segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Mãos estendidas


"Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos." (Mateus 11:25)
Outro dia, eu havia acabado de ler essas palavras de Jesus, quando ouvi algumas pessoas – católicas – comentando sobre a Missa. Entre uma palavra e outra, alguém disse que não ia à Missa, pois era muito repetitiva. “Todo dia a mesma coisa. Até o Evangelho é repetido.” Fiquei a pensar o quão ignorante somos quando se trata das coisas de Deus. A Missa é mesmo repetitiva. Já ouvimos o Evangelho várias vezes e ainda não conhecemos a verdade do Mestre Jesus. Ele vai nos concedendo gotas de entendimento. Cada vez que ouvimos – ou lemos – suas palavras, nossos olhos se abrem para esse ou aquele ponto que estamos preparados para entender.
Um ensinamento de Jesus que precisamos muito compreender melhor é o das mãos estendidas. O mundo precisa muito de braços e mãos estendidas para ajudar o irmão necessitado. Aliás, somos todos carentes, miseráveis criaturas de passagem por esse mundo às vezes tão desumano. Somos necessitados uns dos outros. Aprendamos então a lição das mãos estendidas, ensinada várias vezes por Jesus.
Ao olhar para nós mesmos e para o irmão, percebemos claramente os instantes da vida em que precisamos de ajuda. A criança indefesa, frente ao mundo desconhecido, precisa das mãos de alguém para ajudá-la a dar os primeiros passos, a aprender as primeiras lições de vida, a conhecer o Pai e a Mãe do céu. E há muitas crianças desamparadas, sem ninguém que lhe sirva de amparo, de sustentáculo. Percebemos a urgência em seu olhar: o olhar inocente revela a graça divina; o olhar carente revela a fragilidade humana; o olhar suplicante revela a insensibilidade das pessoas.
E assim, pela vida toda. Também estão esperando mãos estendidas o jovem desorientado perante a vida, sem rumo, sem discernimento, querendo desesperadamente se afirmar como cidadão. O jovem que muitas vezes, diante das cobranças da sociedade, vê-se desanimado, sem perspectiva e se entrega aos prazeres momentâneos que, não raro, deixa consequências. Algumas, irreversíveis, compromete toda sua existência.
Muitas famílias estão perdidas entre as verdades cristãs e aquilo que a sociedade laica mostra como verdadeiro e nos é imposto através da mídia. Estão precisando de braços estendidos, de mãos que auxiliam, de presença, de uma voz que proclama a verdade absoluta, a que aprendemos na Santa Missa através da palavra de Deus. Da mesma forma, encontramos pessoas idosas, que já não conseguem dar os passos sozinhas. Ficam ali, paradas, olhar distante, alheias ao turbilhão de acontecimentos que movem o mundo. Precisam de uma mão caridosa para ampará-las, para mostrar-lhes seu valor como ser humano, como filhos e filhas de Deus.
São muitas as lições. Ainda temos muito a aprender. As coisas de Deus nos são reveladas aos poucos. Se precisamos ir à Missa todos os domingos? Claro que precisamos. Mais que ir à Missa, procurar aprender alguma coisa. Não terá valido a pena se sairmos da igreja sem absorver, uma gota que seja, da palavra de Deus que nos foi dita através das leituras e da fala do sacerdote. Quando estamos preparados, Ele nos abre os olhos para ver suas maravilhas. A Missa é repetitiva sim. E continuará a ser repetida até que todos os seres humanos, sem exceção, tenham aprendido os ensinamentos de Jesus e os colocado em prática. Como nos diz o poeta: “A lição sabemos de cor. Só nos resta aprender.”
Luisa Garbazza
Publicação do jornal "A Paróquia" - agosto de 2018
Paróquia N. Sra. do Bom Despacho


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