebrar o amor

Mesmo de olhar caído,

distante, perdido,

cabelos embranquecidos,

passos lentos, inseguros,

sinais no rosto e nas mãos.

 

Celebrar o amor

E, mesmo com as marcas do tempo,

conservar a alegria no sorriso,

o abraço que acolhe,

o riso solto que anima,

o carinho que aquece o coração.

 

Celebrar o amor

Preservar os momentos,

o encontro de olhares,

a mágica  do sentimento

que nos engrandece, nos fortalece,

e dá razão ao viver.

 

Celebrar o amor

Relembrar o passado,

olhar para o futuro, com esperança,

ouvir o coração, que grita, vibra,

impulsiona novos passos,

a dois, na mesma cadência.


Luisa Garbazza

                          Para celebrar o 12 de junho de 2024

sexta-feira, 31 de maio de 2024

Dai-nos a bênção

 




Dai-nos a bênção,

Mãe, nesta hora.

Do Bom Despacho,

Nossa Senhora.

 

De longes terras,

aqui chegastes;

Mãe piedosa,

nos adotastes.

Como patrona,

aqui ficastes;

a esse povo

bem amparastes.

 

Sempre a postos,

de manto e véu,

a nos ouvir,

Virgem fiel.

Trazeis à mão

pena e papel,

a despachar

preces ao céu.

 

De Isabel

compadecestes;

lá em Caná

vos envolvestes.

Por todos nós

Intercedeis;

graças do céu

nos concedeis.

 

Quase dois séculos

de proteção,

com a paróquia

no coração.

A uma só voz,

nossa oração:

a vós, Maria,

só gratidão.

                                                                                Canção popular

                                                                    Letra – Luisa Garbazza

Pelos 190 anos da Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho

                                                                                   Maio de 2022

domingo, 5 de maio de 2024

Presente de Maria

 


Nesse sábado, 4 de maio, participei do “Retiro Espiritual” dos Missionários Leigos Sacramentinos”. Fomos conduzidos pelo Pe. Renato Dutra Borges, SDN, a uma reflexão profunda, à luz da frase do Pe. Júlio Maria De Lombaerde: “O homem é um amor que procura Deus para satisfazer as inclinações da alma; Deus é o amor que procura o homem para nele satisfazer sua necessidade de dar-se”.

Falando desse amor duplo, Deus-homem, falamos também do amor de Jesus e Maria, a senhora do sábado.

Nos momentos de reflexão pessoal, deixei-me ficar em um cantinho do pátio, sob as sombras das árvores e de um grande pé de hibisco, todo florido. Pensando em Deus, sob a luz do Santo Espírito, Jesus e Maria estavam comigo.

Assim passamos a manhã, em silêncio e oração.

No último momento de deserto, ao encaminhar-me para o meu cantinho, percebi que havia uma flor de hibisco bem em cima da minha cadeira. No mesmo instante, meu coração se alegrou. Em alta voz, exclamei: “Ah! Nossa Senhora deixou uma flor para mim!”

Nisso acreditei imensamente. No fundo de minha alma, tenho convicção de que foi Maria quem deixou aquela flor ali para mim. E recebi com muito carinho, carinho de filha. Encerrei meu retiro com a certeza de que recebera a visita de Maria, minha Mãe do céu.

No coração e na mente, vêm as imagens de minha mãe aqui na terra, também Maria, e suas experiências nos retiros das “Oficinas de Oração e Vida”. Ela sempre voltava com histórias da presença de Jesus e contava-as, cheia de amor e fé.

Obrigada, meu Deus.

                                     Luisa Garbazza

                                                        5 de maio de 2024

quarta-feira, 17 de abril de 2024

Aprendizado

 

Somos todos irmãos. Somos a Igreja de Jesus Cristo, o filho de Deus. Como irmãos em Cristo, estamos vivendo, mais uma vez, com a alma em estado de graça, neste tempo de Páscoa. Celebrar a ressurreição de Cristo é, para nós católicos, a certeza da vida eterna, a certeza de que vale a pena ser cristão. Nossa caminhada, ano após ano, revivendo as dificuldades e as alegrias do Cristianismo, é puro aprendizado. Cada celebração nos apresenta algo novo, mesmo que já tenhamos vivido várias vezes. É justamente esse aprendizado que vai nos preparar para nos aproximarmos, cada vez mais, das verdades e do estado de graça que nos levará um dia ao céu.

Um terreno fértil para esse aprendizado é a catequese. Esse tempo de estudo e práticas religiosas é muito importante para a formação das crianças e adolescentes. Não só a formação cristã, mas também de valores que ajudam a moldar o caráter de nossos catequizandos.

No mês de março, mais precisamente no dia 13, presenciei um desses momentos de aprendizado. Eu estava na coordenação da Liturgia, nesse dia, na Igreja Matriz. Preparando para a celebração, vi chegar a catequista Margareth e, aos poucos, seus catequizandos. Era uma turma de terceiro período, que receberão a Primeira Eucaristia ainda neste ano. Iam participar da Celebração Eucarística, e, no final, receber os livros de catequese, que seriam abençoados pelo sacerdote. Encantou-me, naquela turma, o quão atentos estavam à celebração. No momento da homilia, os olhos estavam todos fitos no Pe. Antônio Otaviano, SDN, como se absorvessem cada uma de suas palavras. Com certeza, aquele foi um momento de  muito aprendizado, para eles e também para mim, pois percebi, no olhar de cada um, o encantamento pela Palavra de Deus; no comportamento de cada um, a certeza de que estão sendo muito bem preparados para o momento do encontro com Jesus na Eucaristia.

Então, valendo-nos desse exemplo, que certamente se repetiu com as outras turmas de catequese, aproveitemos este momento em que fortalecemos nossa fé por intermédio da ressurreição de Jesus, para pedir a Ele que nos dê a graça de estarmos sempre em sintonia com seus ensinamentos, seja nas celebrações ou nas horas de estudos; seja nos exemplos que presenciamos ou na vivência de cada aprendizado.

Luisa Garbazza

Abril 2024


sexta-feira, 15 de março de 2024

Somos todos irmãos

 


Mais uma vez, em nossa caminhada de Igreja, vivenciamos a Quaresma. Mais uma vez, somos convidados a olhar para nós mesmos, a refletir e a buscar um jeito novo de viver como filhos de Deus, como irmãos, portanto. Na correria do dia a dia, no entanto, às vezes nos deixamos levar pelas relações por conveniência, ou relações genéricas, sem maior conexão. Por isso, nesse tempo quaresmal, à espera de um tempo novo, na alegria da ressurreição de Cristo, somos convidados a rever nossas atitudes e a olhar, com mais amor, para as pessoas com as quais convivemos ou que cruzam nossos caminhos. “Afinal somos todos irmãos.”

São os irmãos de sangue, nascidos na mesma família, que merecem nosso respeito e nosso carinho, ainda que seja em situações adversas.

São os irmãos de caminhada, os que frequentam os mesmos lugares, os que se sentam ao nosso lado na igreja, os que estão sempre presentes. Merecem o nosso olhar, um cumprimento amistoso, um sorriso, uma ajuda quando solicitada.

São os irmãos que estão nas calçadas e praças de nossa cidade e que, muitas vezes, tornam-se invisíveis aos nossos olhos.

São os irmãos diferentes, seja por doença, dificuldades físicas, classes sociais...

Enxergar além das diferenças nem sempre é fácil. Aliás pode ser muito difícil. Pode até causar estranheza ou desconfiança. Mas é essa a meta de cada cristão, tão propagada pelo Papa Francisco.

É justamente isso que a Igreja nos apresenta como tema para reflexão em 2024. Não basta, entretanto, rezar a Campanha da Fraternidade. É preciso mudar nosso jeito de olhar a realidade que nos rodeia. É preciso enxergar o outro tal qual ele é: um filho de Deus, assim como nós o somos. É preciso ir ao encontro do outro, saber de suas necessidades, ajudar a superar carências e dificuldades, sejam físicas, sociais, morais ou espirituais.

Como somos fracos e pecadores, confiemos na graça de Deus e peçamos a Jesus que nos ajude a cultivar essa boa vontade para “abraçar” o outro, para ver em cada pessoa um irmão, que tem os mesmos direitos, pois também é filho de Deus. Peçamos a Maria, nossa Mãe, que nos olhe com carinho e nos ensine o seu jeito simples de vencer as distâncias, de amar e de servir, sem distinção.

Luisa Garbazza

Março de 2024