A vida é uma caixinha de surpresas: vai se
descortinando aos pouquinhos, revelando sua face oculta, ora bela e sorridente,
ora de cara fechada. Aos poucos vai traçando nossos passos, bordando nossos
sonhos, alinhavando nosso futuro. E, a despeito de qualquer engano ou
desengano, queremo-la bem vivida. Queremos achar graça em nossa existência,
encontrar a essência da vida. Para viver com graça e buscar a completude,
necessitamos de Deus e das pessoas. É em Deus, através do outro, que conseguimos
encontrar o sentido da vida. Cada pessoa que passa por nossa vida tem seu papel
predestinado. Precisamos acolher o irmão e descobrir algo bom em todos os que
cruzam nossos caminhos.
Nos encontros desta vida, há as pessoas que apenas passam
por nós. Às vezes estão tão próximas, mas é como se nem as notássemos. Não trazem
nada, não pedem nada, ficam alheias à nossa presença. Nada que façamos vai
proporcionar o verdadeiro encontro. Ficam ali, por meses, anos até, e nada
acontece. Depois, da mesma forma que chegaram, vão-se embora. Assim como não
permitiu que notássemos sua presença, também a ausência passa despercebida.
Há as pessoas que se aproximam com tamanho barulho,
que enchem o ambiente. Falam muito, riem alto, fazem palhaçada. O que querem
mesmo é chamar a atenção. Em pouco tempo, ficam “amigas” de todo mundo. Todas
as pessoas as conhecem. São muito populares, querem mandar e desmandar. Mas é
tudo mecânico demais. Há um barulho excessivo. Isso impede a aproximação. Não
há como ficar pertinho, aprofundar os sentimentos, criar laços.
E há as pessoas que chegam como se fossem anjos,
com sua presença discreta e agradável. Falam baixo, sem exageros, ouvem muito,
sorriem com os olhos. Mesmo a uma pequena distância, chegam tão perto que nos
envolvem completamente. Sabem se fazer presente sem se impor: mexem com nossos
sentimentos, cativam nosso bem querer, tornam-se indispensáveis.
Uma dessas pessoas anjo que conheci atualmente
chama-se André. Melhor dizendo: Padre André, Missionário Sacramentino de Nossa Senhora.
Encontrei-o, brevemente, em Manhuaçu, em setembro de 2017. Agora o recebemos em
nossa paróquia. Chegou de mansinho, quase deslizando, tão leve são seus passos.
Demonstrou uma humildade tão grande! Não falou alto, não se impôs, não fez
barulho. Quando falou, durante a celebração de acolhida, foi com propriedade,
de forma suave e forte ao mesmo tempo. Tocou-me o coração. No momento da
consagração, deu-me a impressão de que estava muito pertinho de Jesus,
repetindo suas palavras, tão necessárias para nossa fé. Em sua fala, no final da celebração, pude
perceber sua vontade enorme de anunciar Jesus, de expandir o Reino de Deus, de
se aproximar do irmão, seja ele quem for.
Depois da Missa, conversando com outras pessoas,
compreendi que haviam percebido a mesma coisa. Um falava, o outro comentava, alguém
fazia gestos de impaciência por não encontrar as termos certos, mas não
conseguimos traduzir em palavras o que estávamos sentindo. Soubemos apenas que
o Padre André era diferente.
Nos outros momentos de convivência, fui percebendo
que não havia me enganado. Em todos os lugares onde o encontrei, suas atitudes
eram as mesmas: de proximidade, carinho com as pessoas, de humildade. A leveza
em suas palavras nos faz entender tudo com mais sentimento. E o gesto de ir ao
encontro do outro faz com que o vejamos como verdadeiro discípulo de Jesus e do
Padre Júlio Maria.
Dizem que a primeira impressão é a que fica. Essas
foram minhas primeiras impressões sobre o Padre André: alguém que traz consigo
a marca do “amar ao próximo como a si mesmo”, alguém comprometido com a missão,
alguém de quem me aproximo com a impressão de que já o conheço há muito tempo. Tomara
eu não esteja enganada e nossa paróquia tenha sido mesmo agraciada com essa
pessoa de Deus, abençoada por Maria, cumprindo sua missão sob a intercessão do
Servo de Deus Padre Júlio Maria. Hoje e sempre, seja muito bem-vindo, Padre
André.
Luisa Garbazza
Jornal Paróquia Nossa Sra. do Bom Despacho.
Março de 2018
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